Não tente inovar durante a prova.

Tentar inovar em redação
numa prova 
é uma péssima ideia.

Alguns estudantes que pretendem participar do Enem no próximo mês me perguntaram o que podem fazer para inovar nas redações. Eles conhecem histórias de estudantes que fizeram "algo diferente" em redações em provas anteriores e "se deram bem". Meu conselho segue abaixo.

O mapa e o globo que aparecem no cabeçalho são fornecidos pelo site Revolver Maps. Eles mostram onde está a maioria dos leitores do Redafácil no Brasil e em mais de 50 países. Para ver os dados em detalhes, clique sobre o mapa. Você verá que este blog é acessado por pessoas em quase todos os estados do Brasil e em várias cidades de mais de 50 países. São cerca de 800 leitores por dia e, segundo o Revolver Maps, muitos deles acessam o Redafácil enquanto estão em seus ambientes de trabalho. 
Por que alguém em seu local de trabalho estaria acessando um blog sobre dicas para redação? As razões podem ser muitas, mas uma delas é a busca de novas ideias para melhorar a comunicação interna e externa através da escrita. Ou seja: querem saber como inovar em suas redações para facilitar a comunicabilidade no âmbito do trabalho. De fato, há neste blog várias dicas para isto.
Os estudantes, porém, devem observar o seguinte: se os mais experientes estão buscando dicas para inovar em suas redaçõces enquanto trabalham, os não tão experientes devem evitar riscos. Você já deve ter ouvido histórias sobre participantes do Enem e de vestibulares que foram bem sucedidos em suas redações mostrando conhecimentos sobre assuntos diversos do tema sugerido ou usando palavras e expressões incomuns. Não acredite nessas histórias, pois não são verdadeiras.
No Enem e nos vestibulares, as redações servem para, entre outras coisas, revelar se os estudantes estão bem informados sobre o tema proposto. A menos que o autor da redação mostre em seu texto alguma relação entre outro assunto e o tema proposto, a abordagem de outros assuntos causará a impressão de que ele está fugindo do tema. Isto causará muitas perdas de pontos. 
O uso de palavras e expressões diversificadas é importante. Isto é necessário para evitar repetições de palavras em demasia. Entretanto, não tente demonstrar conhecimento de palavras e expressões pouco usadas por outras pessoas, pois parecerá esnobismo. Use palavras e expressões que tenham relações com o tema.

A Sequência Correta das Palavras

O exemplo acima mostra,
de forma simples, 
a necessidade da sequência correta.
Ilustração do Arquivo Google. 

Nem sempre

podemos escrever as palavras

na sequência que quisermos.

Num artigo publicado num blog que às vezes eu acesso, está escrito: "A melhor cadeira para pôr no carro de bebê". Isto dá ao leitor o direito de perguntar por que e como alguém colocaria uma cadeira num carro de bebê. 

Vocês sabem que "carro - ou carrinho - de bebê" é aquele objeto com rodinhas no qual se põe um bebê para levá-lo num passeio. O artigo é sobre uma cadeira para acomodar um bebê num automóvel, mas aquela frase, na forma como está escrita, parece referir-se a uma cadeira a ser colocada dentro de um carro de bebê. Se o artigo fosse uma redação feita numa prova, o autor teria perdido pontos.

Isto comprova, mais uma vez, que muitas pessoas ainda não dão a necessária atenção ao fato de que, num texto, não se pode posicionar as palavras como se quiser. Alguns leitores entenderão a mensagem, mas nem todos. Como diz um ditado, o que vale é o que está escrito, não o que a pessoa quis dizer. A forma mais adequada é: "A melhor cadeira de bebê para você pôr no seu carro."

Redação Revela Nível Cultural

O acúmulo de conhecimentos
é relacionado ao nível de cultura.

Um dos principais objetivos das redações no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) é medir o nível de conhecimentos gerais dos estudantes. Isto significa também que outro dos principais objetos é mensurar o nivel cultural dos mesmos estudantes. Isto porque o nível cultural do aluno é um dos principais fatores que o levam a ter interesse por estar sempre bem informado sobre assuntos importantes. 

Por isto, os estudantes têm o direito e a obrigação de aprender o que é cultura e os professores de Língua Portuguesa têm a obrigação de lhes ensinar. No Brasil, costuma-se relacionar a cultura com eventos musicais, cinema, teatro e outras atividades artísticas. Entretanto tais atividades são apenas uma pequena parte do imenso conjunto que compõe a cultura. 

Dizem que a palavra "cultura" tem vários significados. Na verdade, tem várias definições que levam a um mesmo significado. "Definição" e "significado" são coisas diferentes. A definição é a explicação, em poucas palavras, que nos leva a entender o significado. Veja os exemplos disto em cada palavra que você encontra num dicionário. O significado é a conclusão da definição. 

Atualmente a definição mais aceita para "cultura" é a do antropólogo inglês Edward Burnett Taylor (1832-1917): cultura é todo o conjunto de conhecimentos, crenças, artes, aspectos morais, leis, leis, costumes, hábitos e capacidades adquiridos por um ser humano como membro da sociedade. 

Há mais de 100 conceitos relacionados à cultura. De uma forma ou de outra todos levam à mesma conclusão à qual nos direciona a definição dada por Taylor. A ela, une-se a do antropólogo norte-americano Clifford James Geertz, que é mais uma descrição de como a cultura é manifestada do que propriamente do que é a cultura. Ele se refere a um padrão de significados transmitidos historicamente, representados por símbolos num sistema de concepções herdadas e expressas simbolicamente. Entre esses símbolos estão os gráficos (letras, palavras, pontuação, etc.), os quais são usados nas redações. 

Estude Direitos Civis e Direitos Políticos

Quem sabe mais
sobre direitos civis e políticos
tem mais chances
de obter as melhores notas.

"Estudante" é uma pessoa que estuda ou precisa estudar. "Estudar" é se preparar para a vida. Isto significa que não basta estudar apenas as disciplinas escolares. O que se aprende nas escolas são apenas bases para o que é preciso aprender na vida. É por isto que diz um ditado que "a verdadeira escola é a vida". É também por isto que os temas propostos para redações no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares são sempre relacionados a problemas sociais ou assuntos políticos. 

Esta é uma forma de verificar o que os estudantes sabem, por exemplo, sobre seus próprios direitos. Afinal, os temas propostos sempre são, de alguma forma, relacionados a direitos civis ou políticos ou a ambos os tipos de direitos. 

Os direitos civis e políticos estão dentro de uma área chamada "direitos humanos". São direitos à vida, à liberdade, à propriedade privada, à liberdade de expressão, de crença, etc. No Brasil os direitos políticos são determinados pela Constituição Federal (veja-a aqui). Na própria Constituição, você verá que muitos direitos políticos são também civis.

É importante saber que "liberdade de expressão" é o seu direito de expressar suas ideias e opiniões sobre o que quiser. Isto não lhe dá o direito de expor palavrões ou ofensas numa redação. Não se deve confundir "expressar o que quiser" com "expressar-se como quiser". Como o direito de cada pessoa não pode interferir nos direitos de outra, cabe a cada uma delas respeitar seus próprios limites. 

Entre os direitos civis, há o econômico, os direitos ao trabalho, à educação, à saúde, à previdência social, à moradia, à distribuição de renda, etc. Alguns são individuais, outros são coletivos (extensivos à família, aos moradores de um bairro, aos habitantes de uma cidade, ao povo do estado ou do país, a estrangeiros, etc.). Entretanto, é importante que os estudantes estudem sobre todos os tipos de direitos tanto quanto possível. Aprender nunca é demais. Não apenas para obter boas notas em redação, mas para facilitar as formas corretas de enfrentar problemas futuros.

A Logística das Redações

A logística
não é exclusividade
da administração.

Em administração, a logística é aplicada na promoção de recursos e informações importantes para as atividades de uma empresa. Entretanto, não se trata de ums exclusividade empresarial ou administrativa. "Logística" é qualquer estratégia para organizar todos os detalhes para conseguir um objetivo. Por exemplo: quando você organiza as ideias e as informações a serem incluídas numa redação. 

Se você está lendo este blog para obter orientações psra fazer uma redação, já está reslizando uma etapa da logística para a sua redação. Outras etapas virão até você concluir o produto final: a redação. Em administração, a logística é a parte do gerenciamento da cadeia de abastecimento em que são planejados o fluxo e o abastecimento eficientes e econômicos de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos finais (os produtos já prontos para serem distribuídos no comércio). No caso de uma redação, a "matéria-prima" é o tema proposto, os "materiais semi-acabados" são as informações que o autor possui para incluir no texto e o "produto final" será a própria redação quando estiver terminada. 

Inicialmente a palavra "logística" tinha sentido estritamente militar. Referia-se à organização da disposição, do transporte e do abastecimento de tropas em operações militares. Mantendo-se o significado de organização minuciosa, atualmente se refere à organização de praticamente tudo na vida. Quando me refiro à logística da redação, refiro-me à organização detalhada do texto. Portanto, uma pequena noção de linguística ajuda muito a quem quer conseguir uma nota 10 em redação. 

Princípios Básicos da Redação

 

"Pronúncia"
é o som de uma palavra.
A forma como ela é escrita
é "grafia".

No Brasil, a carência por melhores ensinamentos sobre redação é tão grande que há pessoas que procuram um blog sobre redação para saber qual é a pronúncia correta de uma determinada palavra. Uma blog sobre redação é um espaço destinado a orientações sobre escrita. Pronúncias são sons emitidos através da fala. 

Uma pessoa enviou ao Redafácil uma pergunta, querendo saber qual é a pronúncia correta de uma determinada palavra. Queria saber se era com "sc" ou "sk" numa das sílabas. Pareceu-me que essa pessoa queria saber qual é a grafia correta.

Se há pessoas que confundem "grafia" com "pronúncia" ou que só se pode dar exemplos de pronúncias pronunciando (ou seja, falando), é fácil perceber que essas pessoas ainda não entenderam quais são os princípios básicos das redações. É verdade que nem sempre os professores deixam claro para os alunos o que é uma boa redação. Isto leva os próprios estudantes a ter suas próprias conclusões, e obviamente muitas delas são equivocadas. 

Para alguns estudantes, uma boa redação é aquela escrita corretamente sob os pontos de vista ortográficos e gramaticais. Para outros, basta que os leitores entendam o que eles escrevem. O que eles precisam entender é que uma boa redação é aquela que desperta o  interesse do leitor. Portanto, o texto tem que estar correto ortograficamente e gramaticalmente. No entanto, isto não basta.

O autor do texto tem que ter certeza de que as informações que ele exporá no texto são verdadeiras. É importante que cite as origens dessas informações. Além disto elas não podem ser colocadas no texto aleatoriamente. Precisam ser dispostas numa ordem que permita que o fim de cada parágrafo revele ao leitor que virá uma sequência, uma continuidade no próximo. 

Para ver como isto é feito, basta prestar atenção aos parágrafos deste texto. Observe que "escrever com clareza" significa escrever corretamente, adotando rigorosamente as regras, as ortográficas, pois o objetivo destas é facilitar a criação da linha de raciocínio que deve ser seguida pelo leitor. 

A Importância da Redação nas Provas

As redações nos vestibulares,
no Enem e nos concursos públicos
são indispensáveis. 

Escrever corretamente
é uma obrigação de todos.

A ideia de excluir a redação nos vestibulares foi uma das piores que alguém poderia ter. Felizmente tal possibilidade já está afastada. O ato de redigir é algo que será sempre muito importante na vida de qualquer pessoa. Portanto, a exigência quanto à redação em qualquer tipo de prova, inclusive vestibulares, Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), etc. não semente deve continuar existindo como precisa ser cada vez mais rigorosa. Afinal, em sua vida profissional e como cidadão ou cidadã, o aluno ou a aluna terá que fazer muitas redações. Eis aí a razão do máximo rigor contra os erros ortográficos e gramaticais cometidos nas redações. Escrever corretamente é uma obrigação de quem quer ser entendido por quem lerá seus textos. Demonstrar ser uma pessoa bem informada também será outra obrigação que toda pessoa precisará comprar muitas vezes na vida. Portanto as duas coisas são obrigações de todos.

Para isto, além de estudar a gramática assiduamente, os estudantes precisam ler diariamente sobre todos os assuntos possíveis. A leitura é muito importante tanto para enriquecer seu conteúdo de informações constantemente quanto para melhorar a escrita. Isto significa melhoria na capacidade de se comunicar, pois a deficiência em redação comprova a deficiência também na comunicação oral. 

Por estas e muitas outras razões citadas em vários artigos no Redafácil, chega-se à conclusão da eliminação das exigências sobre redações em qualquer tipo de provas seria o cúmulo do absurdo. A capacidade de redigir bem comprova a capacidade de raciocínio lógico. A redação revela a habilidade para a formação de uma sequência lógica para a linha de raciocínio - um quesito básico que a própria vida exigirá muitas vezes. 

A Deficiência na Linguagem Redacional vem da Deficiência Pedagógica

Este artigo

é uma continuação

do anterior.

Quando tentam fazer redações, as principais dificuldades dos alunos de ensino médio no Brasil são provenientes da deficiência de aprendizagem no ensino fundamental. Essa deficiência é claramente notada na incapacidade de domínio da linguagem. A linguagem é uma capacidade adquirida a partir do momento em que a criança começa a tentar pronunciar suas primeiras palavras. Sem uma orientação pedagógica adequada já no ensino fundamental, essa criança adquirirá muitas dificuldades para se comunicar corretamente. Saber escrever e pronunciar as palavras com significados corretos não é suficiente. Renata Mousinho e Evelin Schmid nos explicam as razões disto.

Renata é fonoaudióloga, doutora em linguística e professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Evelin é fonoaudióloga e mestra em linguística da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro. Ela e outros especialistas desenvolveram um estudo que revelou que o desenvolvimento da linguagem sem a devida orientação pedagógica desde o princípio traz obstáculos como esses que se revelam nas redações no Enxame Nacional de Ensino Médio (Enem) todos os anos: o aluno tem a ideia exata sobre o que dizer a respeito do tema proposto, mas não sabe como colocar essa ideia no papel. 
É exatamente isto que se percebe quando a maioria dos estudantes de ensino médio envia ao Redafácil pedidos sobre orientações para argumentar suas ideias nas redações. Eles sabem que a argumentação é importante mas não sabem como expô-la no texto. Em outras palavras: seus professores lhes dizem o que devem fazer mas não lhes ensinam como fazer. Esses professores  não estão cumprindo uma das principais obrigações dos professores de Língua Portuguesa: ensinar aos alunos a maneira mais adequada de dar sustentação às suas próprias opiniões nas redações. 
Renata e Evelin explicam que o uso da linguagem é o uso de símbolos linguísticos associados entre si em estruturas padronizadas. Em artigos anteriores, escrevi sobre esses símbolos e essas estruturas. De qualquer forma, isto quer dizer que, nas nossas redações, podemos dizer o que quisermos, mas nem sempre como quisermos. Mais uma vez comprova-se que cabe ao professor ensinar ao aluno a adaptar sua linguagem ao que o tipo de redação que o aluno tiver que fazer exigirá. É claro que cabe ao aluno fazer o que for preciso em seu próprio benefício: ler muito, escrever muito, pesquisar muito sobre os assuntos mais importantes, etc., mas o professor não pode deixar de cumprir suas obrigações. 

Detalhes Importantes sobre Linguagem em Redações

Muitos professores
destacam a importância
da linguagem,
mas não explicam
detalhes importantes da linguagem.

No Brasil, quando ensinam seus alunos a redigir, os professores sempre lhes dizem que é necessário usar uma linguagem adequada psra a finalidade da redação. Entretanto, nem sempre ensinam aos alunos alguns detalhes importantes sobre a linguagem. Frequentemente dizem que as redações precisam ser concisas, sucintas e claras, mas não explicam que a linguagem não é apenas um sistema de comunicação entre as pessoas.  Não explicam, por exemplo, que num mesmo idioma há vários tipos de linguagem. 

Os alunos mais interessados certamente pesquisarão profundamente o assunto, mas ainda assim o professor precisa lhes ensinar esses detalhes. Um deles é o fato de que a linguagem ocorre por meio de duas maneiras básicas. Numa delas a linguagem é a capacidade de cada pessoa usar sistemas complexos de comunicação. Na outra, é um sistema de comunicação específico para cada caso ou cada redação. Em redações como as exigidas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), a linguagem é específica para cada caso porque o aluno tem que escrever sobre um determinado tema. Para isto ele precisará estar a par do assunto proposto e usar a forma mais adequada de se expressar corretamente, usando as palavras e expressões mais propícias. Nesse processo de linguagem incluem-se valores sociais e culturais, a expressão da identidade e a expressão da unidade numa comunidade. Neste caso pode-se entender por comunidade um determinado grupo de pesvsoas ou toda uma sociedade.

Obs.: este assunto terá continuidade na próxima postagem.