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domingo, 15 de abril de 2012

Metáforas, Linguagem Figurada e Sentido Figurado

Muitas pessoas 
costumam confundir 
cada uma dessas três coisas 
com as outras duas. 
Porém, 
existem diferenças muito importantes.

No artigo anterior, lembrei que ao dizer que a Bíblia "fala" por metáforas, já está usando uma metáfora. Muita gente interpreta isto como "sentido figurado" ou "linguagem figurada". Porém, para a produção de uma redação de bom nível na qual o autor possa ou pretenda utilizar tais recursos, é necessário considerar a importância das diferenças entre as três coisas.
No caso das metáforas, é preciso, em primeiro lugar, verificar se seu uso é adequado para o tipo de redação que se queira produzir. Em caso de dúvida quanto a isto, é melhor evitá-las. A metáfora precisa estar de acordo com a necessidade da ênfase à ideia que ela representará, e tem que ser empregada com absoluta clareza e objetividade. Não pode ser fora do comum nem ser desenvolvida demais. Além disto, é preciso ter o cuidado de evitar, dentro de um mesmo pensamento, o uso de duas ou mais metáforas que, para o leitor, possam parecer contraditórias. Também deve-se observar que a metáfora não pode coincidir com uma parte do texto, considerando um ou alguns parágrafos; precisa estar de acordo com toda a ideia contida na redação.
Os melhores exemplos de metáforas são aqueles que usamos na nossa própria maneira cotidiana de falar. Geralmente elas representam comparações. Exemplos: 
- Aquela lagoa tem uma água cristalina.  
A metáfora indica que a água é muito limpa, transparente como um cristal.

- Para mim, isto está claro como a luz do dia.
No primeiro exemplo, a metáfora é apenas uma palavra:"cristalina". No segundo caso,  é toda a expressão "claro como a luz do dia", dizendo que isto (um plano, uma intenção, etc.) está bem nítido. 

Já estamos todos muito familiarizados com as metáforas que usamos na linguagem corrente, e por isto é fácil observá-las como exemplos. Numa redação, porém, é preciso lembrar que há casos em que as metáforas já muito utilizadas na literatura banalizam o texto, contribuindo para a perda do valor de seu conteúdo. É o caso, por exemplo, de "manto negro da noite", "na calada da noite", "tinha a força de mil cavalos", "víbora" ou "cobra venenosa" (pessoa má, traiçoeira), etc. 

Sentido Figurado e Linguagem Figurada

"Linguagem figurada" é a utilização de uma palavra ou uma expressão dando à mesma um significado secundário além do significado habitual. Nós a utilizamos muito na nossa linguagem diária, e na maioria das vezes nem percebemos isto. É um recurso que torna a linguagem oral ou escrita mais clara, mais expressiva. 
A linguagem figurada é também conhecida como "tropo". A "figura" - isto é, o sentido que se quer dar - tanto pode ser formada pelo uso de uma palavra como pelo de várias palavras que formam um pensamento completo. A diferença entre "linguagem figurada" e "sentido figurado" é que "linguagem" é o recurso utilizado na fala ou na escrita, e "sentido" é o significado transmitido através desse recurso. Em resumo: "sentido figurado" é a ideia que resulta da "linguagem figurada". Exemplos:
- O céu parece se espreguiçar quando anoitece. 
- O sol domina o céu durante o dia. 
Portanto, embora "linguagem figurada" e "metáfora" não sejam a mesma coisa, há  linguagens figuradas que são também metáforas. Este é o caso dos dois exemplos citados acima. Entretanto, se eu disser, por exemplo, que vi "alguns pássaros se perderem por trás das árvores", estarei tentando dizer que, depois que os pássaros voaram por trás das árvores, não consegui mais vê-los, e não que eles se perderam. Neste caso, o recurso que utilizei foi uma linguagem figurada, mas não uma metáfora.