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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Uma piada antiga que nos faz refletir

Por que dizemos que
alguém "se suicidou"
se o suicídio 
só pode ser praticado
contra quem o pratica? 

O aluno pergunta ao professor:
- Professor, uma pessoa pode ser punida pelo que não fez?
O professor responde:
- Ora, claro que não!
O aluno diz, então:
- Então não posso ser punido por não ter feito o dever de casa. 

Esta piada é velha, ingênua e é relembrada mitas vezes em shows humorísticos infantis na TV, mas traz em si uma coisa que deveria despertar as atenções de quem a ouve: as diferentes interpretações, por parte de quem as ouve, que podem ocorrer em relação às expressões que utilizamos no nosso dia a dia. Dizer que uma pessoa não pode ser punida pelo que não fez não é exatamente um erro, mas a ideia que desejamos transmitir com essa informação se torna mais explícita se nos expressarmos, por exemplo, da seguinte forma: "Não se pode punir uma pessoa por algo que não é de sua responsabilidade", ou "pelo que não foi causado por ela", ou ainda "pelo que foi feito por outra". 
Usamos muitas formas de nos expressarmos que, embora consideradas ou simplesmente aceitas como corretas, não somente podem ser interpretadas de forma diversa da que desejamos como também parecem não fazer sentido. Por exemplo, estamos muito acostumados a ouvir pessoas dizerem que alguém está correndo "risco de vida" quando na verdade a pessoa está prestes a morrer - ou seja, está correndo risco de morte. Se a pessoa estiver correndo risco de vida, na verdade isto significa que ela tem excelentes chances de permanecer viva, não de morrer. 
E quanto a "suicidar-se"? Qual é a função da partícula "-se" neste caso, se toda pessoa que comete suicídio só pode cometê-lo contra si mesma? A história nos ensina que Santos Dumont "se suicidou" após saber que aviões começavam a ser utilizados para bombardeios em guerras. Se ele "se matou". justifica-se o uso do pronome reflexivo "se" porque uma pessoa pode matar outra. Mas "suicidar" já é um verbo que significa "matar a si mesmo(a)". Entretanto, numa prova do vestibular ou de um concurso público, o candidato tem que escrever "a pessoa se suicidou..." porque, caso contrário, perderá pontos. 
Entretanto, a situação desse mesmo pronome possessivo é muito diferente numa frase como, por exemplo, "Alexandre, o Grande, referia-se a si mesmo como um rei muito poderoso." Poder-se ia dizer "Alexandre se referia como um rei muito poderoso", mas o uso da partícula "-se" acrescida por "a si mesmo" é uma redundância proposital simplesmente para dar maior ênfase ao que se quer transmitir através da frase. Enfim... Coisas da língua portuguesa.