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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Professores Não Ensinam Detalhes Importantes em Redação

Foto: Info-Enem
Estudantes dizem
que os professores
não lhes ensinam
a argumentar. 
É claro que há exceções, mas infelizmente
parecem ser exceções mesmo.



Através de perguntas que muitos estudantes enviam ao Redafácil, é fácil perceber que isto realmente acontece. Quando eles me dizem que têm dificuldades para argumentar e me explicam quais são as principais razões dessas dificuldades, percebo que eles não sabem o que são dissertações, argumentos e argumentações.  Por isto, quando li uma matéria no "Guia do Estudante" informando que a pedagoga Noemi Lemes disse que as escolas não preparam os alunos para escrever textos dissertativos-argumentativos, isto não me causou surpresa. 
A matéria foi publicada no Guia do Estudante no dia 3 de março de 2014, mas as perguntas que chegam a mim sobre dissertação e argumentação são em número preocupantemente grande. O pior é que muitos confundem "argumentação" com "argumento". O pior, mesmo, é que a importância de saber defender um ponto de vista através de uma redação não é importante apenas para obter  boas notas em vestibulares e no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), é importante para muitas situações que surgirão ao longo da vida. 
É tão fácil explicar as três coisas. Comecemos pelo argumento, que é uma afirmação acompanhada por uma justificativa ou uma justaposição ou comparação entre duas afirmações opostas. No primeiro caso, é um argumento retórico. No segundo, um argumento dialético. De qualquer forma, o mais importante é saber que qualquer argumento contem uma ou várias declarações, proposições ou premissas acompanhadas de uma conclusão.
A argumentação é uma organização de ideias ou de informações com características próprias que a diferenciam de outras formas de organizar um discurso, como a narração, a descrição e a explicação. A argumentação visa a negociação de argumentos a favor ou contra um ponto de vista para facilitar a conclusão. Portanto, "argumentar" é refletir sobre o que era uma certeza mas pode ser algo discutível.
A dissertação é um texto em prosa cujo assunto deve ser exposto por meio de argumentos, provas, exemplos e propostas. A tese é um exemplo de dissertação, mas neste caso se diferencia pelo vasto volume de material, pois exige-se que a exposição seja feita em mais de cem páginas. Uma dissertação que não seja uma tese pode ocupar de uma a cem páginas. Numa dissertação podem - e, segundo cada caso, até devem - ser incluídas descrições, narrações e comparações. No caso das redações exigidas no Enem e nos vestibulares, o texto dissertativo é bem simples, composto apenas por três etapas:

  1. Introdução: apresentação da ideia principal.
  2. Desenvolvimento: a parte em que se deve desenvolver o argumento.
  3. O resumo das ideias discutidas. É o final do texto. 
A dissertação é expositiva quando o texto é explicativo, mas sem a intenção de convencer o leitor, debater, polemizar ou confrontar opiniões. É argumentativa quando o autor tenta convencer o leitor sobre algo com base em raciocínio e no que ele supõe ser evidências. A dissertação argumentativa tem a função de não permitir que o leitor tenha sua própria conclusões. A expositiva apenas expõe ideias ou fatos, deixando a conclusão por conta do leitor. 
Por falar em conclusão, concluo este artigo com um recado para os alunos de ensino médio e para os professores de Língua Portuguesa:
As escolas deveriam tornar  tornar obrigatório o ensino sobre dissertação, argumentação, argumento e sobre tudo que se refere a redação, às técnicas e aos tipos de redação. Porém, o professor não tem que esperar que as escolas determinem essa obrigatoriedade. Eles mesmos podem e devem assumir a iniciativa de praticar esses ensinamentos. Quanto aos estudantes, cabe a eles, os principais interessados nisso, exigir isto dos professores e das escolas.