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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

11 - O ensaio

O ensaio é uma das variedades de escritos científicos. A diferença em relação aos outros é que, no ensaio, desenvolve-se uma proposta pessoal sobre o assunto. A redação deve seguir os mesmos critérios da monografia, porém mantendo-se direcionada a uma proposição original.  Portanto, a técnica redacional do ensaio é um mixto entre as técnicas da monografia e da tese.
Por ser um tipo de redação que requer uma forma elaborada de linguagem (linguagem científica, por exemplo), o ensaio pode ser considerado como uma forma literária. 
Segue abaixo um exemplo de ensaio.

Magnetismo animal de novo?

Nas últimas décadas do século XVIII, em Paris, Franz Anton Mesmer tratava com doses  maciças de "magnetismo animal" uma clientela em que predominavam mulheres jovens (e bonitas) acometidas de doenças dos nervos. Segundo a descrição de Collin Wilson em "O Oculto", o Dr. Mesmer entrava na sala de tratamento com sua bata lilás, nas mãos um ímã comprido que ia apontando para as pacientes à sua passagem. Dirigia-se para a sala ao lado e punha-se a tocar um piano magnetizado. Os pacientes formavam uma corrente -  alternando-se entre homens e mulheres - e comprimiam as coxas para aumentar o magnetismo. 
Em pouco tempo as pessoas começavam a sofrer convulsões e caiam ao chão. Como a força do magnetismo era ativada pelas mãos, e como as coxas representavam uma área bastante sensível, não faltavam oportunidades para que os pacientes testassem seu magnetismo animal uns com os outros - tudo em nome da ciência médica, evidentemente. 
Formado em medicina pela Universidade de Viena, Mesmer teve sua carreira liquidada após ter sido desmascarado e repudiado pela Academia de Ciências. Faleceu esquecido, com mais de 80 anos. A expressão "magnetismo animal", introduzida por ele no complicado vocabulário médico da época, também caiu no descrédito e no abandono. (...)
Admitem-se hoje dois mecanismos básicos: (a) a presença de material magnético biomineralizado no interior de células do organismo, que ficam por isto sujeitas à ação do campo magnético terrestre, como ocorre com as bactérias magnetotácticas,; e (b) a detecção do campo geomagnético a partir de alterações do fluxo do mesmo (lei de Lenz), como se dá com os tubarões. (...)

O texto citado no exemplo é muito longo, daí porque escolhi apenas alguns trechos. Seus autores são Darci Motta S. Esquível e Henrique Lins de Barros, cientistas do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CNPq). O ensaio, publicado na revista "Ciência Hoje" no. 30, informa não somente as origens do processo chamado "magnetismo animal" como também expõe claramente as opiniões dos dois autores contra sua eficácia. Observando-se a linguagem utilizada - embora possa ser entendido por leigos, o texto contém muitos termos científicos - percebe-se que se trata de um ensaio literário. 

A seguir: "A correspondência comercial"