segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Teste para Escrever Melhor

Eis um teste fácil
que você pode fazer
em casa.

Faça de conta que você está iniciando uma redação. Porém, escreva apenas duas ou três frases. Em seguida, leia o que você escreveu falando. Assim você ouvirá as pronúncias das palavras e das frases que você mesmo(a) escreveu. Isto lhe ajudará a construir as frases ideais psra a sua redação. 
Quando você pronuncia a frase que você escreveu, percebe que, embora cada palavra tenha seu significado, isoladamente ela perde seu valor. Ela precisa estar unida de forma ordenada às outras palavras para formar a mensagem. 
Isto fará você perceber que a verdadeira principal unidade da fala é a frase. Consequentemente ela é também a verdadeira unidade principal para uma comunicação através da redação. Isto lhe ajudará na escolha das palavras mais adequadas, já que a frase os sons na frase revelam as relações entre as palavras por meio de seus acentos principais e secundários. 
Os acentos aqui mencionados não necessariamente os representados graficamente (agudo ou circunflexo). Refiro-me aos sons que destacam segmentos da frase quando você a pronuncia. Exemplo:

- Todos os dias esse fato se repete.

A pronúncia destaca três segmentos:

- Todos/os dias/esse fato/se repete.

Porém, se você impor certa aceleração à pronúncia dos dois primeiros segmentos ("Todos os dias"), perceberá um enfraquecimento na tonicidade de "dias". Isto a torna secundária, subordinada à palavra "todos". Porém o segmento "todos os dias" não teria sentido sem a presença de "esse fato se repete". Conclusão: numa frase não há elementos principais ou secundários; todos são igualmente importantes. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

As Diferenças e as Relações entre a Língua, a Linguagem e o Discurso

O discurso
é a forma como o pensamento
é expresso,

mas não deve
ser confundido
com a linguagem. 

Quando se fala em discurso, muita gente logo imagina uma pessoa falando diante de uma plateia. Poucos se dão conta de que o discurso também ocorre numa redação. Por isto, há casos em que, mesmo diante de uma plateia, o discurso é lido pelo discursante ou orador.
Faltam poucos dias para a próxima realização do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), e ainda há alunos que farão as provas mas desconhecem algo importantíssimo para a produção de uma redação de alto nível: as principais diferenças entre a linguagem, a língua e o discurso. Isto acontece porque a maioria dos professores de língua portuguesa ensina regras gramaticais, diz que as redações precisam ser concisas, sucintas e objetivas, mas não esclarecem os detalhes mais importantes para o aluno conseguir fazer uma redação assim.
Os estudantes precisam saber que a língua, a linguagem e o discusos são coisas diferentes, mas precisam saber também como relacioná-las. Ou seja: precisam saber encontrar elementos semelhantes entre três coisas diferentes. 
A linguagem é um conjunto de processos que possibilitam o uso correto da língua. A língua é um sistema gramatical com regras estabelecidas para orientar a comunicação entre pessoas de um determinado grupo ou de uma nação. Em vário artigos no Redafácil, há outras informações sobre língua e linguagem que poderão lhe ajudar a entender melhor essas diferenças. 
O discurso é a execução oral ou escrita da linguagem e da língua. É a forma de usar essas duas coisas para expressar informações, pensamentos e ideias. Portanto, mesmo que pareçam não existir, essas distinções são indispensáveis para que o aluno não apenas consiga fazer uma ótima redação como também se expresse adequadamente perante a sociedade. 
Essas distinções se aplicam a aspectos diferentes que não são opostos, são correlatos e se complementam. Isto quer dizer que são dependentes uns dos outros. A língua é, ao mesmo tempo, o instrumento e o resultado numa comunicação. A linguagem também, mas a linguagem é a forma particular que cada pessoa usa para conseguir se comunicar. O discurso é apenas um dos aspectos da linguagem, mas é o mais importante, pois determina a forma correta para manifestar a língua e a linguagem. 
Pode-se, por isto, definir o discurso como uma forma individual de usar a língua dentro de um processo de linguagem. Conclui-se, então, que a linguagem, a língua e o discurso são três coisas diferentes mas estreitamente relacionadas entre si num complexo processo chamado comunicação.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Contexto e Contextualização

O contexto é a relação
entre o próprio texto
e as situações inseridas nele.


Para entender melhor o que está explicado nesta postagem, sugiro que seja lida primeiramente a anterior, na qual foram abordadas a semântica e suas variações. O entendimento do que é um contexto e de como faz ums contextualização vem como uma sequência para entender melhor a importância do conhecimento de conceitos básicos de semântica para que se consiga fazer uma redação de bom nível. 
Como foi explicado no artigo anterior, a semântica é o estudo dos símbolos e seus significados. Numa redação, os símbolos são as palavras, as frases, a pontuação, etc. Como o estudo da semântica linguística inclui a relação entre as palavras, as frases e seus significados, o entendimento sobre o contexto é muito importante. 
O contexto é a inter-relação entre circunstâncias, fatos e outras informações contidas num texto e o próprio texto. A mensagem é contextualizada quando são destacados detalhes como o local em que o fato ocorreu, quando ocorreu e outros dados que possam ser relacionados ao tema central. Esses detalhes facilitam ao leitor a compreensão do texto.
Isto nos leva à conclusão de que, para expor suas ideias, opiniões e informações adicionais numa redação, o aitor precisa saber contextualizá-las. No Brasil, infelizmente, são raros os casos em que há professores de Língua Portuguesa que ensinam aos alunos como se faz isto. "Contextualizar" é adicionar uma informação ou situação que, de alguma forma, possa ser relacionada ao tema proposto. Portanto, estudantes, se seus professores ou suas professoras de Língua Portuguesa nunca lhes ensinaram como se faz isto, exijam-lhes que ensinem. Vocês precisam aprender e esta é uma obrigação deles.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A Semântica na Redação

É importante
relacionar os símbolos
com seus significados
corretamente.

No livro "O Código Da Vinci", de Dan Brown, o personagem principal, Robert Langdon, foi identificado como um simbologista. Um simbologista é um especialista em estudos sobre os símbolos e seus significados. Ou seja: um conhecedor de semântica.
Na verdade, a semântica é algo que praticamos todos os dias sem que nós mesmos percebamos. É a forma como relacionamos os símbolos que utilizamos com os significados que queremos lhes dar enquanto damos informações ou nos comunicamos com alguém. Há vários tipos, mas a que usamos quando falamos ou escrevemos é a semântica linguística. 
Em todos os idiomas, a semântica usada na fala e na escrita - semântica linguística - inside sobre a relação entre as palavras, as frases e todos os demais símbolos (acentos, pontos, vírgulas, etc.) e sua denotação. A denotação é o uso de palavras em seu sentido correto. Portanto, isto exclui as metáforas, que são palavras ou expressões usadas com significados diferentes dos originais. No Redafácil, há artigos com explicações mais detalhadas sobre as metáforas. 
Isto quer dizer que a semântica linguística estuda os significados usados numa linguagem. Neste caso é importante lembrar que linguagem não é o mesmo que idioma. A linguagem é a forma que escolhemos para nos expressarmos em qualquer idioma através da fala, da escrita ou por meio de sinais. 
A semântica linguística se contrapõe à sintaxe. A semântica se refere ao que as palavras, as frases, etc., significam e a sintaxe se refere às estruturas e aos padrões formais do modo como as palavras, as frases, etc., e seus significados devem ser empregados. Para entender isto, recomendo que você leia a postagem anterior a esta.
Numa redação, a semântica linguística pode ser formal, de enunciação (argumentativa) ou as duas coisas ao mesmo tempo. É formal no que se refere à interpretação de linguagem natural e formal para captar vínculos entre as palavras, as frases e todos os símbolos e entre os símbolos e seus respectivos significados. No entanto, não deve ser confundida com a lógica, que é uma área da sintaxe. 
A semântica de enunciação se refere à linguagem para enunciar nossos pensamentos, nossas opiniões, etc. Para justificar nossas opiniões, precisamos expor argumentos. Por isto, este tipo é também conhecido como semântica argumentativa
Há várias divisões e subdivisões da semântica e, especialnente, da semântica linguística. Porém, para a finalidade deste artigo, creio que estas informações são suficientes. Em caso de dúvidas, por favor, enviem suas perguntas. Elas serão respondidas tão logo quanto for possível.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A Linguagem Mais Adequada na Redação

A linguagem tem que ser
adequada para a finalidade da redação. 


Numa redação, é preciso considerar o que se chama correção de linguagem. Para isto é importante lembrar que a linguagem é o sistema que uma pessoa usa para se expressar através da fala ou da escrita. Num conceito mais simples, é a forma pela qual uma pessoa se expressa.
O conceito de correção da linguagem é vinculado a padrões de língua culta e, por isto, geralmente se relaciona a regras gramaticais. Entretanto esse conceito de correção, no caso de uma redação como a exigida no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), obrigatoriamente recebe uma inevitável flexibilidade que o transforma em adequação da linguagem. 
Isto acontece porque, numa redação, a linguagem deve ser adequada ao tema, ao leitor, à situação, etc. A linguagem a ser usada depende de fatores individuais, influências da língua popular (embora na redação gírias e termos chulos devam ser evitados) e interferências de diferenças regionais e locais. É para evitar possiveis problemas provenientes destas dependências que existe a gramática. 
Nestes casos, a gramática é uma disciplina normalizadora. As regras gramaticais orientam estabelecendo critérios para a obtenção de um bom desempenho linguístico. Esses critérios são quanto a:

- Emprego do plural.
Deve-se estar atento quanto ao uso correto do plural e às concordâncias verbais e nominais. Merecem especial atenção os nomes compostos.

- Emprego dos gêneros.
Refere-se ao uso correto dos gêneros masculino e feminino.

- Formas verbais. 
Refere-se ao uso correto dos verbos e suas variações.

- Formas pronominais. 

Refere-se ao uso correto dos pronomes.

É importante salientar que o uso de pronomes pessoais oblíquos e de tratamento exige atenção especial. Eles têm complexidades muito peculiares. Há outros artigos sobre isto no Redafácil.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A Sintaxe da Frase

A escrita correta
não se restringe à ortografia.


Numa redação, é sempre necessário escrever corretamente. Porém "escrever corretamente" não significa apenas escrever corretamente as palavras. Como expliquei em postagens anteriores, a linguagem escrita é diferente da linguagem falada por não contar com características adicionais como gestos, tom da voz, etc. Por isto, ao redigir, é preciso estar atento quanto à morfossintaxe - ou seja, quanto às relações entre as palavras de acordo com suas categorias. Surge aí a importância da sintaxe em cada frase.
A sintaxe é geralmente interpretada como a relação entre as palavras como elementos de uma frase. É uma interpretação correta, mas há que se considerar também a relação entre as frases no parágrafo e entre os parágrafos no texto. Por isto as relações entre as palavras ocorrem de três maneiras diferentes.


- Relações de concordância:
Ocorrem entre as flexões dos adjetivos e dos verbos com os substantivos. São nominais quando ocorrem entre substantivos ou pronomes e adjetivos. Exemplos:


Bom trabalho e bons trabalhos - os adjetivos e os substantivos são concordantes em gênero (masculino ou feminino) e número (plural ou singular).

As mulheres - o artigo (neste caso, definido e feminino) concorda com o substantivo em gênero e número.


A concordância é verbal quando há harmonia entre o verbo e o sujeito da oração. O sujeito pode ser um substantivo ou um pronome. Exemplos:


A lua estava linda.
Eles se mantiveram céticos apesar das evidências.


As duas frases acima também são exemplos que mostram que a sintaxe de regência estabelece as relações de dependência ou subordinação dentro da frase. A regência é nominal quando determina relações de conexão através de preposições: "eu e você", "artigos de luxo", "confiança em você", etc. É verbal quando há verbos que negessitam de conexões: lembrar (quem lembra, lembra de alguém ou de algo); necessitar (quem ou o que necessita, necessita de algo);  procurar (quem procura, procura por alguém ou por algo). 
Os conceitos de regências verbais e nominais constam nos melhores dicionários. É importante consultá-los sempre que for possível. 

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

"Escutar" e "Auscultar"

Um médico auscultando um paciente
São verbos correlatos, 
mas com significados diferentes. 

Lendo uma redação de uma estudante, percebi que ela usou a palavra "auscultar" dando-lhe o mesmo sentido de "ouvir". Numa prova, ela teria perdido pontos por usar a palavra com significado equivocado, embora tenha sido louvável sua tentativa em mostrar que sabe da existência de palavras pouco usadas em nosso dia-a-dia. Penso também na possibilidade dela ter feito isto para que eu fizesse tal observação e lhe ensinasse o significado correto, pois é uma palavra muito usada na medicina e em alguns casos jurídicos.
Toda redação deve ser feita com o uso de linguagem mais adequada para seu objetivo. No Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) ou num vestibular, a redação não deve ser informal nem formal demais. Entretanto, a demonstração do conhecimento sobre algumas palavras e expressões que não fazem parte do seu dia-a-dia mas começam a surgir com certa constância na mídia indicam que você está tentando acompanhar atentamente os novos fatos. Isto é muito importante.
No Brasil, principalmente por causa dos fatos políticos recentes, a palavra auscultar tem sido muito empregada ultimamente em debates e entrevistahentrevistas sobre corrupção. Porém, talvez por ser muito parecida com escutar - quanto à pronúncia e à escrita - algumas pessoas confundem seus significados com os desta. Em primeiro lugar, saiba que escutar não é o mesmo que ouvir. Escutar é estar consciente do que está ouvindo, ouvir com a mais plena atenção, levar em consideração conselhos e sugestões.
Auscultar significa investigar algo com profundidade e da maneira mais apropriada possível para evitar erros de interpretação. Quando dizemos que o médico auscultou o paciente, estamos dizendo que o médico fez o exame mais detalhado possível para chegar a um diagnóstico correto. Na maioria dos casos o verbo representa o ato de escutar os sons vindos de um órgão (por exemplo,  o coração) do paciente com a devida atenção durante a atividade médica. Em termos jurídicos, o verbo auscultar significa analisar corretamente os casos para que sejam evitados possíveis erros.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Um Erro Muito Frequente em Redações

Uma frase
não constitui
um parágrafo.


Não são apenas os estudantes que cometem este erro. Ele ocorre com muita frequência em matérias jornalísticas. Refiro-me aos parágrafos com apenas uma ou duas frases.

Tenho lido redações escritas da seguinte forma:


O presidente  viajou à China.

Ele  retornará ao Brasil  na próxima semana.

Um parágrafo encerra uma ideia, uma informação. Uma frase também. Entretanto, a informação contida num parágrafo é resultante de uma sequência de frases que se complementam. Este parágrafo mesmo é um exemplo do que digo. Portanto, um parágrafo não pode conter apenas uma frase.

Assim como cada frase de um parágrafo é uma complementação à anterior, o mesmo ocorre quanto aos próprios parágrafos. O primeiro é uma introdução, os seguintes constituem o desenvolvimento do texto e o último é a conclusão. Nenhum deles pode ser constituído por apenas uma ou duas frases.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A Importância da Sociologia para uma Boa Redação

A ideia
de permitir que o aluno
escolha as disciplinas
é péssima.


Alguns estudantes de ensino médio  do Brasil gostaram da ideia que surgiu no estado de São Paulo: permitir que os alunos escolham as disciplinas que preferirem. Num sistema de ensino que nacionalmente é um dos piores do mundo, esta é uma das piores ideias já surgidas. Muitos dos estudantes pensam que poderão escolher as matérias que terão mais a ver com as profissões que escolherão. O que eles precisam saber é que todas as matérias têm muito a ver com o que eles terão que fazer na vida, inclusive por razões profissionais. É preciso levar em conta uma realidade importantíssima que diz respeito a todos nós: a globalização .
Não adianta ser contra a globalização porque ela não acontece apenas porque alguém a quer. Ela é um inevitável processo resultante de fatos históricos milenares, mas se aprofundou principalmente a partir do século XIV, quando as nações europeias obtiveram avanços importantes no comércio Internacional graças às grandes viagens marítimas intercontinentais. Desde o final do século XX e principalmente a partir do início do século XXI, a globalização tem se tornado um profundo processo de integração econômica, social, cultural e política, e você, caro(a) estudante, já está envolvido(a) nesse processo desde quando você nasceu. A globalização abrange três aspectos básicos: facilidade de viagens internacionais, queda de barreiras tarifárias através de organizações entre países (blocos econômicos) e movimentos de capital e de investimentos. Isto provoca o desenvolvimento do item mais importante: o conhecimento. Em resumo: quanto mais conhecimento você adquirir desde já, melhor será para você futuramente. Por isto, no ensino médio e em qualquer outro nível de ensino, literalmente todas as disciplinas são e serão cada vez mais indispensáveis para todos os alunos
Até mesmo para conseguir realizar uma redação merecedora de uma boa nota no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), é preciso uma boa noção de todas as disciplinas. Filosofia, por exemplo, é uma delas. Para desenvolver o raciocínio no texto, é necessário recorrer à lógica, que é uma das áreas da filosofia. Leia o artigo anterior para saber um pouco mais sobre isto. 
Outra disciplina muito importante para a produção de uma boa redação é a sociologia. Ela se refere ao comportamento das pessoas e os processos pelos quais elas se relacionam através de grupos, associações, etc. Até este ponto, parece-se um pouco com a filosofia. A principal diferença é que na sociologia os fenômenos sociais são explicados enquanto as pessoas são analisadas quanto às suas relações de interdependência (como pessoas dependentes umas das outras). No ensino médio, um objetivo da sociologia é, entre outros, fazer você entender como e por que você depende das pessoas com quem você convive e como e por que cada uma delas depende de você e de todas as outras. Esta é a razão pela qual os temas para redação no Enem e nos vestibulares são sempre relacionados a direitos humanos, economia, política, diferenças de classes sociais, etc. Na verdade, todas as pessoas precisam estar sempre bem informadas sobre eles.