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quarta-feira, 9 de junho de 2010

27 - Erros muito comuns, mas que podem e devem ser evitados.

Você provavelmente ouviu várias vezes Ana Maria Braga ou seus convidados recomendando que sejam incluídas "algumas" gramas de sal nas receitas. 
Também já ouviu William Bonner dizer que "a gasolina vai aumentar", 
mas querendo referir-se ao preço da gasolina. 
Isto sem falar em expressões absurdas como "liquidação imperdível", 
"meu óculos", etc. 


Dizem que muitas vezes "os erros vem dos mestres", "é errando que se aprende", "errar é humano". O problema é que, nos casos que citei acima, os mesmos erros são repetidos constantemente, inclusive pelas mesmas pessoas. Esses profissionais costumam dizer que que essa forma de se expressarem facilita a comunicação com a população devido ao jeito popular de se expressar. No entanto, há diferenças entre "expressões populares" e "expressões erradas". Como exemplo, lembro o fato de que quando um repórter ou um narrador de futebol informa que um jogador teve problemas na panturrilha esquerda, os torcedores entendem muito bem que "panturrilha" é o nome correto da "batata" ou "barriga" da perna - neste caso, da perna esquerda. 
Também é importante lembrar que profissionais de comunicação - jornalistas, radialistas,  profissionais de propaganda e marketing - são também educadores. Mais do que os professores, estes, exatamente por serem profissionais de comunicação, são grandes responsáveis pela educação do povo, já que são oficialmente transmissores de informações. Não precisam falar e escrever em linguagem extremamente erudita, mas têm a obrigação de fazê-lo da forma mais correta possível. 

Por que "os óculos" e não "o óculos"?
Por que "dois gramas" e não "um grama"?

"Óculo" (assim mesmo, sem o "s") é o nome que se dá à peça também conhecida como "lente". Por sito, quem usa lentes de contato também usa óculos - óculos de contato. No caso de "óculos", o "s" surge no final da palavra porque são duas lentes - portanto, dois óculos. Por isto, nunca se deve dizer ou escrever "o óculos", "aquele óculos", etc. Como o substantivo está no plural, os artigos definidos ou indefinidos ou numerais que o precedem também devem ser pluralizados: "os óculos", "aqueles óculos".
Você nunca vai conseguir colocar uma grama de sal na receita porque não existe capim de sal. Isto mesmo: "grama" só é substantivo feminino quando a palavra se refere à vegetação também conhecida como "capim". A unidade de peso é um substantivo masculino, e neste caso deve-se dizer sempre "o grama", "os gramas", "um grama", "meio grama", "um grama e meio", "dois gramas", "vinte e dois gramas", "vinte e dois gramas e meio", etc.

"Imperdível" e "O aumento da gasolina"

A televisão frequentemente anuncia "filme imperdível", "show imperdível". Filmes comerciais anunciando liquidações ou ofertas "imperdíveis" são cada dia mais comuns. A palavra "imperdível" não é correta nem incorreta, ela simplesmente não existe na língua portuguesa e por isto deve ser evitada. Numa conversa entre amigos, numa linguagem informal, seu uso não apresenta problemas, mas numa mensagem formal ou transmitida através de um veículo de comunicação - televisão, rádio, jornal, out-door, etc. - deve ser evitado. Por que não escrever ou dizer "não perca o show", "não perca a promoção", etc.?
Na abertura de um telejornal, o apresentador diz: "Gasolina aumentou quatro vezes este mês". Se essa informação fosse verdadeira, seria um fato digno de comemoração, pois haveria oferta de gasolina em abundância. O problema é que, quando eles dizem isto, na verdade querem dizer que o que aumentou quatro vezes em um mês foi o preço da gasolina a ser pago pelo consumidor. A forma correta é "Preço da gasolina aumentou quatro vezes este mês". Quando dizemos que a gasolina aumentou, estamos dizendo que houve aumento do volume do combustível a ser vendido. O mesmo erro é frequentemente cometido quando se diz "aumento do feijão", do arroz, da farinha, da energia elétrica, etc.
Eu também acho que errar é humano, mas evitar a correção de algo que se sabe que está errado é outro erro que também pode e deve ser evitado. 

A seguir: "Outros erros muito comuns"

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Readapte seu estilo de redação com bom senso.

O avanço de tecnologias
causa mudanças na linguagem,
mas o bom senso
tem que prevalecer.


O número de pessoas que acessam o Redafácil duplica de uma semana para outra. Isto tem dois significados positivos: além dos leitores que acham que têm dificuldades em redação, há os que têm bons níveis mas estão interessados em melhorá-los sempre. São pessoas que sabem que os avanços da globalização mundial e das tecnologias em geral levam às necessidades de mudanças nos processos de redação. Isto acontece porque os avanços tecnológicos incluem principalmente os processos de informação, nos quais a redação assume funções cada vez mais importantes.
Todos esses avanços promovem inevitáveis mudanças nas linguagens falada e escrita. São adaptações exigidas pelas novas necessidades que surgem constantemente num mundo em constantes transformações políticas, sociais, etc., que exigem de todos a capacidade de nos comunicarmos de forma cada vez mais dinâmica, mas tendo o bom senso de manter a clareza nas informações faladas e escritas. 
A comunicação é uma troca de informações. Ela só se consolida como comunicação de fato quando se confirma que as informações dadas pelas pessoas envolvidas no processo são comprovadas como bem entendidas. As novas tecnologias - especialmente as de informação (TI) - trazem o surgimento de novas palavras e, com o tempo, até modificam os significados de outras já existentes. Novas palavras trazem novas expressões e representam mudanças nos vocabulários informal e formal. Entretanto, a necessidade cada vez maior de uma comunicação mais rápida também causa a necessidade de maior clareza possível nas informações. Essa necessidade de readaptação acentua outra: o bom senso de uso da escrita correta. A mensagem tem que ser dinâmica e sucinta. Quanto mais correta for a escrita, mais clara e dinâmica será a mensagem. 
Esta necessidade de uma escrita tão correta tem muito a ver principalmente com certos objetivos e com o tipo de público ao qual ela é dirigida. Numa rede social como o LinkedIn, por exemplo, esse cuidado é extremamente necessário. O LinkedIn é um site para relacionamentos estritamente profissionais; portanto o uso do "internetês" tem que ser evitado. 
A "nova linguagem da Internet" se popularizou em literalmente todas as redes sociais, chats, etc. Entretanto é também um recurso usado por pessoas que usam as abreviações por não saber escrever algumas palavras corretamente. Num site de relacionamentos profissionais, põe em dúvida o grau de comunicabilidade de quem o usa. 
É possível ser sucinto e claro numa informação sem abreviar palavras. Além disto não há justificativas para substituir "porque" por "pq" ou "não" por "n". O ato de digitar cinco ou quatro letras não leva um tempo muito maior do que a digitação de uma ou duas. Outra vantagem ao digitarmos as palavras corretamente:
Se você digitar "pq eles n entendem", muita gente entenderá a mensagem. Entretanto, se você digitar "porque eles não entendem", qualquer pessoa que ler a mensagem a entenderá. 
Se isto é possível numa mensagem curta, é fundamental numa redação mais complexa. Quanto mais você preservar o hábito de escrever ou digitar corretamente, menores serão suas possibilidades de errar quando o uso das palavras corretas for necessário. Além disto, basta seguir a estrutura recomendada na ilustração. Na introdução, um ou dois parágrafos com três ou quatro frases cada um já serão suficientes para preparar o leitor para o que ele lerá. O desenvolvimento pode conter cinco ou seis parágrafos com seis frases ou pouco mais em cada um. A conclusão é sempre uma resposta à pergunta: "O que se deduz de tudo isto (o 'isto' se refere ao tema da redação)?".
Eis por que mesmo numa postagem num blog, num e-mail, a redação precisa ser absolutamente correta quanto à escrita. Para o leitor entender a conclusão, ele terá que entender todo o texto. Palavras abreviadas podem dificultar o entendimento. Quando isto acontece, a comunicação não acontece.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Os Usos Corretos de "Para Mim" e "Para Eu"

Basta lembrar
que "mim"
não pode ser
o sujeito da oração.


Mesmo os grandes mestres da Língua Portuguesa às vezes cometem pequenos erros gramaticais, e o excessivo uso da linguagem popular muitas vezes nos faz esquecer certas regras simples mas necessárias no uso da linguagem coloquial. Por isto, em muitas redações cujo texto deveria ser formal, encontramos expressões inadequadas como "para mim fazer", "para mim ter", etc.
Este artigo é bem curto porque a explicação sobre o tema não precisa ser muito detalhada. Basta lembrar que "mim" é um pronome pessoal oblíquo e, por isto, não pode ser usado como o sujeito de uma oração. A explicação por meio de exemplos torna o entendimento mais fácil. Então, eis alguns exemplos.

Errado:
Isto era para mim fazer.
Isto era para eu fazer.

Correto:
Isto era para que eu fizesse.


Errado
Pensei que isto fosse para eu.

Correto:
Pensei que isto fosse para mim.


Errado:
Para eu, tudo estava claro.

Correto:
Para mim, tudo estava claro.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Princípios Básicos da Redação de Correspondência

Importante:
As regras para redações via Internet
são as mesmas regras para redações no papel.
 
A correspondência,
neste caso,
não é simplesmente
um relacionamento entre pessoas.


Já publiquei aqui vários artigos sobre estes tipos de redação, que inclui redações oficiais, comerciais, etc. O problema quanto a isto é que se eu relatasse todas as características importantes sobre as redações de correspondência num mesmo artigo, o texto seria muito extenso, e a leitura, cansativa. Há, no entanto, que se destacar certos princípios que as diferem de outros tipos de redação, mesmo quando a correspondência se dá através da Internet. É preciso observar, por exemplo, que, quando se redige qualquer tipo de correspondência, alguns princípios quanto à mensagem, à linguagem, às formas de tratamento, a modelos padronizados mas não impedidos de serem adaptados, e ao endereçamento. Neste caso, "correspondência" não é apenas um relacionamento entre duas ou mais pessoas. É também o modo de organizar a redação. A desconsideração dessa organização causa insuficiência de informações e, consequentemente, de comunicação. Esta tem sido a principal causa de pedidos recusados ou indeferidos, prejuízos econômicos, vários tipos de mal-entenfidos, etc.
Para evitar tais problemas, s redação precisa ser planejada. O conteúdo da mensagem precisa ser bem definido antes do texto ser escrito. O remetente precisa ter ideias claras do que quer dizer ao destinatário. Por isto elas devem estar de acordo com uma sequência lógica e, em alguns casos,  até cronológica.
Isto significa que, mesmo nas relações via Internet, o estilo da redação deve conter clareza, concisão, precisão, polidez, harmonoa e correção. Portanto, mesmo sendo uma correspondência via Internet, é preciso manter a estrutura do texto. Nas cartas particulares, que também são correspondências, a linguagem pode ser informal, mas um documento oficial ou comercial necessita ter um estilo útil, direto, sem muitos apelos para aspectos afetivos. As cartas e os documentos comerciais precisam de um estilo formal porque a mensagem precisa ser tão clara e, ao mesmo tempo, tão impessoal quanto for possível.
Como conclusão, posso dizer isto: o destinatário precisa entender o que o remetente quer dizer. Isto significa que o autor da redação precisa conhecer o sentido exato de cada palavra usada por ele para escolher as que revelam suas ideias com mais clareza. Isto evitará desentendimentos.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Técnica, estilo ou tipo de redação?

O estilo de redação
é popularmente mais conhecido
como
"jeito de escrever".

Quando o assunto é redação, muitos estudantes costumam confundir "técnica" com "tipo" ou "estilo". Queiram ou não, eles precisam saber que as redações são atividades que terão que ser realizadas em vários momentos em suas vidas. Para isto recomendo que mantenham obediência ao que determinam as orientações básicas publicadas em vários artigos no Redafácil.
Em redação, não existem técnicas estabelecidas. Como tudo que há na vida, a linguagem escrita passa por intermináveis processos de evolução. Portanto, o que geralmente é chamado "técnica de redação" é uma orientação básica para auxiliar no desenvolvimento de redações. 
Isto quer dizer que as técnicas de redação são flexíveis. Precisam ser. Se não fossem, a evolução não ocorreria. Por isto, ao invés de se manter técnicas pré estabelecidas, deve-se atualizar os conhecimentos sobre as regras gramaticais, que são frequentemente readaptadas por causa do avanço do tempo e da finalidade da redação. 
Para ser bem entendida por quem a ouve, a narração de uma história ou de um fato precisa seguir a tradicional sequência "começo-meio-fim". O mesmo acontece nos casos de redações. Se a redação for, por exemplo, um requerimento, o começo-meio-fim é a melhor forma para justificar o que está sendo requerido. Nas redações exigidas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e em vestibulares, que geralmente são dissertativas-argumentativas, este é sempre o melhor processo para desenvolvê-las. 
O que geralmente chamam de "técnica de redação" é uma forma estabelecida como se fosse uma regra para se expor ideias ou informações por escrito. Na verdade isto diz respeito às estruturas das frases, às ortografias das palavras e à aplicação correta das regras gramaticais. Não se trata exatamente de uma técnica, e sim de orientações que permitem ao autor da redação aprimorar sua capacidade de redigir. 
Em suma, a técnica é um conjunto de procedimentos. Numa redação, esses procedimentos se relacionam à ortografia, à escolha das palavras mais adequadas, etc. O estilo é a maneira que a própria pessoa desenvolve para escrever. Em linguagem menos formal, o estilo é o  "jeito de escrever" de cada pessoa.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A Importância da Obediência às Regras Gramaticais na Redação

As regras gramaticais
facilitam a comunicabilidade.

Esse assunto já foi exposto por mim em outros artigos no Redafácil, mas quando eu observo certas inconveniências linguísticas cometidas nas redes sociais online, imagino que muita gente, principalmente estudantes, as cometem frequentemente também em redações nas provas. Por isto, para mim, não chega a ser surpreendente o fato de que as piores notas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) são sempre relacionadas às redações - exatamente o quesito mais importante da prova, já que revela a capacidade ou incapacidade de comunicação do aluno. Quem usa palavras inadequadamente na escrita obviamente comete o mesmo erro quando fala formal ou informalmente. 
Não é necessário ser especialista em linguística nem catedrático(a) em língua portuguesa, mas é preciso ter um bom domínio das necessidades mínimas para o uso de uma linguagem minimamente correta e adequada para cada situação. Nestes termos, quanto maior for o domínio sobre conhecimentos gramaticais, melhor será para a pessoa, não só para obter boas notas nas provas, mas para obter sucesso na vida. Num comentário no Facebook, uma pessoa usou a expressão "pessoa muito errante" para se referir a uma pessoa que, segundo ela, comete muitos erros na vida. "Errante" significa "nômade", "ser humano ou outro tipo de animal (humanos também são animais) que muda constantemente de um local para viver em outro". Numa redação, numa entrevista, num discurso, erros como este podem dificultar o entendimento da mensagem para quem a lê ou ouve. Palavras com significados equivocados modificam o sentido da mensagem.
Isto faz com que as palavras sejam necessariamente usadas de acordo com o contextos e escritas conforme as regras gramaticais para evitar, tanto quanto possível, qualquer margem de erro e de possibilidade de interpretação equivocada por parte do leitor. Lembre-se que numa prova o "leitor" será exatamente a pessoa que analisará a redação. A nota que ele dará dependerá muito da interpretação dele. cabe a quem a escreve a obrigação de evitar todas as possibilidades de interpretação equivocada. Com muita propriedade, um(a) estudante que preferiu não revelar seu nome escreveu num comentário: "Eu acho que é muito importante você ter um conhecimento mais do que razoável e superficial da gramática, e não só no estudo do inglês - idioma que eu estudo. Em qualquer idioma, a gramática nos faz entender a composição e o sentido das palavras e facilita nossa produção e interpretação de textos. As regras de escrita e gramaticais em geral variam muito de um idioma para o outro, mas o estudo da gramática nos ajuda muito a melhorar nossos textos."
O que chamamos "gramática" é o conjunto de regras e prescrições que determinam o uso considerado correto do idioma na fala e na escrita. Esse conceito, por si só, já justifica a importância dessas regras para para a eficácia da comunicação. Neste ponto, é importante lembrar que "eficiência" e "eficácia" são coisas diferentes: "eficiência" é a forma de obter bons resultados e "eficácia" é a capacidade de obter resultados bem melhores. Uma pessoa eficiente é alguém que faz algo muito bem feito, mas uma pessoa eficaz é a pessoa capaz de fazer muito melhor. Se você se preocupa em manter sua obediência às regras gramaticais, suas chances de se tornar cada vez mais eficaz e obter mais sucesso do que os apenas eficientes se tornam maiores.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A Eficiência, a Eficácia e a Efetividade

Uma redação eficiente
é uma boa redação,
mas precisa ser melhor.

O eficiente é bom, o eficaz é necessário. Isto quer dizer que uma redação eficiente é uma boa redação, mas uma redação eficaz é uma ótima redação. Em outras palavras: "eficiência", "eficácia" e "efetividade" são níveis diferentes. Há dicionários que apresentam essas três palavras como se fossem sinônimas. Entretanto, cada uma delas tem um significado bem distinto. Uma coisa eficiente é algo que funciona, uma coisa eficaz é algo que pode obter resultados melhores e uma coisa efetiva é algo que garante resultados. Em economia, a eficiência é a relação entre os resultados obtidos e os recursos pelos quais eles são conseguidos e a eficácia representa a relação entre o efeito das ações e os objetivos pretendidos de modo que essas ações garantam sucesso. A efetividade pode representar um resultado ótimo, bom, ruim ou péssimo.
"Efetividade" nem sempre significa sucesso. Como se percebe claramente, a palavra tem relação com "efeito", e este pode variar de excelente a desastroso. Portanto, o que é efetivo nem sempre é eficaz ou eficiente. Para entender melhor essa diferença, recorremos à física, disciplina que nos informa que a eficiência ocorre quando, para alguma coisa melhorar, outra coisa tem que piorar. Numa empresa, seria o sucesso de um departamento à custa do declínio de outro. A eficiência ocorre quando o resultado é obtido de forma rápida enquanto a eficiência pode significa um resultado um resultado um pouco mais demorado, mas também mais qualificado e duradouro. Numa organização, um funcionário eficaz é mais importante do que um funcionário eficiente. 
Isto funciona da mesma maneira quando você faz uma redação. Dependendo da forma como você escreve, ela pode ser ruim e, por isto, ser reprovada; pode ser eficiente (boa, mas não suficientemente boa) ou pode ser eficaz (uma excelente redação). Isto dependerá do seu grau de comunicabilidade. Eis por que é necessário que, ao redigir, você siga determinadas regras. Cada pessoa tem um estilo de texto que lhe é peculiar, mas "estilo próprio" não significa que você possa escrever como quiser. A linguagem usada não pode ser formal nem informal demais e tem que ser adequada para a finalidade a ser obtida, a categoria de leitores a quem ela será dirigida, expondo os detalhes necessários e excluindo os desnecessários. 

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

"Escutar" e "Auscultar"

Um médico auscultando um paciente
São verbos correlatos, 
mas com significados diferentes. 

Lendo uma redação de uma estudante, percebi que ela usou a palavra "auscultar" dando-lhe o mesmo sentido de "ouvir". Numa prova, ela teria perdido pontos por usar a palavra com significado equivocado, embora tenha sido louvável sua tentativa em mostrar que sabe da existência de palavras pouco usadas em nosso dia-a-dia. Penso também na possibilidade dela ter feito isto para que eu fizesse tal observação e lhe ensinasse o significado correto, pois é uma palavra muito usada na medicina e em alguns casos jurídicos.
Toda redação deve ser feita com o uso de linguagem mais adequada para seu objetivo. No Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) ou num vestibular, a redação não deve ser informal nem formal demais. Entretanto, a demonstração do conhecimento sobre algumas palavras e expressões que não fazem parte do seu dia-a-dia mas começam a surgir com certa constância na mídia indicam que você está tentando acompanhar atentamente os novos fatos. Isto é muito importante.
No Brasil, principalmente por causa dos fatos políticos recentes, a palavra auscultar tem sido muito empregada ultimamente em debates e entrevistahentrevistas sobre corrupção. Porém, talvez por ser muito parecida com escutar - quanto à pronúncia e à escrita - algumas pessoas confundem seus significados com os desta. Em primeiro lugar, saiba que escutar não é o mesmo que ouvir. Escutar é estar consciente do que está ouvindo, ouvir com a mais plena atenção, levar em consideração conselhos e sugestões.
Auscultar significa investigar algo com profundidade e da maneira mais apropriada possível para evitar erros de interpretação. Quando dizemos que o médico auscultou o paciente, estamos dizendo que o médico fez o exame mais detalhado possível para chegar a um diagnóstico correto. Na maioria dos casos o verbo representa o ato de escutar os sons vindos de um órgão (por exemplo,  o coração) do paciente com a devida atenção durante a atividade médica. Em termos jurídicos, o verbo auscultar significa analisar corretamente os casos para que sejam evitados possíveis erros.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

30 - "Ouça o silêncio da torcida brasileira!"

Na primeira participação da seleção do Brasil nesta Copa, a torcida brasileira presente ao estádio se mostrou um tanto tensa, silenciosa, durante o primeiro tempo. O time brasileiro demonstrava certa insegurança diante da seleção da Coréia do Norte. Num dado momento, o narrador da Rede Globo de Televisão, Galvão Bueno, chamou a atenção dos telespectadores: "Ouça o silêncio da torcida brasileira!"
Como forma de destacar a inquietude dos torcedores, tal expressão pode ser considerada "aceitável", mas não deve ser considerada como correta. O silêncio é o resultado da ausência de sons; portanto, não pode ser ouvido. Dizer "ouça o silêncio"  é algo como dizer "suba para baixo" ou "grite calado". Ocorre o contrário quando dizemos "ouça o barulho", pois o barulho que ouvimos pode não estar sendo percebido por outras pessoas, e pode ser ouvido em tons diferentes por cada pessoa. 
Resumindo: numa narração ou numa redação esportiva na qual se pretende demonstrar descontração, não há problema quanto ao uso de expressões como "ouça o silêncio". Porém, numa redação - jornalística ou não - na qual, mesmo não se pretendendo usar uma linguagem erudita, se queira dar uma aparência "formal", não é proibido usá-las, mas é melhor evitá-las. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os Dez Mandamentos para Uma Boa Argumentação

Para uma boa argumentação, é importante conhecer os significados de outras palavras relacionadas a ela. 




Uma palavra relacionada a outra não significa necessariamente uma palavra com o mesmo significado da outra. Entretanto, conhecer os significados de cada uma delas é fundamental para relacioná-las. Existem muitas palavras relacionadas à argumentação, mas para a produção de uma redação de ótimo nível, dez são suficientes. São as que estão relacionadas no quadro acima. Para facilitar o desenvolvimento do texto, aconselho que elas sejam consideradas na ordem em que estão apresentadas. 
  1. Argumento - É a capacidade de relacionar fatos, ideias, opiniões, teses, estudos, problemas, possíveis soluções, sugestões, etc., de modo que cada uma dessas coisas tenham o objetivo de embasar a ideia central da redação. O objetivo de uma argumentação não é fazer com que o leitor concorde com o que o redator diz. Embora um argumento tenha sempre o objetivo de convencer a outra pessoa de quem argumenta está coma razão, o principal objetivo da argumentação deve ser  facilitar para que o leitor entenda a linha de raciocínio do redator. Para isto o texto precisa ser conciso e preciso. Opiniões pessoais podem ser equivocadas, e por isto podem comprometer a veracidade dos fatos. Por isto, em vez de tentar fazer o leitor concordar com o que você diz, limite-se a mostrar a ele os motivos da sua opinião. É através da clareza desses motivos que ele poderá concordar com você - ou não, pois concordar ou não é um direito dele.
    O argumento deve ter um embasamento com afirmação de algo sempre baseado em estudos, pesquisas ou experiências pessoais ou informações de fontes que sempre devem ser citadas (jornais, livros, revistas, etc.). Os exemplos dados podem ser até fictícios, mas tem que ser coerentes com a realidade. Se você não tiver certeza dessa coerência, evite exemplos. Caso a fonte de informação seja uma pessoa, revele o nome completo e a profissão dessa pessoa ou qualquer tipo de relação que ela tenha com o fato. Por exemplo: se você fala sobre uma determinada doença, tem que dizer o nome do médico que deu tal informação e qual é sua especialidade. Se for uma revista, revele o título da matéria, o título da revista, o número da edição e a data em que foi publicada. Se for um jornal, o nome do jornal e a data da publicação.
    É preciso lembrar que "argumentar" não significa mostrar evidências. Significa investigar e citar fatos que geram opiniões diversas, mas com embasamentos para as opiniões mais próximas da coerência. Numa argumentação não se pode afirmar nem negar uma afirmação feita por outra pessoa, pois o objetivo é fazer com que o leitor visualize a linha de raciocínio de quem escreve, mas dando-lhe liberdade para ter contra-argumentos.
    Importantíssimo: o argumento só terá sentido se for sobre um assunto sobre o qual a pessoa que escreve está muito bem informada. 
  2. Raciocínio - É a ação ou forma de raciocinar, e "raciocinar" é relacionar deduções entre si para chegar a uma conclusão. O raciocínio é, portanto, nossa capacidade intelectual de utilizar uma ou várias proposições para obtermos conclusões através de mecanismos de comparações que nos tragam respostas ou explicações, mas estas podem ser falsas ou equivocadas. Numa redação, sempre existem vários raciocínios que devem relacionados entre si para formar o raciocínio central. É a isto que se chama "linha de raciocínio".
    Para que a linha de raciocínio tenha coerência, o autor deve apresentar já no início do texto o assunto e a problemática que o envolve, com o devido cuidado de evitar contradições. Os argumentos propriamente ditos devem ser apresentados no decorrer do texto, junto com os respectivos exemplos e as citações caso estas sejam necessárias. 
    As ideias devem ser arrematadas com uma tese no final do texto. É a essa tese que chamamos de "conclusão". Todo o texto, desde o início, deve ser escrito de modo que faça o leitor prever qual será a conclusão. Isto facilitará para que ele concorde com ela.
  3. Lógica - É a análise do raciocínio válido. É o ato de examinar genericamente as formas que a argumentação pode tomar, quais delas são válidas e quais são fantasiosas. É a base fundamental da teoria da argumentação.
    A lógica pode ser formal, informal ou simbólica. A que se utiliza numa redação é geralmente a informal, pois ela é o próprio estudo da argumentação numa linguagem. Excelentes exemplos de lógica informal são as que se encontram nos "Diálogos" de Platão. 
  4. Juízo - Numa redação, é o processo pelo qual os conceitos são relacionados entre si. É o processo que facilita a formação de uma cadeia de conceitos que leve o leitor ao pensamento lógico do autor.
  5. Indução - É o método de pensamento ou raciocínio obtido do conhecimento ou da observação de certos fatos. É o fator que permite uma conclusão geral não rigorosamente relacionada a esses fatos.
  6. Persuasão - Numa redação, é a estratégia que quem escreve utiliza para induzir o leitor a aceitar uma ideia. Não deve ser confundida com "persistência", que é o mesmo que "durabilidade" ou uma insistência inconveniente.
  7. Dedução - Muitas pessoas apresentam suas deduções ao final do texto. O mais adequado é deixar a dedução para o leitor, pois a dedução apresentada pelo próprio autor parece uma imposição de sua opinião. Ela pode ser apresentada pelo autor, desde que este tenha a habilidade de mostrar que não se trata de uma imposição.

  8. Verdade - É preciso ter cuidado quanto ao conceito de "verdade". Muitas coisas que interpretamos como "verdades" são na realidade pontos de vista ou resultados de experiências pessoais, que são sempre diferentes das experiências de outras pessoas, e por isto podem não ser verdades. 
    Nos dicionários, ela é encontrada com vários significados: pode ser o próprio fato, algo relacionado ao fato ou algo relacionado a um padrão. Como "padrão" uma regularidade da visão dos fatos por um grupo (pequeno ou grande) de pessoas, o conceito de "verdade" relacionada a um padrão gera dúvidas.

  9. Convencer - Você não precisará convencer o leitor de que sua opinião é a correta, mas seus argumentos tem que ser apresentados de  forma que ele perceba sua sinceridade e que você está realmente bem informado sobre o tema. Por isto a argumentação tem que ser utilizada como um processo discursivo. O assunto tem que ser disposto metodicamente para que o conjunto de ideias influam no raciocínio do leitor.
  10. Conclusão - É a parte final que deve constar em toda redação de qualquer tipo. A conclusão é um resumo dos pontos principais contidos em todos os parágrafos. É o último parágrafo da redação, e por isto deve apresentar ao leitor o desfecho da ideia geral.