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terça-feira, 29 de setembro de 2015

O que são "recursos linguísticos"?

Há vários recursos linguísticos, 
mas é necessário
saber escolher
os mais adequados. 


Para isto, é muito importante que quem faz uma redação saiba o que é um recurso linguístico. Esses recursos são elementos diferentes tipos e gêneros textuais, mas é necessário ter o cuidado de observar a escolha mais adequada para o tipo de redação, o tema que será abordado e as ideias que o autor pretende propor. Escrever bem exige muito exercício, desenvolvimento de técnica e muita dedicação. Comete um grave engano quem pensa que, num concurso público, por exemplo, o nível de redação é menos importante do que a demonstração do conhecimento do cargo ao qual concorre. Neste caso, a redação, como acontece no vestibular e no Exame Nacional de Ensino Médio, tem o objetivo de revelar o grau de comunicabilidade do candidato. O melhor nível possível de comunicabilidade é fundamental para o desempenho de qualquer função no exercício de um emprego o mesmo de trabalho por conta própria. 
Para comprovar seu grau de comunicabilidade, tanto o participante do Enem como o de um vestibular ou concurso público precisam revelar domínio de recursos linguísticos. Redigir um texto de forma correta e ao mesmo tempo clara e objetiva é indispensável para o sucesso nas provas e na vida. Em primeiro lugar é preciso lembrar que "texto objetivo" não é o mesmo que "texto curto. Uma redação objetiva é uma redação que apresenta ideias de forma clara, concisa, bem definida. 
Uma coisa é certa: a dificuldade para escrever vem principalmente da falta de hábito da leitura. Quem lê pouco sempre escreverá mal. Bons escritores são sempre bons leitores porque, para escreverem bem, sempre leem muito. Se você acha que lê muito mas tem dificuldades em redação, é porque você não lê tanto quanto diz ou pensa que lê. Ler não é uma questão de apenas "gostar de ler", é um hábito muito necessário para todas as pessoas. Quem lê pouco, lê mal e escreve ainda pior. Não se aprendem recursos linguísticos através de um curso ou de uma disciplina exclusiva. Na disciplina "Língua Portuguesa", aprendem-se regras gramaticais, ortografia, etc., mas os recursos linguísticos são adquiridos e desenvolvidos através da convivência e da comunicação  com outras pessoas, de muita leitura e e também da preservação do hábito de escrever sempre que for possível. Por outro lado, em sala de aula, o professor tem a obrigação de pelo menos orientar os alunos sobre como escolher os recursos linguísticos mais adequados para determinadas ocasiões. Se o professor não faz isto, o aluno deve exigir que ele o faça.
Entre os muitos recursos existentes, há, por exemplo, a inclusividade. É uma técnica utilizada para distinguir pronomes pela qual a primeira pessoa do plural, "nós", apresenta duas formas: a inclusiva (eu e você; eu e vocês) e a exclusiva, na qual a pessoa que fala se insere mas exclui alguém. Para explicar isto de uma maneira mais fácil, digamos que a inclusiva seja "nós" e a exclusiva seja "nós outros". 
Há também o registro linguístico. É um tipo de linguagem seletiva para adaptar uma expressão a um determinado grupo de pessoas ou a uma determinada situação. Neste caso é preciso ter o cuidado de fazer as escolhas léxicas e sintáticas corretas dentro do tom de do grau de linguagem mais adequados, pessoal e principalmente formalmente. Na redação, a distinção entre a linguagem formal e a informal é fundamental para se obter uma boa avaliação numa prova - e na vida. Para entender melhor a necessidade de um bom nível de conhecimento desses recursos, leia aqui.

sábado, 20 de junho de 2015

Como Usar as Palavras "Cultura" e "Culto" Corretamente numa Redação

Todas estas ilustrações
são relacionadas aos diversos conceitos de "cultura"
e aos significados de "pessoa culta", "povo culto", etc.
A palavra "cultura"
tem muitos significados.
Isto gera dúvidas quanto ao significado de "ser culto".





"Linguagem culta" é o nome que se dá ao uso de uma linguagem, principalmente na escrita (ou seja, numa redação), sem o uso de gírias e de expressões excessivamente populares. É também chamada "linguagem formal". Neste caso, a palavra "culta", forma feminina do adjetivo "culto", deriva da palavra "cultura" com um sentido qualificativo da linguagem utilizada. No entanto, a palavra "cultura" tem tantos significados diferentes, e todos considerados corretos, que é impossível determinar um conceito único para ela. Portanto, o mesmo corre com suas derivadas, estando entre estas "culto" ou "culta" (em referência a uma linguagem culta, uma pessoa culta, um povo culto, etc.). Isto leva muitas pessoas a usarem as palavras "culto(a)" e "cultura" frequentemente com significados certos, mas em contextos errados.
"Contexto"é o conjunto de palavras, expressões e frases devidamente adequadas à ideia, à informação ou à mensagem que se quer expressar num texto. Vem daí a palavra "contextual", que significa "estar de acordo com o texto". Num sentido genérico, a palavra "contexto" também é usada para significar qualquer coisa que esteja relacionada a um tema, um assunto, uma situação, etc., mas no sentido original refere-se ao que estiver devidamente relacionado ao texto e ao que se quer expressar através da redação. Portanto, ao usarmos a palavra "cultura" e suas derivadas, é necessário observarmos cuidadosamente se a forma como pretendemos usá-las está de acordo com o que o propósito da redação exige.
Para isto, é importante conhecer pelo menos alguns dos diferentes significados de "cultura". Originalmente, significa "cultivo", vindo daí a palavra "agricultura", que é a atividade relacionada ao cultivo de produtos agrícolas. Quando dizemos que uma pessoa é muito culta, estamos nos referindo a uma pessoa que "cultiva"(ou seja, preserva e faz crescer em si mesma) conhecimentos. Neste caso, o verbo "cultivar" tem um sentido figurado comparado ao cultivo agrícola.
No entanto, o conceito de "cultura" apresentado no parágrafo acima é aquele formulado pelo antropólogo inglês Edward Burnett Tylor (1832-1917), referente ao acúmulo de aprendizagens. Com o passar do tempo, a mesma palavra também recebeu como significados, inclusive com base nesse conceito, todo o conjunto de crenças, artes, moral, leis e todos os hábitos e costumes de toda uma sociedade e de cada pessoa como membro dela. Portanto, o que é "um povo culto"? Um povo que cultiva todos os tipos de conhecimento? Um povo que valoriza e procura conhecer todas as ciências? Um povo que preserva seus próprios costumes? Um povo que adquire hábitos, leis, religiões e costumes diversos de outros povos? 

Dependendo do contexto em que são utilizados, qualquer um desses conceitos pode estar correto ou incorreto. Afinal, há conceitos de "cultura" também relacionados a crenças e práticas religiosas, manifestações artísticas (cinema, música, etc.), desenvolvimento de uma nação, educação, bons costumes, regras de etiqueta, comportamentos de elite, etc. Isto causou o frequente uso de uma outra palavra que não parece ter relação com "cultura": a "dicotomia", que originalmente significa simplesmente uma relação ou correlação entre duas ou mais coisas, mas também ganhou o significado de "correlação entre vários tipos de cultura". Portanto, "ser culto" (uma pessoa culta, um povo culto, uma nação culta, etc.) pode significar "ser adepto de uma correlação entre culturas diferentes", o que, por sua vez, significa também a adoção de uma nova cultura com várias tendências unidas como se fossem uma.
Portanto, como se vê, é impossível estabelecer um conceito único para a palavra "cultura". Isto torna bem compreensível a existência da dificuldade em se utilizar corretamente o conceito de "ser culto", de "povo culto", etc. Tal dificuldade é mais compreensível ainda quando se verifica numa redação feita por estudantes no Brasil, onde o índice qualificativo de aprendizagem é ainda muito aquém do ideal. Entretanto, por favor, não interpretem este artigo como um desestímulo para que os estudantes - e as pessoas em geral - utilizem as palavras "cultura" e suas derivadas em suas redações. Ao contrário, usem tanto quanto quiserem e puderem, todas as palavras que vocês conhecem, inclusive porque, se errarem, é errando que se aprende. Mas procurem sempre fazer as coisas do jeito certo. Para isto, leiam muito, estudem muito, busquem cada vez mais informações sobre tudo que puderem. Pessoas que fazem isto com o máximo de frequência têm maiores possibilidades de obter sucesso na vida.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Linguagem Culta e Linguagem Coloquial

A linguagem culta 
e a linguagem coloquial
pertencem a um mesmo sistema,
mas cada uma 
tem características específicas.


Se você for a uma festa, você precisa ter o cuidado de escolher a roupa mais adequada para vestir. A roupa tem que estar adequada ao tipo de festa, ao local em que a festa ocorrerá, etc. O mesmo acontece com a fala: é preciso usar a linguagem mais adequada para o momento, para a finalidade e em relação à pessoa ou às pessoas com quem você falará. O mesmo cuidado que temos que ter quanto à roupa e quanto à fala também é necessário numa redação: é preciso usar a linguagem mais adequada à finalidade da redação e aos leitores aos quais ela é dirigida. 
No entanto, o autor de uma redação deve ter em mente que usar a linguagem coloquial não é ter o direito de usar as palavras erradas ou as palavras que quiser. Em qualquer caso, é necessário ter o cuidado de escrever corretamente. Uma palavra ou uma expressão dita ou escrita de maneira indevida pode fazer com que o significado se torne muito diferente do sentido pretendido.
A linguagem coloquial é também conhecida como "popular" ou "informal". É a linguagem que usamos cotidianamente, sem a exigência rígida das regras gramaticais. Entretanto, numa redação, por mais informal que esta seja, é preciso termos o cuidado quanto ao uso exagerado de gírias e outras palavras não registradas na linguagem formal, pois isto pode causar uma modificação não desejada no contexto que não será percebida pelo próprio autor do texto.  Na redação, embora não seja formal, é necessário manter o respeito às regras gramaticais tanto quanto for possível, pois isto ajudará a evitar erros que façam com que o leitor a interprete equivocadamente. 

A linguagem formal envolve princípios matemáticos. Não se preocupe com isto, não estou dizendo que você terá que apresentar cálculos numa redação. O que quero dizer é que a linguagem formal é baseada em estudos de modelos matemáticos que facilitam o reconhecimento de linguagens esclarecendo nitidamente suas classificações, suas estruturas, suas características peculiares e principalmente os relacionamentos entre as pessoas - inclusive entre as que falam idiomas diferentes. Em ciência da computação, por exemplo, o estudo da linguagem formal é fundamentalmente importante para fundamentar aplicações como os processos de linguagem, o reconhecimento de padrões e a modelagem de sistemas. 
É importante que, ao fazer uma redação numa prova, os estudantes tenham pelo menos uma noção disto, pois isto significa que a linguagem formal inclui mecanismos formais e específicos tais como os exigidos para explicar as teorias da computação. Por sua vez, isto confirma a informação de que a linguagem formal tem características próprias que não podem ser comparadas às da linguagem informal. 
Mesmo numa redação simples com as do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que é realizado anualmente no Brasil, essas representações precisam ser adequadamente reconhecidas pelos leitores; portanto, precisam ser adequadamente usadas por quem redige. Esses mecanismos funcionam como meios que permitem aos analisadores estabelecer, por exemplo, se uma determinada frase está construída corretamente, com clareza, e adequada para sua finalidade dentro do contexto. Por isto é necessária a rigidez quanto às exigências das regras gramaticais.

Ilustração: Arquivo Google. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os Dez Mandamentos para Uma Boa Argumentação

Para uma boa argumentação, é importante conhecer os significados de outras palavras relacionadas a ela. 




Uma palavra relacionada a outra não significa necessariamente uma palavra com o mesmo significado da outra. Entretanto, conhecer os significados de cada uma delas é fundamental para relacioná-las. Existem muitas palavras relacionadas à argumentação, mas para a produção de uma redação de ótimo nível, dez são suficientes. São as que estão relacionadas no quadro acima. Para facilitar o desenvolvimento do texto, aconselho que elas sejam consideradas na ordem em que estão apresentadas. 
  1. Argumento - É a capacidade de relacionar fatos, ideias, opiniões, teses, estudos, problemas, possíveis soluções, sugestões, etc., de modo que cada uma dessas coisas tenham o objetivo de embasar a ideia central da redação. O objetivo de uma argumentação não é fazer com que o leitor concorde com o que o redator diz. Embora um argumento tenha sempre o objetivo de convencer a outra pessoa de quem argumenta está coma razão, o principal objetivo da argumentação deve ser  facilitar para que o leitor entenda a linha de raciocínio do redator. Para isto o texto precisa ser conciso e preciso. Opiniões pessoais podem ser equivocadas, e por isto podem comprometer a veracidade dos fatos. Por isto, em vez de tentar fazer o leitor concordar com o que você diz, limite-se a mostrar a ele os motivos da sua opinião. É através da clareza desses motivos que ele poderá concordar com você - ou não, pois concordar ou não é um direito dele.
    O argumento deve ter um embasamento com afirmação de algo sempre baseado em estudos, pesquisas ou experiências pessoais ou informações de fontes que sempre devem ser citadas (jornais, livros, revistas, etc.). Os exemplos dados podem ser até fictícios, mas tem que ser coerentes com a realidade. Se você não tiver certeza dessa coerência, evite exemplos. Caso a fonte de informação seja uma pessoa, revele o nome completo e a profissão dessa pessoa ou qualquer tipo de relação que ela tenha com o fato. Por exemplo: se você fala sobre uma determinada doença, tem que dizer o nome do médico que deu tal informação e qual é sua especialidade. Se for uma revista, revele o título da matéria, o título da revista, o número da edição e a data em que foi publicada. Se for um jornal, o nome do jornal e a data da publicação.
    É preciso lembrar que "argumentar" não significa mostrar evidências. Significa investigar e citar fatos que geram opiniões diversas, mas com embasamentos para as opiniões mais próximas da coerência. Numa argumentação não se pode afirmar nem negar uma afirmação feita por outra pessoa, pois o objetivo é fazer com que o leitor visualize a linha de raciocínio de quem escreve, mas dando-lhe liberdade para ter contra-argumentos.
    Importantíssimo: o argumento só terá sentido se for sobre um assunto sobre o qual a pessoa que escreve está muito bem informada. 
  2. Raciocínio - É a ação ou forma de raciocinar, e "raciocinar" é relacionar deduções entre si para chegar a uma conclusão. O raciocínio é, portanto, nossa capacidade intelectual de utilizar uma ou várias proposições para obtermos conclusões através de mecanismos de comparações que nos tragam respostas ou explicações, mas estas podem ser falsas ou equivocadas. Numa redação, sempre existem vários raciocínios que devem relacionados entre si para formar o raciocínio central. É a isto que se chama "linha de raciocínio".
    Para que a linha de raciocínio tenha coerência, o autor deve apresentar já no início do texto o assunto e a problemática que o envolve, com o devido cuidado de evitar contradições. Os argumentos propriamente ditos devem ser apresentados no decorrer do texto, junto com os respectivos exemplos e as citações caso estas sejam necessárias. 
    As ideias devem ser arrematadas com uma tese no final do texto. É a essa tese que chamamos de "conclusão". Todo o texto, desde o início, deve ser escrito de modo que faça o leitor prever qual será a conclusão. Isto facilitará para que ele concorde com ela.
  3. Lógica - É a análise do raciocínio válido. É o ato de examinar genericamente as formas que a argumentação pode tomar, quais delas são válidas e quais são fantasiosas. É a base fundamental da teoria da argumentação.
    A lógica pode ser formal, informal ou simbólica. A que se utiliza numa redação é geralmente a informal, pois ela é o próprio estudo da argumentação numa linguagem. Excelentes exemplos de lógica informal são as que se encontram nos "Diálogos" de Platão. 
  4. Juízo - Numa redação, é o processo pelo qual os conceitos são relacionados entre si. É o processo que facilita a formação de uma cadeia de conceitos que leve o leitor ao pensamento lógico do autor.
  5. Indução - É o método de pensamento ou raciocínio obtido do conhecimento ou da observação de certos fatos. É o fator que permite uma conclusão geral não rigorosamente relacionada a esses fatos.
  6. Persuasão - Numa redação, é a estratégia que quem escreve utiliza para induzir o leitor a aceitar uma ideia. Não deve ser confundida com "persistência", que é o mesmo que "durabilidade" ou uma insistência inconveniente.
  7. Dedução - Muitas pessoas apresentam suas deduções ao final do texto. O mais adequado é deixar a dedução para o leitor, pois a dedução apresentada pelo próprio autor parece uma imposição de sua opinião. Ela pode ser apresentada pelo autor, desde que este tenha a habilidade de mostrar que não se trata de uma imposição.

  8. Verdade - É preciso ter cuidado quanto ao conceito de "verdade". Muitas coisas que interpretamos como "verdades" são na realidade pontos de vista ou resultados de experiências pessoais, que são sempre diferentes das experiências de outras pessoas, e por isto podem não ser verdades. 
    Nos dicionários, ela é encontrada com vários significados: pode ser o próprio fato, algo relacionado ao fato ou algo relacionado a um padrão. Como "padrão" uma regularidade da visão dos fatos por um grupo (pequeno ou grande) de pessoas, o conceito de "verdade" relacionada a um padrão gera dúvidas.

  9. Convencer - Você não precisará convencer o leitor de que sua opinião é a correta, mas seus argumentos tem que ser apresentados de  forma que ele perceba sua sinceridade e que você está realmente bem informado sobre o tema. Por isto a argumentação tem que ser utilizada como um processo discursivo. O assunto tem que ser disposto metodicamente para que o conjunto de ideias influam no raciocínio do leitor.
  10. Conclusão - É a parte final que deve constar em toda redação de qualquer tipo. A conclusão é um resumo dos pontos principais contidos em todos os parágrafos. É o último parágrafo da redação, e por isto deve apresentar ao leitor o desfecho da ideia geral. 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Noções de linguística são muito importantes no ensino de segundo grau

Se o professor
não ensina noções de linguística
em sala de aula,
o aluno deve exigir que ele faça isto. 


Para o desempenho de uma boa redação, é muito importante que a pessoa que redige tenha o melhor nível de conhecimento de linguística que lhe for possível. O problema é que, no Brasil, muitas pessoas falam sobre linguística mas ao mesmo tempo demonstram que desconhecem o significado da palavra "linguística". Isto comprova a existência de dois problemas: muitos professores não ensinam noções de linguística durante as aulas e muitos alunos também não exigem esse ensinamento ou simplesmente não estudam suficientemente na escola e em casa. É claro que, depois, as consequências disto virão durante a vida. 
Apesar da importância científica que lhe é dada com justa razão, o bom domínio de linguística pode e deve ser alcançado por todos. Isto já é possível durante o segundo grau, bastando apenas que o professor ensine e que os alunos estudem. A linguística é, em síntese, o estudo da fala e da linguagem. Mas "linguagem", neste caso, é uma referencia às formas de se expressar tanto através da fala como pela escrita. É preciso, inclusive, entender que "linguagem" é a nossa capacidade de aquirir e utilizar complexos sistemas de comunicação oral e escrita, e que "língua" é uma palavra que, embora seja frequentemente usada com o mesmo sentido de "linguagem", é o resultado natural da aprendizagem da linguagem.
De maneira mais profunda, a linguística inclui estudos de fonemas (sons das palavras pronunciadas), fonologia (estudos básicos dos sons), morfologia (estudo das estruturas das palavras), sintaxe (uso de palavras adequadas para a melhor combinação entre elas), semântica (sentido correto ou figurado das palavras e das frases), lexicologia (estudo do conjunto das palavras de um idioma - neste caso, da língua portuguesa), lexicografia (estudo do conjunto das palavras escritas), terminologia (estudo dos termos)(*), estilística (escolha do estilo mais adequado para a finalidade da redação ou da informação oral), pragmatismo (escolha adequada das palavras para uso figurativo, formal ou informal) e filologia (estudo de palavras de idiomas antigos, principalmente visando analisar as origens das palavras de idiomas atuais). Evidentemente, o aluno de segundo grau não precisará se aprofundar em todos esses detalhes, bastando-lhe que tudo isto seja resumido basicamente em três sub-disciplinas: fonologia, morfologia e sintaxe. 
O melhor domínio possível de noções de linguística auxilia muito no desenvolvimento de uma redação de bom nível porque a língua portuguesa tem uma variedade de palavras com mesmo significado e de significados para uma mesma palavra que facilita muito a escolha de palavras mais adequadas. Ao mesmo tempo, isto nos ajuda a evitar a repetição excessiva de uma mesma palavra e uma mesma expressão num texto. Por isto, se esses detalhes não forem devidamente ensinados na escola, os alunos devem exigir esses ensinamentos dos professores. As variações coloquiais da língua precisam ser mencionadas e analisadas durante a aula, com a ajuda do professor, que tem a obrigação de explicar claramente suas finalidades. Entretanto, é claro que a obrigação não cabe apenas ao professor: cabe também ao aluno estudar muito em casa.
Isto é necessário porque a maior parte da vida de uma pessoa é inevitavelmente burocrática. Constantemente, temos que obedecer leis e exigir que outras pessoas as cumpram para que saibamos quais são os nossos direitos e os nossos deveres. Precisamos constantemente ler e redigir contratos, preencher formulários, e lidar com muitos outros documentos ao longo de nossas vidas, e estamos sempre sujeitos a entrevistas para empregos e outros objetivos. Por isto, é imprescindível a aprendizagem do uso correto de linguagem falada e escrita, tanto para determinadas finalidades quanto em determinadas ocasiões. Eis por que a base para isto te que vir de dentro da sala de aula. Quanto mais cedo isto acontecer, melhor. 

(*) "Termo" e "palavra" não são a mesma coisa. Leia "A Semântica Linguística" para entender melhor as diferenças entre as duas coisas. 

Noções de linguística são muito importantes no ensino de segundo grau

Se o professor
não ensina noções de linguística
em sala de aula,
o aluno deve exigir que ele faça isto. 


Para o desempenho de uma boa redação, é muito importante que a pessoa que redige tenha o melhor nível de conhecimento de linguística que lhe for possível. O problema é que, no Brasil, muitas pessoas falam sobre linguística mas ao mesmo tempo demonstram que desconhecem o significado da palavra "linguística". Isto comprova a existência de dois problemas: muitos professores não ensinam noções de linguística durante as aulas e muitos alunos também não exigem esse ensinamento ou simplesmente não estudam suficientemente na escola e em casa. É claro que, depois, as consequências disto virão durante a vida. 
Apesar da importância científica que lhe é dada com justa razão, o bom domínio de linguística pode e deve ser alcançado por todos. Isto já é possível durante o segundo grau, bastando apenas que o professor ensine e que os alunos estudem. A linguística é, em síntese, o estudo da fala e da linguagem. Mas "linguagem", neste caso, é uma referencia às formas de se expressar tanto através da fala como pela escrita. É preciso, inclusive, entender que "linguagem" é a nossa capacidade de aquirir e utilizar complexos sistemas de comunicação oral e escrita, e que "língua" é uma palavra que, embora seja frequentemente usada com o mesmo sentido de "linguagem", é o resultado natural da aprendizagem da linguagem.
De maneira mais profunda, a linguística inclui estudos de fonemas (sons das palavras pronunciadas), fonologia (estudos básicos dos sons), morfologia (estudo das estruturas das palavras), sintaxe (uso de palavras adequadas para a melhor combinação entre elas), semântica (sentido correto ou figurado das palavras e das frases), lexicologia (estudo do conjunto das palavras de um idioma - neste caso, da língua portuguesa), lexicografia (estudo do conjunto das palavras escritas), terminologia (estudo dos termos)(*), estilística (escolha do estilo mais adequado para a finalidade da redação ou da informação oral), pragmatismo (escolha adequada das palavras para uso figurativo, formal ou informal) e filologia (estudo de palavras de idiomas antigos, principalmente visando analisar as origens das palavras de idiomas atuais). Evidentemente, o aluno de segundo grau não precisará se aprofundar em todos esses detalhes, bastando-lhe que tudo isto seja resumido basicamente em três sub-disciplinas: fonologia, morfologia e sintaxe. 
O melhor domínio possível de noções de linguística auxilia muito no desenvolvimento de uma redação de bom nível porque a língua portuguesa tem uma variedade de palavras com mesmo significado e de significados para uma mesma palavra que facilita muito a escolha de palavras mais adequadas. Ao mesmo tempo, isto nos ajuda a evitar a repetição excessiva de uma mesma palavra e uma mesma expressão num texto. Por isto, se esses detalhes não forem devidamente ensinados na escola, os alunos devem exigir esses ensinamentos dos professores. As variações coloquiais da língua precisam ser mencionadas e analisadas durante a aula, com a ajuda do professor, que tem a obrigação de explicar claramente suas finalidades. Entretanto, é claro que a obrigação não cabe apenas ao professor: cabe também ao aluno estudar muito em casa.
Isto é necessário porque a maior parte da vida de uma pessoa é inevitavelmente burocrática. Constantemente, temos que obedecer leis e exigir que outras pessoas as cumpram para que saibamos quais são os nossos direitos e os nossos deveres. Precisamos constantemente ler e redigir contratos, preencher formulários, e lidar com muitos outros documentos ao longo de nossas vidas, e estamos sempre sujeitos a entrevistas para empregos e outros objetivos. Por isto, é imprescindível a aprendizagem do uso correto de linguagem falada e escrita, tanto para determinadas finalidades quanto em determinadas ocasiões. Eis por que a base para isto te que vir de dentro da sala de aula. Quanto mais cedo isto acontecer, melhor. 

(*) "Termo" e "palavra" não são a mesma coisa. Leia "A Semântica Linguística" para entender melhor as diferenças entre as duas coisas. 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Pleonasmos podem ser usados, mas com cuidado para não exagerar.

Sabemos que toda lan house disponibiliza internet,
mas a redundância na placa atrai a atenção dos interessados
.
Numa redação,
assim como na vida 
(veja o exemplo na foto), redundâncias 
são excelentes recursos para enfatizar uma ideia 
ou uma informação. 
No entanto, 
é preciso cuidado ao usá-las. 

Os pleonasmos não são sempre erros gramaticais. Há situações em que eles são propositais exatamente para dar ênfase ao que se quer dizer. Pleonasmos são casos em que as redundâncias são propositalmente cometidas com este objetivo e são muito comuns nas expressões que usamos ou ouvimos no dia a dia: "vi com meus próprios olhos", "ele se suicidou", "saí fora", etc. No entanto, numa redação, principalmente dependendo do principal objetivo desta (sendo, por exemplo, uma redação com finalidade formal), é importantíssimo evitá-los.
O pleonasmo é uma redundância que, como se percebe nos exemplos acima, pode ser proposital ou não. Portanto, é uma figura de linguagem. Figuras de linguagem são estratégias usadas por quem escreve para facilitar ao leitor o destaque da ideia principal do texto. Os pleonasmos são figuras de linguagens muito presentes em canções, poesias, na linguagem popular, mas também podem ser importantes - dentro dos devidos limites - como recursos redacionais. Porém, o autor de uma redação precisa ter o cuidado de evitar os chamados "pleonasmos viciosos", que são tão comuns em muitos textos mas simplesmente sem utilidade, tais como "agora neste momento", "atualmente hoje em dia", "nunca jamais", "voltar atrás", etc. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Semântica Linguística

Para produzir uma boa redação,
você não precisa conhecer semântica profundamente,
mas precisa ter noções de semântica linguística.

Para escrever uma redação de bom nível, é preciso em primeiro lugar definir o objetivo da redação, a categoria do leitor ou de leitores à qual ela será dirigida e, obviamente, o tema ou assunto principal. É por isto que a língua portuguesa, como muitas outras, tem várias palavras com mesmo significado e, em vários casos, diversos significados para uma mesma palavra (veja "Linguagem Figurada" ou "Sentido Figurado", neste blogue). O objetivo disto é permitir a diversificação do uso de palavras num mesmo texto, evitando a repetição excessivo da mesma palavra. 
Isto não quer dizer, no entanto, que se pode escolher qualquer palavra para substituir outra de significado idêntico. É necessário escolher as palavras mais adequadas para a finalidade da redação e a categoria de leitores a que ela será destinada. Deve-se ter o cuidado de não usar palavras excessivamente formais nem excessivamente informais. Por isto é preciso que se tenha algumas noções de semântica linguística. 
"Semântica" provém de "sëmantikós", uma derivação de outra apalavra grega, "sema", que significa "sinal". Portanto, a semântica linguística é o estudo dos sinais das linguagens, expressos por escrito ou por meio da fala. Atualmente utiliza-se semântica linguística em linguagens de programação de computadores, lógica formal e semiótica. 
Na programação de computadores, a semântica ajuda a elaborar métodos padronizados para o envio de instruções a um computador. Esses métodos, por sua vez, ajudam a especificar da melhor forma possível os dados sobre os quais o computador deverá atuar. 
A lógica é um ramo da filosofia pelo qual é estudado o raciocínio válido. Portanto a lógica formal é um método de avaliação do sentido do raciocínio através de argumentações. Em linguística, é a análise argumentativa dos significados das palavras, termos e expressões. 
A semiótica é a combinação de estudos dos signos e da semiose. Os signos são símbolos que representam os significados propriamente ditos das palavras ou expressões, ou aqueles que queremos dar a elas, mas que são diferentes dos significados originais (ver "Linguagem Figurada" e "Sentido Figurado"). Em resumo: a semiótica, em linguística, é o processo pelo qual os símbolos são concebidos.
através da linguagem.
Não confunda "semântica" com "sintaxe". A semântica se refere aos significados das palavras, dos termos e das expressões. A sintaxe é o estudo das estruturas das palavras e dos significados que queremos que elas tenham através da forma como as incluímos no contexto da redação. 

Fontes: 
  • Dicionário Aurélio Buarque de Holanda
  • Novo Manual de Língua Portuguesa, de Celso Pedro Luft

quinta-feira, 24 de junho de 2010

30 - "Ouça o silêncio da torcida brasileira!"

Na primeira participação da seleção do Brasil nesta Copa, a torcida brasileira presente ao estádio se mostrou um tanto tensa, silenciosa, durante o primeiro tempo. O time brasileiro demonstrava certa insegurança diante da seleção da Coréia do Norte. Num dado momento, o narrador da Rede Globo de Televisão, Galvão Bueno, chamou a atenção dos telespectadores: "Ouça o silêncio da torcida brasileira!"
Como forma de destacar a inquietude dos torcedores, tal expressão pode ser considerada "aceitável", mas não deve ser considerada como correta. O silêncio é o resultado da ausência de sons; portanto, não pode ser ouvido. Dizer "ouça o silêncio"  é algo como dizer "suba para baixo" ou "grite calado". Ocorre o contrário quando dizemos "ouça o barulho", pois o barulho que ouvimos pode não estar sendo percebido por outras pessoas, e pode ser ouvido em tons diferentes por cada pessoa. 
Resumindo: numa narração ou numa redação esportiva na qual se pretende demonstrar descontração, não há problema quanto ao uso de expressões como "ouça o silêncio". Porém, numa redação - jornalística ou não - na qual, mesmo não se pretendendo usar uma linguagem erudita, se queira dar uma aparência "formal", não é proibido usá-las, mas é melhor evitá-las. 

quarta-feira, 9 de junho de 2010

27 - Erros muito comuns, mas que podem e devem ser evitados.

Você provavelmente ouviu várias vezes Ana Maria Braga ou seus convidados recomendando que sejam incluídas "algumas" gramas de sal nas receitas. 
Também já ouviu William Bonner dizer que "a gasolina vai aumentar", 
mas querendo referir-se ao preço da gasolina. 
Isto sem falar em expressões absurdas como "liquidação imperdível", 
"meu óculos", etc. 


Dizem que muitas vezes "os erros vem dos mestres", "é errando que se aprende", "errar é humano". O problema é que, nos casos que citei acima, os mesmos erros são repetidos constantemente, inclusive pelas mesmas pessoas. Esses profissionais costumam dizer que que essa forma de se expressarem facilita a comunicação com a população devido ao jeito popular de se expressar. No entanto, há diferenças entre "expressões populares" e "expressões erradas". Como exemplo, lembro o fato de que quando um repórter ou um narrador de futebol informa que um jogador teve problemas na panturrilha esquerda, os torcedores entendem muito bem que "panturrilha" é o nome correto da "batata" ou "barriga" da perna - neste caso, da perna esquerda. 
Também é importante lembrar que profissionais de comunicação - jornalistas, radialistas,  profissionais de propaganda e marketing - são também educadores. Mais do que os professores, estes, exatamente por serem profissionais de comunicação, são grandes responsáveis pela educação do povo, já que são oficialmente transmissores de informações. Não precisam falar e escrever em linguagem extremamente erudita, mas têm a obrigação de fazê-lo da forma mais correta possível. 

Por que "os óculos" e não "o óculos"?
Por que "dois gramas" e não "um grama"?

"Óculo" (assim mesmo, sem o "s") é o nome que se dá à peça também conhecida como "lente". Por sito, quem usa lentes de contato também usa óculos - óculos de contato. No caso de "óculos", o "s" surge no final da palavra porque são duas lentes - portanto, dois óculos. Por isto, nunca se deve dizer ou escrever "o óculos", "aquele óculos", etc. Como o substantivo está no plural, os artigos definidos ou indefinidos ou numerais que o precedem também devem ser pluralizados: "os óculos", "aqueles óculos".
Você nunca vai conseguir colocar uma grama de sal na receita porque não existe capim de sal. Isto mesmo: "grama" só é substantivo feminino quando a palavra se refere à vegetação também conhecida como "capim". A unidade de peso é um substantivo masculino, e neste caso deve-se dizer sempre "o grama", "os gramas", "um grama", "meio grama", "um grama e meio", "dois gramas", "vinte e dois gramas", "vinte e dois gramas e meio", etc.

"Imperdível" e "O aumento da gasolina"

A televisão frequentemente anuncia "filme imperdível", "show imperdível". Filmes comerciais anunciando liquidações ou ofertas "imperdíveis" são cada dia mais comuns. A palavra "imperdível" não é correta nem incorreta, ela simplesmente não existe na língua portuguesa e por isto deve ser evitada. Numa conversa entre amigos, numa linguagem informal, seu uso não apresenta problemas, mas numa mensagem formal ou transmitida através de um veículo de comunicação - televisão, rádio, jornal, out-door, etc. - deve ser evitado. Por que não escrever ou dizer "não perca o show", "não perca a promoção", etc.?
Na abertura de um telejornal, o apresentador diz: "Gasolina aumentou quatro vezes este mês". Se essa informação fosse verdadeira, seria um fato digno de comemoração, pois haveria oferta de gasolina em abundância. O problema é que, quando eles dizem isto, na verdade querem dizer que o que aumentou quatro vezes em um mês foi o preço da gasolina a ser pago pelo consumidor. A forma correta é "Preço da gasolina aumentou quatro vezes este mês". Quando dizemos que a gasolina aumentou, estamos dizendo que houve aumento do volume do combustível a ser vendido. O mesmo erro é frequentemente cometido quando se diz "aumento do feijão", do arroz, da farinha, da energia elétrica, etc.
Eu também acho que errar é humano, mas evitar a correção de algo que se sabe que está errado é outro erro que também pode e deve ser evitado. 

A seguir: "Outros erros muito comuns"