A argumentação não é para convencer o leitor.

O argumento
é a explicação
da base da opinião.

Há professores que explicam aos alunos que, numa redação, a argumentação é a forma de tentar convencer o leitor sobre a ideia ou opinião defendida ou exposta no texto. Isto não é verdade. O professore que ensina desta forma demonstra que não conhece o significado da palavra "argumento". 

O autor da redação não deve apresentar sua ideia ou opinião sobre o tema como se esta fosse uma verdade inquestionável. ele deve apenas mostrar quais são seus fundamentos. O argumento é a linha de raciocínio criada pelo redator para ajudar o leitor a compreender sua ideia. Isto não significa que ele tenha que convencer o leitor sobre ela. Portanto, a argumentação é o estabelecimento de uma relação entre fatos, teses, opiniões, problemas, sugerindo possíveis formas de obter soluções. Seu objetivo é apenas embasar a ideia ou a opinião.
A argumentação é uma organização de informações e pontos de vista cuja característica principal é a possibilidade de criar argumentos favoráveis e contrários. Isto favorece ao leitor seu direito de concordar ou discordar. Desta forma, dizer que a argumentação tem o objetivo de convencer o leitor é uma contradição. Argumentar é colocar o objeto de certeza de um pensamento aberto a um debate.

Para ler mais sobre isto, acesse "Os Dez Mandamentos para uma Boa Argumentação".

Redação, Texto e Ensaio

É importante
saber quais são
as diferenças
entre essas três coisas.

Muita gente pensa que "texto" é o mesmo que "redação". Ignorar as diferenças entre as duas coisas é um dos fatores que contribuem para a dificuldade no desenvolvimento de uma redação de bom nível, pois faz o autor se preocupar mais com a qualidade do texto (que obviamente é importante) e menos com a qualidade da redação (que é igualmente importante). 

O texto é uma sequência de palavras que faz com que elas complementem um sentido e permite uma interpretação de uma mensagem. É uma obra escrita original que pode constituir um livro, um documento, uma reportagem impressa, o roteiro de um filme, etc. Por ser uma sequência de palavras que constituem uma mensagem, esse conceito faz com que o texto seja confundido com a redação. A redação é o processo pelo qual se redige um texto, e "redigir" não significa apenas "escrever". "Redigir" é o ato de fazer com que o texto seja dissertativo e argumentativo, revelando a habilidade comunicativa de quem escreve. A habilidade ou incapacidade de comunicação que uma pessoa demonstra ao escrever é a mesma que ela tem ao falar, já que tanto num caso como no outro ela usa as palavras e expressões tal como aprendeu.
Há também pessoas que confundem "ensaio" com "texto" ou "redação". O ensaio é uma redação na qual o texto é referente a um determinado tema, mas de maneira que este seja exposto de forma pessoal ou subjetiva (ou seja, individual, particular, pessoal). Numa redação, o tema é apresentando com argumentação como base para explicar o ponto de vista do autor, mas não de forma a convencer o leitor de que seu pensamento está certo. No ensaio, o objetivo é revelar experiências pessoais para estabelecer o que o autor considera como realidade. Existem ensaios filosóficos, científicos, sociais, religiosos, morais, etc.

A Redação e a Oratória

Imagem: Arquivo Google

A forma como você
se expressa numa redação
é a forma como você 
se expressa quando fala.

Eis por que as provas de redação no Enem, nos vestibulares e nos concursos públicos são consideradas altamente importantes: sua redação revela sua capacidade de se comunicar. "Comunicar-se" é interagir. "Interagir" é exercer uma ação mútua como uma ou mais pessoas. No caso da comunicação, essa interação se dá entre pessoas que transmitem mensagens ou informações e pessoas que as recebem e enviam respostas. Ou seja: a comunicação é uma troca de informações. 
Isto faz da redação um instrumento muito importante para medir a capacidade oratória. A redação revela sua capacidade de transmitir uma ideia ou informação através da escrita. A oratória revela sua capacidade de transmitir essa mesma ideia ou informação através da fala.  Na redação, você usa as mesmas palavras e expressões que você usa quando fala, e isto se dá por uma razão fácil de ser entendida: estas são as palavras e expressões que você conhece. Aí surgem duas necessidades para você obter sucesso social e profissional: conhecer cada vez mais palavras e expressões e usar as que você conhece de forma adequada para os contextos nos quais elas serão inseridas. Quem procura escrever sempre melhor  amplia sua capacidade de falar cada vez melhor. Esta é a relação entre a redação e a oratória. A oratória  é a capacidade de falar em público ou para um público de maneira a informar, influenciar ou entreter os ouvintes. Para isto é preciso desenvolver e saber usar um conjunto de regras e técnicas adequadas para realizar um discurso claro e objetivo. 
O discurso - que pode ser uma redação - é a forma de expor um determinado assunto. É um conjunto de ideias organizadas através de uma linguagem de forma a conduzir o raciocínio das pessoas que o ouvem ou o leem. É aí que entra a importância da redação nas provas para que se possa verificar a capacidade do autor ou da autora desenvolver uma linha de raciocínio. Esse processo vem se desenvolvendo no mundo há mais de cinco mil anos e é, cada vez mais, uma das principais bases para o desenvolvimento social. Ela é a representação gráfica das nossas formas de nos expressarmos. Por isto, quando buscamos melhorar nossos níveis de redação, também estamos melhorando nossas capacidades de oratória, e as duas coisas coisas estão se tornando cada vez mais importante para o sucesso em todas as atividades sociais e profissionais.

A Verdade Sobre a Verdade

Foto: Arquivo Google

"Verdade", "realidade"
e "fato"
são coisas diferentes. 

Há poucos dias fiz uma postagem no Facebook aconselhando: "Nunca diga 'minha verdade' ou 'minhas verdades'. A verdade não tem dono(a)." Ao fazer um comentário, uma amiga questionou: "Alguém sabe o que é uma verdade?". Agradeci a ela porque isto me fez ter a ideia de produzir este artigo.
Para se fazer uma boa redação, é importante saber que "realidade", "verdade" e "fato" são palavras com significados distintos, embora elas sejam citadas como sinônimos em vários dicionários. É importante também saber que "fato real" não é uma redundância, pois nem sempre um fato é real. Um fato é algo que pode ser comprovado, mas só se torna realidade quando ocorre a comprovação. Enquanto isto não ocorrer, o fato é apenas algo possível de acontecer ou de ter acontecido. Quando se diz que um filme é "baseado em fatos reais", isto pode tanto significar que os fatos narrados no filme já aconteceram como podem acontecer. Não significa necessariamente que a história que o filme conta seja real. Pode ser uma ficção baseada em fatos que já ocorreram ou podem ocorrer.
Uma verdade pode ser uma realidade ou não. Quando ela está próxima de ser uma realidade, mas depende de certas situações e de determinados contextos, é chamada "verdade subjetiva". Às vezes o que estabelecemos como verdade se baseia em interpretações pessoais do que observamos ou presenciamos, sustentadas mais pelas nossas escolhas do que seja uma verdade do propriamente por evidências.
A interpretação mais comum do que é real se refere ao que é palpável, do que se pode tocar, ver, sentir, comprovar. Sabemos que o ar e o vento são reais porque não podemos tocá-los nem vê-los, mas podemos sentir o ar enquanto respiramos e o vento quando este toca em alguma parte do corpo, quando o percebemos arrastar ou levantar uma folha que estava no chão, etc. 

"Realidade" vem da palavra latina "realitas", que significa "coisa", "objeto" ou mesmo "tudo que existe". Na interpretação do que consideramos real, submetemos o significado de "realidade" ao campo das nossas escolhas. Em outras palavras: determinamos como parte do que consideramos ser um fato real ou possível algo adquirido a partir dos sentidos e do conhecimento adquirido. Dessa forma, a construção das coisas e as nossas relações dependem de um contexto que ao longo da existência cria uma relação entre a aprendizagem e o desejo: o que aceitaremos como fato, como realidade ou como verdade?

O Complexo Conceito de "Cultura"

Uma atividade
só pode ser considerada
como "cultural"
se tiver relação 
com aprendizagem
e educação.

Muita gente diz que Carnaval é cultura, cinema é cultura, música é cultura. Entretanto, definir o que é cultura não é tão simples assim. O conceito de "cultura" inclui vários fatores que se relacionam principalmente à antropologia, uma ciência dedicada aos estudos sobre o ser humano e a humanidade em todas as suas dimensões. O antropólogo britânico Edward Burnett Tylor (1832-1917) simplificou esse conceito ao explicar que inclui as crenças, a arte, a moral, os costumes, as leis e o conhecimento. 

"Crença" não é "religião". É uma espécie de estado psicológico que uma pessoa assume como "verdade", uma convicção, uma opinião formada. A religião é um conjunto de crenças que buscam estabelecer, através de símbolos, cerimônias, etc., uma relação entre a humanidade e a espiritualidade. 

A arte (que inclui pinturas, cinema, esculturas, música, literatura, desenhos, etc.) é uma atividade relacionada à estética e principalmente à comunicação, permitindo o uso de uma imensa variedade de linguagens. "Comunicação" é a troca de informações entre duas ou mais pessoas por meio de sinais e regras mutuamente interpretáveis. Pode-se dizer que a comunicação é uma atividade social que envolve a criação e a interpretação de mensagens provocando outra mensagem como resposta. 

A moral está relacionada ao caráter de uma pessoa. O caráter é considerado como sinônimo de "personalidade", mas na verdade seu conceito é relacionado aos traços morais da personalidade. A personalidade é um conjunto de padrões e características que determinam os modos de pensar, sentir e agir de uma pessoa.
Os costumes são regras sociais de uma pessoa, de uma família ou de um povo que resultam numa espécie de convicção de obrigatoriedade. Variam de acordo com cada sociedade, cada povo, cada cultura. 

Uma lei é um sistema de regras criadas e executadas por meio de instituições sociais (igrejas, clubes, empresas, etc.) e governamentais para regular os nossos comportamentos, os nossos direitos e as nossas obrigatoriedades. No Brasil, existem leis federais (as que constam na Constituição Federal), as estaduais (que constam nas constituições estaduais) e as municipais (relacionadas às leis orgânicas municipais). 

A principal relação do conceito de "cultura" é com o conhecimento. Refere-se ao conhecimento das leis, dos costumes, de fatos históricos, de fatos científicos, de detalhes profissionais. É todo um conjunto de informação e de noções adquiridas através de estudos e experiências. Portanto, tem muito a ver com aprendizagem e educação. 

A aprendizagem de uma pessoa é todo o processo pelo qual suas competências, suas habilidades, seus conhecimentos, seus valores são adquiridos, modificados e melhorados. O processo envolve uma série de estudos, experiências, formação, raciocínio e observação. O processo de aprendizagem é uma das nossas funções mentais mais importantes. 

A educação envolve o ensino e a aprendizagem. O ensino é a transmissão de conhecimentos que as pessoas usam para instruir e educar outras pessoas. A palavra é mais empregada para se referir a processos de conhecimentos adquiridos nas escolas, faculdades e universidades, que por isto são chamadas "instituições de ensino" ou "estabelecimentos de ensino". Consequentemente, esses locais são também instituições ou estabelecimentos de aprendizagem. 

Há um tipo de ensino chamado "não formal", que geralmente é intencional. Relaciona-se a processos, por exemplo, de desenvolvimento de consciência política. Apesar de ser "não formal", não deve ser confundido com o ensino informal. Este se refere a processos de socialização das pessoas. "Socialização" é a assimilação de hábitos e costumes característicos ou específicos de um determinado grupo social que pode ser uma família ou uma rede social.
Já que mencionei "rede social", não existem redes sociais apenas na Internet. "Rede social" é qualquer estrutura social conectada por um ou vários tipos de relações compartilhando valores e objetivos comuns. São membros de uma rede social os moradores em uma determinada rua, os moradores de um bairro, os membros de uma igreja, os sócios de um clube, os funcionários de uma empresa, os profissionais de uma determinada categoria (médicos, engenheiros, professores, etc.), etc. 

Portanto, para uma atividade ser considerada cultural, ela tem que estar relacionada a pelo menos alguns desses fatores aqui citados. O fundamental é que esteja relacionada principalmente a processos de educação e aprendizagem. 

Talentos, Dons, Habilidades e Vocações

Ilustração: Instituto Brasileiro de Coaching

Há semelhanças
e diferenças
entre estas quatro coisas,
mas as diferenças
podem ser muito mais importantes.

É comum alguém, ao se referir a uma pessoa que apresenta boa desenvoltura para realizar algo (para desenhar ou escrever, por exemplo), dizer que ela tem talento para isto. Outras pessoas dizem que é dom. Outras, que "talento" e "dom" são a mesma coisa. Não é bem assim. As duas coisas têm certas semelhanças, mas têm também importantes diferenças. 

O talento é a inclinação natural de uma pessoa para realizar uma atividade. O dom também. A diferença principal é que o talento é o significado de "talento" está relacionado à habilidade. Esta, por sua vez, não deve ser confundida com "competência". A habilidade é a capacidade que uma pessoa tem para realizar uma atividade. Porém, toda pessoa tem muitas habilidades. É esse conjunto de habilidades que se chama "competência". A competência se desenvolve através da relação das habilidades com conhecimentos adquiridos por meio de aprendizagem. No caso de uma aprendizagem profissional, os processos envolvem experiências práticas, treinamentos e atuações efetivas em trabalhos e situações.
O dom é a habilidade que mais se destaca numa pessoa. Não deve ser confundido com "vocação". A vocação é o desejo muito forte de realizar algo, de ser um profissional em uma determinada área. Como a vocação para ser cantor, por exemplo. Porém, muita gente comete um erro ao dar mais importância à vocação do que ao dom. É possível que a pessoa tenha um determinado dom sem que ela mesma saiba ou perceba e, por isto, não lhe dê a devida importância. Um teste vocacional pode ajudar muito a descobri-lo. 

Os testes vocacionais - também chamados "orientações vocacionais" - visam ajudar a pessoa a obter um autoconhecimento que contribua para seu sucesso e sua realização profissional e social. No entanto, não confie nesses "testes" oferecidos por meio de aplicativos e sites: eles têm que ser aplicados e acompanhados presencialmente por psicólogos. Esse autoconhecimento destaca os pontos fracos e os pontos fortes das habilidades e das vocações e quais deles constituem a melhor combinação entre os talentos, os dons e a vocação. Este é um fator muito importante para a escolha de uma profissão.
O dom é uma grande habilidade, mas o talento é algo que pode ser construído ao longo de um tempo. Vem daí a utilidade dos treinamentos, das aulas práticas, dos exercícios, etc. Os métodos devem ser elaborados de modo que a pessoa aprenda e nunca esqueça o que aprendeu. O dom é uma dádiva. Não é algo que a pessoa oferece a alguém, mas uma dádiva que ela recebeu (da natureza, de Deus, ou como ela preferir acreditar). O talento é a capacidade de desenvolver esse dom. 

"Inflação" e "Deflação"

Imagem: Academia Liberalismo Econômico

Quando o tema da redação
é relacionado à economia, 
a palavra "inflação"
é usada com grande frequência, 
mas nem sempre
de acordo com o contexto.

Muita gente usa a palavra "inflação" sem o real conhecimento de seu significado. Isto é verificado com grande frequência nas provas de redação do Enem (Exame Nacional de Ensino Médio), em concursos públicos, etc. Obviamente, isto faz estudantes e candidatos a empregos perderem pontos. Ao usar qualquer palavra ou expressão numa redação, é importante que o redator demonstre, no texto, que conhece seu significado. No caso de "inflação", aqui estão algumas "dicas".
Se você quiser ou tiver que fazer menções à inflação, dependendo do contexto, talvez também seja importante fazer uma pequena abordagem sobre a deflação. Para isto, precisa saber com certa exatidão o que são essas coisas. "Inflação" é o mesmo que "enchimento". Um barco inflável, por exemplo, é um tipo de embarcação feita de material leve contendo gás pressurizado, o que lhe permite manter-se boiando sobre a superfície da água. Em economia, a inflação é o fenômeno causado pelo aumento contínuo e generalizado dos preços dos produtos destinados a consumo, principalmente os de necessidade básica (medicamentos, alimentos, etc.). Há a inflação de demanda, que ocorre quando o poder aquisitivo da maioria da população aumenta mais do que a capacidade da economia prover os bens e serviços solicitados. Há a inflação de custos, quando os insumos necessários para a produção desses produtos e serviços ficam mais caros. Há também a inflação inercial, que resulta de um impacto resultante de tendências inflacionárias de períodos anteriores.
Em contrapartida, às vezes ocorre uma deflação. É quando ocorre uma diminuição nos índices de preços ao consumidor. Por exemplo, quando a inflação de 10% ao mês cai para -1% (menos um por cento) ao mês. A deflação não pode ser confundida com "desinflação". Há uma desinflação quando o aumento de preços continua ocorrendo, porém em índices mais baixos. Ou seja: a desinflação não é o contrário da inflação; é apenas a inflação menos acelerada.
Para enriquecer mais a sua redação, procure mais informações obre esses temas. Estar sempre bem informado nunca é demais e ajuda muito no seu desenvolvimento profissional, social, etc.