segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A Compreensão e o Entendimento

Ilustração do Arquivo Google.
Há diferenças
entre "compreender"

e
"entender".



A compreensão e o entendimento de um texto são elementos fundamentais para alguém alcançar o objetivo desejado através de sua redação. A ilustração mostra como isto acontece. O esquema é semelhante ao caso em que uma pessoa fala e a outra escuta (lembre-se que "escutar" e "ouvir" também são coisas diferentes entre si). O "emissor" é a pessoa que escreve, o "receptor" é o leitor, o "canal" é o texto e a mensagem é a própria redação com as informações que ela contém.
Uma frase que faz parte de uma velha piada, "entendi mas não compreendi", faz muita gente pensar que "entender" e "compreender" são palavras com o mesmo significado. O ato de ouvir se refere apenas ao sentido da audição. Uma pessoa pode ouvir e não entender o que ouviu. A pessoa escuta quando presta atenção ao que a outra fala e entende claramente o que foi dito. É claro que esse entendimento também dependerá da clareza com que a outra pessoa fala, pronunciando empregando as palavras corretamente. As diferenças entre entender e compreender um texto são semelhantes às diferenças entre ouvir e escutar. 
A compreensão é um processo psicológico que nos leva ao entendimento do significado de algo. Como o nosso tema é "redação", refiro-me, neste caso, à compreensão por parte do leitor em relação ao que o autor da redação escreverá para ele ler. Isto nos leva a lembrar o que eu já disse na postagem anterior: quando você estiver escrevendo, ponha-se no lugar do leitor. A compreensão do leitor é a forma como ele assimila o que está escrito. É o que se chama "interpretação de texto". Para o leitor interpretar o texto corretamente, o autor da redação precisa escrever corretamente. "Escrever corretamente" significa empregar as palavras e expressões ortograficamente corretas, adequadas ao contexto e propícias tanto para o objetivo da redação quanto para a categoria de leitores a que ela se destina. 
No processo de compreensão, é necessária a interpretação correta, que depende tanto da capacidade do leitor interpretar quanto da capacidade do autor do texto escrever de forma correta e objetiva. O autor tem a obrigação de escrever de forma a ajudar o leitor a desvendar as mensagens contidas na redação de forma que este compreenda os sentidos do texto e do contexto. É isto que leva o leitor ao entendimento, que é o ajuste de ideias que pode, inclusive, ajudá-lo ou influenciá-lo na formação de sua opinião. Novamente, aí está mais uma razão para que o autor produza sua redação não como ele quer, mas como ela tem que ser produzida: com o uso de palavras e expressões adequadas, de acordo com o tema e o contexto, e com argumentações bem fundamentadas. 

domingo, 19 de novembro de 2017

Ponha-se no lugar do leitor.

Numa redação,
nem sempre
podemos escrever
como quisermos.


Muita gente diz que a língua portuguesa é muito difícil porque tem muitas palavras com o mesmo significado e, em alguns casos, muitos significados para uma mesma palavra. Na verdade isto também ocorre em vários idiomas, não é uma "exclusividade" lusofônica. Além disto, é exatamente essa diversidade de palavras e de significados que facilita a qualidade na comunicação. 
Talvez você conheça o dito popular que ensina que, antes que digamos algo, temos que nos colocarmos no lugar de quem nos ouvirá. A mesma regra deve ser considerada como escrevemos: temos que nos colocar no lugar de quem lerá nossos textos. Para você ter certeza de que sua redação estará em condições de obter seu objetivo, você terá que usar uma linguagem que esteja ao alcance da compreensão de quem a lerá. É por isto que essa variedade de palavras para um significado e de significados para uma palavra nos ajuda a produzir redações qualitativas.
O exemplo na ilustração mostra uma página de um dicionário mostrando três definições distintas para a palavra "família": "núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos", "grupo de pessoas ligadas por uma mesma ancestralidade" e "pessoas ligadas entre si pelo casamento de duas pessoas e pela filiação, pela adoção, etc.". Há também outros significados para "família": Na zoologia, significa um determinado grupo ao qual pertencem tipos de animais diferentes: equídeos (cavalos, burros, etc.), paquidermes (hipopótamos, elefantes, etc.), etc. Na botânica, definem grupos aos quais pertencem vegetais com características comuns. Em economia, a palavra "família" é muito usada como referência a um grupo de produtos de uma mesma marca, bem como também para produtos de marcas diferentes mas com algo em comum - produtos de limpeza (sabões, detergentes, etc.); eletrônicos (televisores, computadores, etc.); produtos de comunicação (telefones, interfones, microfones, etc.). Há também as famílias de produtos alimentícios, impressos (jornais, revistas, etc.), entre outras.
Aos que têm dificuldades para se lembrar de palavras diferentes para um mesmo significado, sugiro que treinem em casa fazendo redações com o auxílio de um bom dicionário. Isto sempre gera ótimos resultados com o tempo. Para o uso de palavras com significados diferentes dos originais, há situações em que as metáforas, a linguagem figurada e os sentidos figurados são ótimos recursos, desde que usadas na medida adequada e para as finalidades adequada. Leia mais sobre isto aqui.

sábado, 18 de novembro de 2017

O BRICS Não é um Bloco Econômico

Estes são os blocos econômicos.
A forma correta
é "o BRICS",
não é 
"os BRICS".

Tanto nos concursos públicos como nos exames vestibulares, as provas de português incluem conhecimentos gerais. Além das questões sobre regras ortográficas e gramaticais, elas incluem interpretações de textos sobre economia, política e atualidades de diversas áreas. Isto obriga o candidato a estar a par de tudo que acontece nesses setores. É o que também pode ocorrer no que se refere às redações. Entre os temas sempre possíveis de serem exigidos estão os que se referem a blocos econômicos. Eis por que muitas pessoas – especialmente as que procuram empregos – precisam saber o que são, como se formam, qual a finalidade desses blocos.
Com frequência, através dos telenoticiários, repórteres costumam se referir ao BRICS como se este fosse um "bloco econômico". Não faça isto numa redação. Inicialmente, "BRICS" era a sigla para Brasil, Rússia, Índia e China, criada pela instituição financeira norte-americana Goldmam Sachs para identificar os cinco países de economia emergente que mais se destacaram no final dos anos 1990. A partir de 2011, o grupo passou a se chamar "BRICS" por causa da inclusão da África do Sul. 
Um bloco econômico é um grupo formado por países que se associam para estabelecer relações comerciais comuns entre si. Esta definição não está errada, mas está incompleta. Essa associação de países estabelecer relações comerciais entre eles tendo como principal objetivo a redução de tarifas alfandegárias para facilitar a introdução dos produtos fabricados em cada país (roupas, alimentos, veículos, material eletrônico, medicamentos, etc.) no mercado internacional. Para isto, é necessário que os países que integram o mesmo bloco econômico estejam situados numa mesma região e tenham fronteiras entre si. Este não é o caso do BRICS, grupo que conta, por exemplo, com o Brasil, que se situa na América do Sul; a China, país da Ásia, e a África do Sul, um país africano. Muitos jornalistas também cometem o erro de dizer "os BRICS". O "S" da sigla não representa um plural, foi colocado apenas para representar a África do Sul (em inglês, "Soulth Africa"). Embora inclua vários países, o BRICS é um grupo. Portanto, o artigo masculino ou feminino que preceder a sigla terá que estar sempre na forma singular.
O primeiro bloco econômico a ser organizado no mundo foi a Comunidade Econômica Européia (CEE). Sua fundação ocorreu em 1957.  Atualmente é conhecido como ”União Européia” (UE). Formado por 15 países da Europa Ocidental, o grupo recebeu o novo nome em 1991, quando foi assinado o tratado de Mastrich, que só entrou em vigor em 1993, ao ser firmado um acordo com a União Política e a União Monetária Econômica. Deste acordo resultou a criação do euro como unidade monetária única entre os países membros. Além da UE, destacam-se entre os blocos econômicos mais importantes a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec) e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). A Apec surgiu em 1993 com o objetivo de criar uma zona de livre comércio entre os seus 20 países membros (Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia , Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul, Tailândia, Estados Unidos, China, Hong Kong, Taiwan, México, Papua Nova Guiné, Chile, Peru, Federação Russa e Vietnã) até 2020. Apesar de Hong Kong não ser um país (pertence à China), participa do grupo de forma independente do governo chinês.
O Nafta iniciou suas atividades em 1988, quando os Estados Unidos e o Canadá decidiram integrar suas economias. Em 1993 recebeu a adesão do México. Em 1994, um tratado estabelecido entre os três governos entrou em vigor para eliminar totalmente as barreiras tarifárias entre eles num prazo de 15 anos. Isto contribuiu para o crescimento da circulação de mercadorias entre os três países, que chegou a 156% entre 1990 e 1999. Esse fato ajudou a economia mexicana a se colocar entre as 15 maiores do mundo.
O Brasil tem participações em várias associações internacionais. Uma das principais é o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), que tem este nome porque os primeiros países membros formam a figura de um cone na extremidade sul do mapa da América do Sul. O bloco foi criado em 1991 com a união entre o Brasil, a Argentina e Uruguai. Em 1995, instalou-se a Área de Livre Comércio, que permitiu a circulação de 90% de todas as mercadorias produzidas nos três países com isenção total de tarifas de importação. O Chile solicitou sua admissão ao Mercosul em 2000, mas em dezembro do mesmo ano decidiu firmar uma cordo com os Estados Unidos e por isto seu pedido foi suspenso. Mesmo assim, permaneceu como membro associado, e o Panamá, o México e a Venezuela iniciaram negociações para assinar um acordo de comércio com o bloco.
Existem vários tipos de blocos econômicos. Todos têm as mesmas finalidades básicas: minimizar os problemas econômicos de cada país ou grupo de países e, ao mesmo tempo, facilitar a introdução de suas mercadorias no comércio internacional. Entretanto, existem basicamente três tipos de blocos econômicos:
  • Mercado Comum – o Mercosul é um exemplo deste tipo de bloco. Caracteriza-se por permitir a livre circulação de serviços, capitais e pessoas entre os países que participam do grupo.
  • União Aduaneira -  os blocos deste tipo abrem mercados internos de cada país membro aos demais participantes do mesmo bloco e regulamentam o comércio do bloco com nações de outras associações. O Mercosul também tem características como estas, sendo ao mesmo tempo um mercado comum e uma união aduaneira.
  • União Econômica e Monetária – A União Européia, que criou o euro, é um exemplo deste tipo de bloco. Tem as mesmas caracteristicas de um mercado comum, mas acrescenta a elas a adoção de uma política de desenvolvimento e o estabelecimento de uma moeda única.

Há também as Zonas de Livre Comércio. Estas são regiões onde se localizam países que têm fronteiras entre si mas se unem para para eliminar ou pelo menos reduzir as taxas alfandegárias incidentes sobre trocas de mercadorias entre os países do mesmo grupo.

        quarta-feira, 15 de novembro de 2017

        Estabelecer parâmetros numa redação é sempre uma boa ideia.

        O ponto indicado pela seta
        é um parâmetro
        entre as duas linhas.
        Eles são
        sempre úteis

        para o leitor
        entender o texto

        com mais facilidade.

        Na matemática e em ciência da computação, um parâmetro é um valor definitivo proveniente de valores variáveis. Numa redação, a palavra "parâmetro" assume um sentido metafórico. No texto, os parâmetros são usados para fortalecer os sentidos dos argumentos. Numa redação sobre estatísticas de uma população, o parâmetro pode ser, por exemplos, a faixa etária de pessoas interessadas em um tipo de esporte, o número de estudantes que gostam de praticar a leitura diária, etc. No entanto, é preciso ter o cuidado de não confundir esses parâmetros com a média amostral. "Média amostral" é o resultado estatístico obtido através de uma coleta de informações provenientes de uma variável aleatória. Essa "variável" é o conjunto de dados relacionados ao objeto da pesquisa estatística (por exemplo, o número de pessoas que preferem um determinado candidato a uma eleição presidencial).
        Na redação, um parâmetro é um ponto em comum em duas ou mais coisas numa comparação. É um padrão, uma regra, um princípio pelo qual se estabelece uma relação entre pessoas, coisas ou fatos diferentes. Os uniformes dos jogadores de um time de futebol, por exemplo, são padronizados. Neste caso, o uniforme do time é um parâmetro. Na geometria, o cruzamento entre duas linhas estabelece como parâmetro o ponto no qual ocorre o cruzamento. Aí, o ponto é um padrão porque o mesmo pertence a duas linhas. Numa redação, se o texto for referente a uma pesquisa que o redator fez em vários livros, os padrões são os aspectos em comum que ele encontrou em cada livro sobre o tema abordado.
        O uso de parâmetros sempre enriquece a redação. Uma das formas mais fáceis de estabelecer parâmetros no texto é a citação de exemplos de fatos diferentes para argumentar o mesmo tema. Nesses casos, os parâmetros se tornam inevitáveis e os leitores os identificam com muita facilidade, pois são exemplos diferentes relacionados a um mesmo tema. 

        terça-feira, 14 de novembro de 2017

        "Produto em promoção" não significa "produto mais barato".

        Lembre-se disto
        quando fizer uma redação
        sobre prática comercial.

        Muita gente interessada em comprar um determinado tipo de produto se sente atraída quando o anúncio de um estabelecimento comercial informa que o mesmo está "em promoção". Depois, sentem-se decepcionadas ao perceber que o preço praticado não era tão baixo quanto esperavam. A razão é simples: "produto em promoção" nem sempre é "produto mais barato". Quando você quiser fazer uma redação sobre preços praticados no mercado, lembre-se disto. 
        Pode ser que um dia, profissionalmente, você tenha que fazer redações sobre marketing promocional. Mesmo como consumidor, você precisa saber que o marketing promocional é o que conhecemos como "promoção". É prática do "merchandising". Trata-se, portanto, da promoção de um produto ou um serviço, ou de sua marca, para que os consumidores ou clientes percebam sua qualidade de modo que vejam isto como algo mais importante do que simplesmente o preço. As atividades promocionais aplicadas a produtos, serviços e marcas são feitas buscando a interação entre esses itens e seu público-alvo (o tipo específico de consumidores ou clientes a quem eles possam interessar) para promover as vendas. 
        Vem daí o nome popularmente mais conhecido para essa atividade comercial: "promoção". É desnecessário dizer que a promoção visa atrair mais consumidores e clientes, pois este é o principal objetivo de qualquer atividade do marketing. Entretanto seu objetivo principal é incrementar a percepção do valor do produto usando-se técnicas e pontos de contato (locais de venda, visitas domiciliares, etc.) com destaques que ativem a compra.
        Isto quer dizer que "promoção" não tem relação alguma com "desconto". O desconto é uma das muitas formas de promoção. Às vezes um consumidor diz: "Comprei o produto tal, na loja tal, e custou o preço tal." Ou seja: o desconto não foi a promoção; a promoção propriamente dita foi ativada pela pessoa que comprou o produto. Em outras palavras: o consumidor ajudou a promover o produto. É uma forma de comunicar sobre a existência do produto no mercado fazendo com que as pessoas que os compram os divulguem.

        segunda-feira, 13 de novembro de 2017

        Os Gêneros Textuais

        Não há definições específicas
        para gêneros textuais.


        Nem sempre nos damos conta disto, mas é verdade: nós fazemos e lemos redações todos os dias ou quase isto. Quando não lemos, ouvimos quem lê, seja o apresentador do noticiário da televisão, o locutor do rádio ou alguma outra pessoa num determinado momento ou por alguma razão. Também nos deparamos frequentemente com redações nas ruas, seja em letreiros ou em outdoors. Estou me referindo aos chamados "gêneros textuais".
        Embora sejam diferentes entre si, esses gêneros têm alguns aspectos em comum. Pode, por exemplo, apresentar o mesmo tipo de informação em tipos de linguagem diferentes. Podem ser diferentes também quanto à estrutura textual. O que nos torna capazes de produzir boas redações é principalmente a nossa capacidade de pensar. É essa capacidade que nos dá, entre outras coisas, a condição necessária para estabelecer a estrutura do texto a ser escrito por meio de um esquema que inclui basicamente uma afirmação geral sobre o assunto, uma ou mais considerações sobre o tema e outros fatos relacionados a ele, comparações, uma ou mais perguntas e o estilo da narração. Esta é a estrutura básica para facilitar as condições para o autor da redação criar sua própria estrutura textual.
        A partir disto, o conteúdo do desenvolvimento do texto poderá ser organizado de várias maneiras. Essa organização poderá ser como o autor quiser, desde que esteja de acordo com as propostas do tema, do próprio texto e das informações que ele pretende incluir. Se o texto for dissertativo - como nas redações exigidas no Exame Nacional de Ensino Médio e nos vestibulares - a persuasão aparece claramente para o leitor, pois é impossível evitá-la. Neste caso, o tema deve ser abordado com argumentos e citações capazes de comprovar o raciocínio lógico.
        Assim se configura o gênero textual, definindo-se através da organização das informações linguísticas e de acordo principalmente com a finalidade da redação. Não há uma definição exata de gêneros textuais, que são muitos. Eles se definem pela sua natureza, os objetivos e para satisfazer as necessidades na comunicação. Resumindo: o gênero textual é uma questão de necessidade no momento e quanto à finalidade da redação. 

        sábado, 11 de novembro de 2017

        A Importância da Escrita Correta

        As ortografias corretas são as pretas.
        A ortografia correta
        facilita a informação
        e a comunicação.

        A informação e a comunicação são coisas diferentes. A comunicação resulta de uma relação entre informações dadas e informações recebidas. Ou seja, resulta de uma troca de informações entre dois ou mais interlocutores. Para entender isto melhor, leia aqui. A qualidade da comunicação depende muito da qualidade das informações, e a qualidade destas depende muito das formas como elas são expressas, tanto por meio da fala quanto através da escrita. 
        Este é um dos principais problemas nas redações feitas por estudantes no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem): a baixa qualidade nas formas como eles se expressam. São muitas as palavras ortograficamente erradas, palavras e expressões que não se enquadram no contexto, etc. Os erros mais comuns são quanto à ortografia. Muitos estudantes estão transportando os vícios adquiridos pelas formas como se comunicam através das redes sociais online, do WhatsApp, etc., para as redações nas provas. O hábito de escrever corretamente - mesmo nas redes sociais - precisa ser preservado. 
        O hábito de escrever bem (corretamente e em linguagem agradável) não somente facilita a comunicação entre as pessoas como também ajuda a pessoa a desenvolver suas habilidades em redação. Somado ao hábito de escrever bem, o hábito da leitura também auxilia no contato com diferentes tipos de textos para diferentes finalidades, na descoberta de novas palavras e expressões e na formação de ideias para formar argumentos bem fundamentados nas redações.
        Quando um estudante faz uma redação, ele sabe que tem que escrever o que será lido por outras pessoas. Por isto ele precisa deixar de pensar na forma como ele mesmo entende o que escreve e lembrar que tem escrever de forma que seu texto seja compreendido pelas outras pessoas. O mesmo acontece em outros momentos na vida. Nas redes sociais, muitas pessoas usam muito a palavra "mais" quando querem dizer "mas". "Mas" é uma palavra que tem o mesmo significado de "porém", "contudo", "no entanto", etc. "Mais" é uma palavra que significa acréscimo, somo, adição. O uso de uma das duas palavras em lugar da outra não é o uso de uma palavra escrita de forma errada, mas de uma palavra correta mas com um significado que não lhe pertence, e isto pode fazer com que o entendimento da mensagem por quem a lê seja equivocado. 
        É preciso respeitar o direito de cada pessoa fazer suas postagens ou comentários na Internet como quiserem, mas aconselho a abandonarem aquelas "abreviações" que chamam de "internetês" ("pq" ao invés de "porque", "q" ao invés de "que", etc.) a digitarem as palavras completas e corretamente. Isto ajuda a evitar equívocos na comunicação e a manter na memória as ortografias corretas, o que será muito importante quando tiverem que fazer redações numa prova. O conselho é dirigido aos não estudantes também.

        sexta-feira, 10 de novembro de 2017

        A Redação como Recurso para Redarguir

        Quando o aluno não faz a redação no Enem,
        demonstra sua incapacidade de redarguir.
        Para fazer 
        uma boa redação,
        é preciso
        saber redarguir.

        "Redarguir" é responder a uma pergunta ou revelar uma opinião contra o que foi dito por alguém, mostrando argumentos concretos e, se possível, citando exemplos. No Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares, os participantes demonstram suas capacidades de redarguir coerentemente através das redações. É como se o tema proposto fosse uma pergunta ou uma sugestão para iniciar um assunto. A resposta é o que o aluno, a aluna ou o(a) concorrente a uma vaga num curso superior exporá em seu texto. Esta é uma das razões pelas quais o ato de não fazer a redação no Enem é motivo para reprovação. 
        Muita gente pensa que "revidar" é responder de maneira ríspida e agressiva. "Revidar" significa apenas "contradizer", dar uma resposta imediata demonstrando uma opinião contrária. Mas lembre-se: "opinião contrária" não é o mesmo que "opinião diferente". Mesmo sendo diferentes, duas opiniões podem ser complementares, sendo uma em apoio à outra acrescentando algo. "Opinião contrária" é uma opinião contra outra. "Redarguir" é revidar com argumentos.
        Na redação, o argumento pode ser retórico ou dialético. É retórico quando a ele são acrescentados justificativas e/ou exemplos. É dialético quando surge por meio de uma justaposição entre duas afirmações contrárias. No segundo caso, as duas afirmações se tornam um argumento e um contra-argumento. O contra-argumento é simplesmente um argumento contra outro. Em toda redação redação argumentativa, a finalização se dá através do estabelecimento de uma "verdade" (sob o ponto de vista do autor) como consequência lógica de uma série de informações que ele mesmo expõe ao longo do texto. Essa "verdade" é um argumento dedutivo. Não é já a conclusão, mas uma espécie de parágrafo preparatório para a conclusão.
        Todos os argumentos anteriores são premissas. Uma premissa é uma hipótese sugerida como verdade, mas tanto as premissas como a conclusão podem ser "verdadeiras" ou "falsas". É muito importante que o autor da redação não confunda essa "verdade" com "validade". O que é verdade para ele não o é para outras pessoas que lerão a redação. A isto chamamos de "verdade relativa", pois é uma questão de ponto de vista. A validade não se refere ao estabelecimento da verdade, mas aos fundamentos dos argumentos. Eis aí a razão pela qual estudantes que estão encerrando o ensino médio sem saber fazer uma boa redação é muito preocupante. São pessoas que estão se preparando para iniciar um curso de nível superior para se tornarem médicos, engenheiros, advogados, etc., sem saber expor argumentações.

        quarta-feira, 8 de novembro de 2017

        Como Fazer uma Redação Sobre Mercado Livre

        Liberdade de concorrência,
        oferta e procura
        no mercado.




        Hoje, durante um encontro sobre negócios em Vitória (ES), ouvi uma explanação sobre uma proposta de mercado livre para o setor energético. Uma ideia que pode ser interessante, tanto para os distribuidores quanto para os consumidores de energia elétrica, solar ou eólica no Brasil. Imediatamente pensei que este pode ser um bom tema a ser proposto aos estudantes de níveis médio e superior. Para isto, eles precisam conhecer os conceitos de mercado livre.
        "Economia de mercado" ou "sistema de livre iniciativa" é como se chama o setor da economia no qual o mercado livre está inserido. O mercado livre é um princípio de cunho capitalista. Ou seja, baseia-se na propriedade privada dos meios de produção e em suas operações para obtenção de lucro. "Meios de produção" são todos os resultados obtidos da relação entre o trabalho humano e a natureza e que influenciam no processo de transformação da natureza. De acordo com esse princípio, qualquer agente econômico é livre para praticar formas de troca mercadológica dentro dos princípios da livre concorrência, oferta e procura no mercado. 
        Em economia, a concorrência é a situação de lucro de um mercado em que cada produtor e cada vendedor de um determinado tipo de produto ou serviço atuam independentemente em relação aos compradores ou consumidores para alcançar objetivos para seus negócios. Basicamente, esses objetivos são três: lucros, vendas e/ou cota de mercado. Para isto, os instrumentos básicos são os preços, a qualidade dos produtos e os serviços pós venda. Todos os personagens que participam desses processos são chamados agentes econômicos. Um agente econômico pode ser uma pessoa, uma família, uma empresa, etc.
        A proposta de mercado livre para o setor de energia elétrica não é uma novidade no Brasil. Na verdade ele já existe desde 1995 no país, quando o presidente era Fernando Henrique Cardoso. Por ele os contratos de compra e venda são negociados entre os consumidores e as empresas geradoras de energia. Isto torna possível ao consumidor escolher de qual empresa fornecedora ele pretende comprar energia. Entretanto, não são todos os consumidores que podem ser beneficiados desta forma.
        Na negociação, definem-se os preços e a duração dos contratos. O fornecimento costuma ser de cinco anos. Nestes casos, os consumidores são pessoas jurídicas (empresas). Nos casos de distribuição de energia elétrica entre residências, os prazos dos contratos variam entre 15 e 30 anos e são firmados entre os geradores e os distribuidores, sem a participação dos consumidores. O consumidor residencial não participa porque só pode migrar para o mercado livre quem tem contratos que estabeleçam fornecimentos acima de 500 kW - ou seja, o consumidor pagaria mensalmente mais de R$ 60 mil.
        Creio que estes dados são suficientes para você ter uma base para fazer uma redação de bom nível sobre mercado livre e sobre mercado livre no setor de energia. Entretanto, se você se dedicar mais a ler, assistir a reportagens e entrevistas sobre economia e sobre a distribuição e uso da energia no Brasil, com certeza ampliará suas condições para fazer ótimas redações. 

        segunda-feira, 6 de novembro de 2017

        O Que Você Precisa Saber Sobre Pesquisas de Opinião Pública

        Podem as opiniões
        de algumas pessoas
        representar
        as de um grande grupo?



        As próximas eleições em que os eleitores brasileiros escolherão seus candidatos a presidente e vice-presidente da República, governadores e vice-governadores de seus estados, deputados estaduais e federais e senadores, ocorrerão em outubro do próximo ano. Portanto, já falta menos de um ano. Até lá, poderão ocorrer muitas ocasiões em que alguns de vocês terão que fazer redações sobre as tais "pesquisas de opinião pública.  Um pensamento muito comum entre pessoas que duvidam dos resultados dessas pesquisas: "Eu nunca fui entrevistado por um pesquisador, e não conheço alguém que tenha sido." E têm razão. Afinal, é difícil acreditar, por exemplo, que a maioria dos eleitores brasileiros prefere este ou aquele candidato à eleição se muitos desses eleitores não foram entrevistados - isto é, não tiveram a oportunidade de revelar suas opiniões.
        Esta é a razão pela qual os estudantes, assim como todos nós, precisam saber como essas pesquisas são realizadas pelo Ibope, Datafolha, etc. Em primeiro lugar, é preciso saber que "opinião pública" é o nome que se dá à participação popular com críticas às diretrizes de uma sociedade. Em outras palavras: a opinião pública é o senso comum no qual estão inseridas as ideias compartilhadas pela maioria das pessoas da sociedade, de um povo, etc. Quando se diz que a opinião pública demonstra a insatisfação do povo quanto ao governo, isto quer dizer que a sociedade civil expressa sua posição contra o governo. 
        "Sociedade civil" é o conjunto de instituições (as famílias, por exemplo, mas não somente estas) que constituem as bases e os alicerces da sociedade. "Senso comum" é uma suposta compreensão de um grupo de pessoas sobre um determinado assunto revelando pontos em que as opiniões são iguais ou pelo menos se assemelham. Portanto, a sociedade civil não inclui grupos de pessoas ditas "marginalizadas". Considera apenas as pessoas que, de alguma forma, participam da sociedade. 
        Às vezes, a pesquisa de opinião ou pesquisa de opinião pública é chamada "sondagem". Seu resultado é proveniente de um levantamento estatístico de uma amostra de opinião pública. Geralmente as pesquisas são realizadas através de algumas perguntas feitas a um determinado grupo de pessoas extrapolando as respostas como se estas representassem as opiniões de um grupo maior considerando o que os pesquisadores chamam de "intervalo de confiança". Ocorre que esse intervalo é um tipo de estatística baseada num parâmetro populacional desconhecido. Para explicar o que é esse parâmetro populacional, suponhamos, por exemplo, um pesquisa sobre futebol. O número total de entrevistados que se revelaram interessados em futebol representa o parâmetro. Se considerarmos que, entre os entrevistados que gostam de futebol, a maioria tem entre 30 e 35 anos de idade, este será um outro parâmetro: o parâmetro por faixa etária.
        Como está dito no parágrafo anterior, esses parâmetros são de fato desconhecidos. Conhecê-los é muito difícil ou impossível, pois não há como obter dados da população inteira, nem mesmo em apenas uma cidade. Essa dificuldade é ainda maior quando se trata de uma pesquisa nacional, pois aí estaremos nos referindo às opiniões de mais de 200 milhões de pessoas. No exemplo acima eu citei a faixa etária, mas no caso de opiniões sobre eleições, temos que lembrar que todos os brasileiros com idades acima de 16 anos já são eleitores.
        Na tentativa de resolver esse problema, também há a opção das "pesquisas por amostra". Neste caso, usam-se as expressões "número de elementos", "média" e "variância". O "número de elementos" é o total de pessoas incluídas na pesquisa. A média é o número de pessoas entrevistadas pelo qual se revela um ponto em comum entre algumas opiniões. Ela funciona como um ponto de equilíbrio das frequências num histograma, que é uma representação gráfica como a da ilustração abaixo.


        O histograma tem caráter preliminar e é considerado muito importante como indicador na distribuição de dados. Esses dados são previamente tabulados e divididos em categorias. Uma dessas categorias pode ser, por exemplo, a faixa etária, tal como na ilustração. Ele ajuda a fortalecer a teoria da probabilidade que leva à variância. Esta, como o nome indica, é uma variável aleatória. É quantitativa, mas dependente de valores aleatórios.
        Suponha o resultado do lançamento de um dado que pode dar qualquer número de 1 a 6. Pode-se conhecer possíveis resultados, mas o resultado de fato dependerá de fatores de "sorte" ou "coincidências". Lembrei-me do exemplo de "um número qualquer de 1 a 6" porque, para imaginar como isto funciona, o dado ao qual me refiro não significa informação obtida. Refiro-me mesmo ao dado como o da ilustração que está no centro da postagem.

        domingo, 5 de novembro de 2017

        O que é "lavagem de dinheiro"?

        Estudantes perguntam
        o que é 
        e como abordar o tema
        numa redação.


        É gratificante saber que estudantes de ensino médio estejam interessados em temas como este querendo saber de que modo podem incluí-lo nos contextos de suas redações. Isto significa que estão atentos aos problemas que ocorrem no Brasil e às principais notícias que surgem nos noticiários. Mesmo que o Exame Nacional de Ensino Médio já tenha sido realizado hoje, temas como este ainda podem ser exigidos em outras situações - vestibulares e concursos públicos, por exemplo.
        A lavagem de dinheiro é um processo ilegal pelo qual é feita uma transação aparentemente legal (compra de um imóvel, por exemplo) para esconder a origem ilegal do dinheiro usado na mesma. Em termos formais, é uma prática econômico-financeira para esconder a origem ilícita de ativos financeiros (dinheiro) ou bens patrimoniais (casas, apartamentos, carros, etc.), forjando uma origem aparentemente lícita ou pelo menos dificultando a capacidade de se comprovar o ato ilegal. A expressão é usada para indicar que o dinheiro obtido é "sujo" (ganho de forma desonesta), mas a forma aparente da transação o torna "limpo"(ganho de forma aparentemente honesta).
        Dizem que a expressão "money laundering" ("lavagem de dinheiro" em inglês) apareceu pela primeira vez nos anos 1970 no jornal "The Guardian", da Inglaterra, e se popularizou no mundo desde aquela década. Nos Estados Unidos, popularizou-se a partir da mesma época, quando ocorreu o escândalo que entrou para a História com o nome "Caso Watregate", cuja história foi contada através do filme "Todos os Homens do Presidente". No entanto, a versão mais aceita diz que a expressão surgiu nos Estados Unidos na década de 1930, como referência a atos ilegais cometidos pelo mafioso Al Capone, que era dono de uma rede de lavanderias em Chicago, no estado de Ilinóis. 
        A lavagem de dinheiro sempre foi antiética, mas passou a ser combatida de forma mais incisiva principalmente a partir dos anos 1980 por causa dos altos lucros obtidos por traficantes de drogas e de suas consequências dentro da sociedade. Na década de 1990 a expressão passou a ser associada ao crime organizado com maior frequência. "Crime organizado" ou "organização criminosa" é o nome que se dá a grupos transnacionais, nacionais e locais através dos quais os integrantes obtêm altas somas em dinheiro por meio de crimes. Uma das atividades mais comuns: esses criminosos oferecem "proteção" a comerciantes de uma determinada região por meio de extorsão (obtenção de vantagens através de ameaça ou prática violenta para obrigar alguém a favorecer os criminosos).
        Creio que os dados acima são suficientes para os interessados terem boas ideias para argumentar numa redação sobre a lavagem de dinheiro. Como vocês devem ter notado, isto envolve também outros temas correlatos: corrupção, extorsão, crime organizado, escândalos, etc. Portanto, é interessante vocês também pesquisarem sobre eles.