quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O Trabalho Escravo no Brasil

A recente portaria
sobre trabalho escravo
levantou uma grande polêmica nacional.


Caso o tema exigido para redação no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) seja relacionado a direitos do cidadão, a grande polêmica inciada recentemente em torno da recente portaria do governo federal sobre o trabalho escravo trás amplas possibilidades para os estudantes exporem seus pensamentos a esse respeito. É claro que, para isto, eles precisam saber o que é "trabalho escravo", o que diz a lei a esse respeito e o que diz a portaria.
"Trabalho escravo" ou "escravidão" é uma prática social em que um ser humano considera outro(s) ser(es) humano(s) como objeto(s) de sua propriedade e, desta forma, os obriga à realização de trabalhos forçados. Nesse tipo de prática, os escravos são tratados como objetos de mercadoria, podendo ser vendidos, leiloados ou trocados. Em muitos casos, seres humanos oferecidos por seus proprietários como pagamento de uma dívida ou simplesmente comprados ou vendidos sem exercer qualquer direito, mas esta não é uma regra geral. Nem sempre os escravos foram vistos como mercadoria. Em Esparta, por exemplo (*), os escravos ("hilotas") que geralmente eram prisioneiros de guerra, eram propriedades do Estado e, por isto, não podiam ser vendidos (portanto, não podiam ser comprados) nem trocados por outros ou por alguma outra coisa.
No Brasil, a escravidão foi adotada como uma relação social de produção desde o período colonial até a data de 13 de maio de 1888, já perto do fim do Brasil Imperial, quando a Lei Áurea, que a aboliu, foi assinada pela princesa Isabel. Muitos índios também foram escravizados, mas a História registra principalmente a escravidão de negros trazidos da África porque a escravidão indígena estava proibida desde o final do século XIX graças a uma iniciativa do Marquês de Pombal - o nobre, diplomata e estadista português Sebastião José de Carvalho e Melo.
Infelizmente, sob a forma clandestina, o trabalho escravo no Brasil ainda existe. Vez por outra surgem denúncias desse tipo de atividade principalmente em algumas propriedades rurais. Atualmente é considerado escravo ou escrava toda pessoa que trabalha em regime degradante e sem que seus direitos básicos - liberdade, condições alimentares, tratamento de saúde, etc. - sejam respeitados. Segundo o Brasil Escola, dados levantados por organizações não governamentais (ONGs) ligadas à Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que no Brasil há cerca de 200 mil trabalhadores nessas condições. 
Isto não ocorre apenas em fazendas. Há registros de casos também em cidades. Já ocorreram recentemente denúncias de que trabalhadores vinham sendo tratados sob condições sub-humanas em empresas clandestinas. Ao que parece, o trabalho escravo no Brasil nunca foi abolido totalmente. Isto passou a ser confirmado oficialmente a partir de 1995. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, hoje a OIT criticou a portaria do Ministério do Trabalho quanto às mudanças sobre a fiscalização do trabalho escravo no país. Na segunda-feira passada a portaria alterou a definição de "trabalho escravo", os critérios de autuação e as normas de divulgação dos nomes das pessoas envolvidas nesse tipo de crime. Nesta página do site do Senado, você lerá três artigos do Código Penal referentes às infrações quanto às condições de trabalho consideradas como "trabalho escravo". 
Procure ler, assistir e ouvir todas as reportagens, entrevistas e debates sobre o assunto que você puder. Porém, não coloque em discussão, principalmente numa redação, um tema sobre o qual você ainda não tem informação suficiente. Procure conhecer o teor da portaria lendo-a aqui. Faça uma cópia dela, mostre-a a seus colegas, discuta o assunto com eles. Assim você e eles aprenderão um pouco mais.

(*) Esparta foi uma cidade-Estado grega que se tornou uma das maiores potências militares do mundo por volta do ano 650 a.C.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Duas Novas Palavras em Temas Políticos: "Chavismo" e "Chavista".

Tema de muita polêmica,
o Chavismo pode ser
abordado em redação.


Para muita gente, são duas palavras ainda desconhecidas. No Brasil, pelas postagens que vemos nas redes sociais online, muita gente sabe que são palavras relacionadas à política, mas ainda desconhecem seus reais significados. Por serem palavras tão usadas recentemente, têm grandes possibilidades de ter relações com temas políticos a serem sugeridos para redações no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) ou nos próximos vestibulares. Por outro lado, qualquer que seja o tema político (racismo, economia e outros temas sociais são também temas políticos), são palavras que enriquecem a redação se forem aplicadas no contexto adequadamente. 
"Chavista" é como se chama qualquer pessoa simpatizando do Chavismo. O Chavismo é um movimento político baseado em ideias e estilos de governo relacionados ao ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que governou aquele país de 1999 a 2013, quando faleceu. Chávez defendia o Bolivarianismo, movimento que tem esse nome como uma homenagem a Simón Bolívar, considerado como o principal responsável pela independência dos países da América Latina no século XIX. Atualmente, como ideologia, o Bolivarianismo tem forte influência do socialismo, que teoricamente se contrapõe ao capitalismo, sistema econômico e social em que o capital está em mãos de empresas privadas ou indivíduos que contratam mão de obra em troca de salário. O socialismo defende o controle do poder econômico pelo Estado (governo).
O Chavismo é, portanto, um movimento de "esquerda", tendência política que teoricamente se diz em defesa de uma maior igualdade social. Teoricamente é isto. Devo, no entanto, lembrar que o objetivo deste artigo não é expressar opiniões políticas, é apenas esclarecer os significados de algumas palavras que poderão ser usadas em redações nas provas. Entretanto, caso alguém queira expressar suas opiniões políticas, elas serão aceitas desde que sejam respeitadas opiniões diferentes e que o autor do comentário se responsabilize por sua opinião. 

domingo, 15 de outubro de 2017

Regra Fácil para Não Confundir "Ante" com "Anti"

Esta regra simples
ajuda a evitar 
muitos erros.


Em muitas situações na vida, um erro nos induz a muitos outros. Assim também ocorre numa redação: uma palavra escrita de forma errada pode se transformar em outra palavra, como acontece com "sinto" (variação do verbo sentir) e "cinto" (objeto para fixar uma calça à cintura). Assim também ocorre quando o autor do texto usa o prefixo "ante" ao invés de "anti". Certa vez vi num texto a palavra "antidiluviano". O autor se referia ao período anterior ao dilúvio citado na Bíblia. A palavra correta seria "antediluviano", que significa "antes do dilúvio". Quando ele escreveu "antidiluviano", o significado passou a ser "contra o dilúvio".
Esta tem sido uma dívida frequente principalmente entre estudantes de ensino médio. Nas redações, muitos deles trocam "ante" por "anti" e vice-versa. Ensinarei aqui uma regra muito fácil que poderá ajudar muito para para que você, se também tiver essa dúvida de vez em quando, não tê-la mais.

Significados:

Anti - contra, contrário, oposição.
Ante- diante, à frente, antes, anterior.

Exemplos:
Antipatia - o contrário de "simpatia".
Sentido anti-horário - o movimento contrário aos dos ponteiros de um relógio.
Antiácido - medicamento que atua contra ácidos no organismo.
Antibactericida - medicamento contra bactérias.

Antediluviano - antes do dilúvio.
Antecipar - realizar algo antes da data ou do horário previstos.
Antever - "ver" antes. É o mesmo que "prever".
Antepassado - o que passou antes.
Antessala - em algumas residências, escritórios, etc., o compartimento ou cômodo existente antes da sala (sob o ponto de vista de quem entra).

Basta lembrar que "ante" é parecido com "antes". A partir disto, basta lembrar que "ante" tem o mesmo significado da palavra com a qual esse prefixo é parecido.

"PIB" Pode Ser Tema Exigido para Redação no Enem

"PIB" é a sigla
para "Produto Interno Bruto".
Mas o que é

o "Produto Interno Bruto"?


Se o noticiário da televisão começar com o anúncio de que o PIB do Brasil este mês ficou abaixo do registrado do mês passado, muitos telespectadores sabem que isto é motivo para preocupação. No entanto, nem todos sabem o que é o PIB. Entre os que sabem, nem todos sabem por que sua queda é preocupante. E quanto a você? Se você tivesse que fazer uma redação sobre o PIB, você saberia fazê-la?
Se você sabe o que é o PIB e não apenas sua importância, mas principalmente por que o cálculo dele é importante para nós, não se preocupe quanto à redação: você tem a faca e o queijo nas mãos para fazer uma boa redação. Só precisará pesquisar um pouco mais sobre o assunto. Se não, trate de estudar sobre isto. O PIB pode ser tema para redação no Enem, nos vestibulares, em concursos públicos e em muitos outros momentos em que você tiver que escrever sobre economia. Lembre-se: redações não são exigidas somente em provas, e os temas são sempre uma surpresa na hora de fazê-las.
No Brasil, este tem sido um ano de muitas incertezas nas áreas de política e economia. Em função dos fatos noticiados diariamente, não se pode ter certeza de coisa alguma em relação à economia mundial nas próximas semanas, e no Brasil essa situação se agrava por causa da crise política e das expectativas relacionadas às eleições do ano que vem. Portanto, esta é uma situação que faz com que cada cidadão brasileiro se mantenha tão bem informado sobre assuntos econômicos quanto possível, e o PIB é um desses assuntos.
"PIB" é a sigla para "Produto Interno Bruto". É o resultado da soma em valores monetários (nacionalmente em reais e internacionalmente em dólares) de todos os bens e serviços produzidos e comercializados numa determinada região. Essa região pode ser um continente, um país, o estado, um município, etc.). Pode ser até o mundo todo, se o cálculo for referente ao PIB de todo o planeta. Mesmo que seja apenas relacionado a uma cidade, o objetivo é a atividade econômica dessa cidade. Na contagem são considerados apenas bens (propriedades sobre as quais seus donos têm direitos e deveres: casas, carros, estabelecimentos comerciais, etc.) e serviços finais (construção de imóveis, manutenção de aparelhos eletrônicos, manutenção de veículos, tratamento de saúde, etc.).
O principal objetivo do PIB é evitar os problemas causados pela dupla contagem. Chama-se "dupla contagem" o fenômeno que ocorre os valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes. Esses dois resultados se chamam PIB nominal e PIB real. O primeiro se refere à soma baseada em preços praticados no mesmo ano em que os produtos e serviços foram produzidos e comercializados. O segundo é calculado levando-se em consideração as variações dos preços dentro de um determinado período (mês, meses, ano ou anos), tendo como base o ano em que foi calculado o primeiro. Isto elimina a influência da inflação para efeitos de cálculo estrito do PIB.
Quanto mais você souber a respeito, melhor será sua redação. Também melhor será para você durante sua carreira profissional. As informações acima são apenas para lhe ajudar por onde começar. A partir de agora, cabe a você pesquisar mais, e tão frequentemente quanto possível, para aprender mais.      

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

O que é um tema polêmico?

A legalização do aborto
é sempre um tema polêmico.
Eles querem saber
como se evita
uma polêmica
numa redação.


Os temas propostos para redações no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) são sempre polêmicos. Por isto é compreensível que estudantes nos perguntem o que é um "tema polêmico" quando as datas da realização das provas estão próximas (o Enem deste ano ocorrerá no próximo mês). Por outro lado, quando um estudante quer saber o que é um "tema polêmico", ele está querendo aprender o que é uma polêmica. 
A pergunta revela uma preocupação dos estudantes por saberem que uma redação sobre um tema polêmico é uma redação sobre um assunto que costuma causar muita discussão, muitas controvérsias. Em outras palavras: é um assunto um tanto delicado, que requer muito "jogo de cintura" para ser abordado. Ou seja: ele sabe o que é uma polêmica. O que ele quer mesmo saber é como abordar um tema geralmente polêmico sem causar polêmica. Ou seja, sem risco de perder pontos na redação.
Se você é um dos estudantes que participarão do Enem deste ano, não se preocupe quanto a isto. O que os corretores terão que levar em consideração é a qualidade gramatical da sua redação e a sua capacidade de, através dela, demonstrar o seu grau de comunicabilidade. A comunicabilidade de uma pessoa é a junção de sua disposição e de sua capacidade para se comunicar facilmente. A comunicabilidade revelada na escrita - ou seja, da redação - revela a comunicabilidade relacionada à capacidade de falar em público, de conversar, etc. Eis por que a aprendizagem da redação tem um papel fundamentalíssimo para o desenvolvimento dos jovens e de pessoas que qualquer idade na sociedade. Para saber mais detalhes sobre a comunicabilidade, leia aqui e aqui.
"Polêmico" (feminino: "polêmica") é uma palavra com dois significados: pode ser a pessoa que costuma levantar uma discussão, o tema que costuma causar controvérsias ("polêmica", "tema polêmico" ou "assunto polêmico"). "Polêmica" é também a  própria discussão. No Brasil, entre os temas popularmente mais polêmicos se situam os religiosos, a legalização do aborto e os relacionados à política e os referentes ao futebol. Entretanto, "polêmica" não significa discórdia de forma hostil ou grosseira. Trata-se apenas da defesa, por um lado, e da contraposição, por outro lado, entre duas ou mais pessoas sobre um mesmo assunto. Há muitas situações em que a polêmica é até necessária para o avanço do conhecimento. Exatamente por isto, é importante que os temas propostos para redações nas provas como as do Enem, de vestibulares e concursos públicos sejam polêmicos.
Aos estudantes que precisam se preparar para abordar temas polêmicos em redações durante os cursos e na vida, aconselho que não evitem participar de debates sobre tais temas. Eles são sempre oportunidades para as pessoas demonstrarem que sabem lidar com momentos assim ou para aprenderem a lidar com isto. Uma aprendizagem necessária, pois em muitos momentos ao longo da vida tais discussões serão inevitáveis. No entanto, devem ser evitadas trocas de palavras agressivas ou ofensivas, mantendo-se o devido respeito às diferenças de opiniões. As redações são excelentes oportunidades para você demonstrar tal capacidade.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Uso da Palavra "Feminicídio" Pode Causar Erros de Redundância na Redação

Se usar 
a palavra "feminicídio"
numa redação,
é preciso estar 
muito atento
a certos detalhes.


"Homicídio" não significa "assassinato de um homem". Significa "ato de tirar propositalmente a vida de um ser humano, seja este um homem, uma mulher ou uma criança". Tem  mesmo significado de"assassinato" ou "assassínio". Portanto, "assassinato", "assassínio" e "homicídio" são sinônimos. "Feminicídio" não é o contrário de "homicídio", inclusive porque o contrário de um homicídio é o ato de salvar a vida de uma pessoa, não de matar alguém do sexo feminino. O feminicídio é um homicídio no qual a vítima é uma mulher. Os feminicídios também não são apenas crimes praticados por homens contra mulheres, mas também por mulheres contra mulheres. Ou seja: para ser chamado "feminicídio", basta que a vítima seja uma mulher.
Vem daí a razão pela qual se deve ter muito cuidado ao usar a palavra "feminicídio" numa redação. Ela pode induzir a redundâncias sem que o autor do texto perceba. Esses erros acontecem com frequência nos jornais. Por exemplo: "O feminicídio da médica (nome da vítima) ocorreu ontem à noite." Este é um dos tipos de redundância mais comuns nas redações jornalísticas do Brasil: na frase, a vítima está identificada como "médica". Isto já informa que se trata de uma mulher. Portanto, o uso da palavra "feminicídio", neste caso, não é necessário. É melhor escrever "o assassinato da médica...". O mesmo ocorre quando se revela o nome da vítima (por exemplo, "o feminicídio de Maria Tereza...").
"Feminicídio" ou "femicídio" é um termo de crime de ódio baseado em diferenças de gênero (masculino e feminino). Portanto, seu uso causa ao leitor a ideia de um posicionamento político do autor da redação mesmo que esta não seja sua intenção. Pode, então, causar a impressão de sustentação de um debate sobre o "politicamente correto", principalmente porque suas definições variam segundo cada contexto sob o ponto de vista cultural e político. Pessoas ligadas a movimentos feministas costumam usar essas duas palavras com ênfase para propositalmente transmitir a ideia de que as mulheres são assassinadas apenas porque são mulheres. Neste caso cometem o erro de interpretar como "femicídio" ou "feminicídio" (as duas palavras estão corretas) o crime praticado apenas por um homem ou por homens. Para atenuar os debates sobre isto, vem sendo utilizada uma palavra que transmite uma ideia mais relacionada com o crime cuja causa é a diferença de gêneros: "generocídio".
Seja como for, o mais recomendável para o sucesso numa redação é evitar termos desnecessários. As palavras "assassinato" e "homicídio" são corretamente usadas quando o objetivo é se referir ao crime contra a vida de qualquer pessoa. Para não causar problemas de interpretação, é melhor evitar o uso de "feminicídio" ou "femicídio" e usar "assassinato" ou "homicídio", que sempre traduziram muito bem e de forma correta o que se quer dizer com elas.   

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Estudar não é apenas se preparar para provas.

"O Enem
já está próximo.
O que faço
a partir de agora?"


Frequentemente há estudantes fazendo perguntas como esta. Nos programas de televisão, muitos professores aconselham: "Relaxem. Não adianta estudar em poucos dias." Eu aconselho: "Estudem. Estudem como têm que estudar sempre."
A razão é bem simples. Estudante de qualquer nível de ensino não devem estudar só para se preparar para uma prova. Têm que estudar para aprender tudo que puderem das disciplinas para se preparar para a vida. Portanto, continuem estudando como sempre tiveram que estudar antes e depois das provas. Vocês já deveriam ter aprendido há muito tempo que o desenvolvimento do hábito de estudar é muito importante, não somente para o seu futuro, mas também para o seu presente.
Um hábito é um comportamento que determina que a pessoa que o adquire ou o adota comece a repeti-lo sem pensar como deve executá-lo. Os hábitos não devem ser confundidos com vícios. "Hábito" é o costume de fazer algo com certa frequência e de forma cada vez mais fácil. "Vício" é uma alteração no comportamento que provoca alterações danosas ao corpo e principalmente à mente, e isto na maioria dos casos é percebido tardiamente, prejudicando a própria pessoa e as pessoas com quem ela convive. 
Para estar sempre bem preparado para fazer uma boa redação, seja numa prova ou em qualquer outro momento da vida (e haverá muitos momentos em que você terá que fazer redações), é importante adquirir e preservar o hábito de escrever sempre que você tiver um tempo disponível. Veja bem: estou dizendo para escrever, não para digitar. Refiro-me mesmo ao velho mas saudável hábito do uso de um lápis ou uma caneta. Evite escrever as palavras abreviadas como nessa "linguagem" que atualmente se usa muito nas redes sociais da Internet. Procure escrever todas as palavras corretamente, seguindo as regras gramaticais tão rigidamente quanto possível. Esta é a melhor forma de se adquirir o saudável hábito de escrever corretamente e eliminar sua preocupação para quando o ato de produzir uma boa redação se dissipe. Se você quiser saber que temas deve escolher, como fazer suas redações em casa, clique aqui

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

"Anarquismo" e "Anarquia"

Pierre-Joseph Proudhon
é considerado o precursor do anarquismo.
(Foto: Wikipedia)
O uso frequente
das duas palavras
faz os estudantes perguntarem
qual é a correta.


O mais importante é saber o que elas significam. No Brasil, é comum, em meio a muita confusão, barulho, gritarias, alguém dizer: "Parem com esta anarquia." Sob o ponto de vista mais popular, a palavra "anarquia" é relacionada a "bagunça", "desorganização", "desordem", "vandalismo" e tudo que for contra princípios éticos, morais, etc. Isto tem sua razão, se observarmos a origem política da palavra. 
As duas palavras estão corretas. Seus significados são correlatos, mas com certa diferença. O anarquismo é um sistema político e a anarquia é o estado de um povo ou uma nação sob esse sistema. O adepto ou defensor desse sistema é chamado "anarquista". Numa redação sobre o tema, é importante conhecer os significados das duas palavras para usá-las apropriadamente no contexto. Para isto, é preciso conhecer pelo menos um pouco da história do anarquismo. 
"Hierarquia" é a ordenação estabelecida de elementos e de pessoas em ordem de importância. Isto ocorre em empresas e praticamente em todos os tipos de organizações econômicas, sociais e políticas que existem num país como o Brasil. É através da hierarquia que se estabelece a ordenação de poderes governamentais, de funcionários de uma empresa, de instituições como igrejas, etc. Destaca-se nesse sistema a ordenação de elementos que facilitem a informação e, consequentemente, a comunicação. Lembre: "comunicação" é o que se estabelece após uma troca de informações ou depois de algum tipo de resposta ou qualquer reação relacionada à informação recebida. A dominância se define como uma forma de relação social para estabelecer e manter certo controle ou disciplina. Como o anarquismo surgiu como um movimento contra a hierarquia, logo a palavra "anarquia" se tornou popularmente sinônima de "bagunça", "desordem", etc.
O anarquismo surgiu em meados do século XIX na Europa. O filósofo e economista francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) é considerado o precursor desse movimento porque os primeiros anarquistas foram fortemente influenciados por suas teorias. Vivendo nos Estados Unidos, ele mesmo foi o líder intelectual dos anarquistas norte-americanos daquela época e foi o primeiro a se autoproclamar "anarquista". Seu livros "O Que é a Propriedade? Pesquisa Sobre o Princípio do Direito e do Governo", publicado pela primeira vez em 1840, ainda é citado como referência por líderes de movimentos anarquistas da atualidade. O filósofo e sociólogo alemão Karl Marx (1818-1883), autor de "O Capital", influenciou e recebeu influências de Proudhon.
Como está explicado acima, "anarquismo" e "anarquia" são palavras correlatas, mas não são sinônimos. O anarquismo é um sistema político e a anarquia é a condição estabelecida por esse sistema que coloca classes sociais em oposição baseando-se na "exploração do homem pelo homem". Por essa razão esse conceito é frequentemente confundido com o socialismo, que se baseia principalmente nos princípios defendidos por Karl Marx.
Neste caso, não importa que você seja ou não seja um defensor do anarquismo. O mais importante, aqui, é que você já tem uma ideia básica dos significados das duas palavras, o suficiente para uma boa redação dissertativa-argumentativa. Entretanto, sugiro que, sempre que for possível, leia bastante sobre o tema, pois aprender mais nunca é demais.
    

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

"Data Venia" e "Peço Vênia"

Este artigo
é um atendimento
a uma solicitação
de um leitor. 

Um leitor "anônimo" (ele preferiu não se identificar) solicitou ou sugeriu a publicação de um artigo explicando o que é "data vênia". Ele disse que, no Brasil, devido a tantas denúncias de corrupção política e empresarial, e às constantes transmissões de debates no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Supremo Tribunal Federal (STF), etc., tem-se ouvido muito a expressão "data vênia" e solicitações como "peço vênia". Ele disse, com muita razão, que a palavra "vênia" não faz parte do uso do vocabulário comum dos brasileiros em seu dia-a-dia, e o conhecimento de seu significado pode ser importante para uma redação no Exame Nacional de Ensino Médio deste ano.
Ele perguntou se a grafia correta é "data venia" ou "data vênia". "Data venia" deve ser escrita sem o acento circunflexo por ser uma expressão em latim, não em português. Porém, em "peço vênia" ou "pedir vênia", o acento tem que estar presente por ser a tradução da palavra "venia" em português. "Vênia" (em português) ou "venia" (em latim) significa "consentimento". Quando um advogado diz "peço vênia" durante um julgamento, ou quando um ministro de um tribunal faz o mesmo durante os debates aos quais o leitor se referiu, isto significa que a pessoa está solicitando um consentimento. Tem o mesmo significado de "peço licença" ou "peço sua autorização".
A expressão latina "data venia" significa "vênia dada". Ou seja, "a vênia está concedida". Porém, nos meios jurídicos, é mais usada como uma forma educada de dizer que a concessão foi dada apesar de haver uma discordância ou para argumentar contra o posicionamento ou a opinião de outra pessoa. É muito importante que os estudantes saibam disto porque essas expressões costumam ser muito úteis quando empregadas em redações como artigos acadêmicos, principalmente - mas não somente - nos cursos de direito. "Data venia" ou "solicito vênia" são expressões muito úteis numa redação dissertativa-argumentativa como as exigidas no Enem. Elas demonstram que o autor da redação apresenta suas argumentações opinando com o devido respeito ao leitor caso este tenha opiniões diferentes sobre o tema. Além disto, seu uso significa que o aluno conhece seus significados, o que obviamente traz mais pontos a seu favor.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Ortodoxia e Ortopraxia

A cruz com seis "braços"
é um dos símbolos da Igreja Ortodoxa.
Muita gente pensa
que "ortodoxia"
é somente 
algo relacionado
a uma religião.

Por causa da existência da Igreja Ortodoxa, muita gente pensa que "ortodoxo" ou "ortodoxia" é apenas algo relacionado a ensinamentos religiosos. Isto também se verifica nas redações que vários estudantes fazem durante o Exame Nacional de Ensino Médio e em vestibulares: a maioria dos que empregam essas palavras atribuem a elas significados estritamente ligados à Igreja Ortodoxa.
Numa coisa eles estão certos: "ortodoxia" tem relações com doutrinas, que são ensinamentos - religiosos ou não - estabelecidos como "verdades indiscutíveis", não sendo aceiro que o doutrinado os questione. Toda doutrina, portanto, é uma imposição, um ensinamento ditatorial. A Igreja Ortodoxa ou Igreja Católica Ortodoxa é um conjunto de igrejas que se autodefinem como católicas, mas não seguem determinações do Vaticano tal como a Igreja Católica Romana (mais conhecida como simplesmente "Igreja Católica"). As Igrejas Ortodoxas têm variações (a Ortodoxa Russa, a Grega, etc.) mas todas reconhecem como autoridade mundial o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, cujo líder é o Primaz da Ortodoxia - ou "Patriarca Ortodoxo". "Constantinopla" era como se chamava Istambul, atual capital da Turquia, na época em que a cidade era capital do Império Romano (de 330 a 335), e seu nome era uma homenagem ao imperador Constantino. 
"Ortodoxia" é uma palavra derivada de duas palavras gregas: "Orthos", que significa "correto"; e "dóxa", que significa "opinião". É, portanto, uma forma de estabelecer ensinamentos considerados indiscutíveis. Isto significa que "ortodoxia" é o mesmo que "doutrina", e faz com que "doutrina ortodoxa" seja um pleonasmo. Há ortodoxias religiosas, sociais, políticas, empresariais, etc. A palavra "ortodoxia" não significa apenas uma determinação doutrinária, mas também a conformidade das pessoas que aceitam doutrinas sem tentar debatê-las. Ou seja: é também o nome que se dá ao que chamamos comodismo - a aceitação de um ensinamento como verdade sem exigência de comprovação e sem cobrar direitos.
Como todas as tendências têm opostos, o oposto da ortodoxia é a "ortopraxia". Seu praticante é o "ortopraxo" (feminino: "ortopraxa"). A ortopraxia é o exercício do direito de discordar de regas e ensinamentos estabelecidos como "indiscutíveis". Líderes de igrejas costumam considerar os ortopraxos como "hereges" apenas porque discordam no que se refere às suas pregações religiosas. Isto amplia as possibilidades de discussões porque envolve coisas como "tolerância", "intolerância", "respeito", "desrespeito", "direitos", "obrigações", etc. Estas, porém, são palavras que precisam ser abordadas em artigos dedicados estritamente a elas. 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Qual ou quais destas palavras você empregaria em sua redação?

Elas têm,
ao mesmo tempo,
o mesmo significado
 e significados específicos.



Eu já expliquei em vários artigos no Redafácil que, numa redação, as palavras e as expressões têm que ser escritas sempre corretamente, mas que isto não basta: elas têm que estar de acordo com o que o contexto exige. "Contexto" é a relação entre as mensagens contidas no texto e o tema abordado, e isto causa circunstâncias em que há necessidade da escrita com a melhor qualidade possível para facilitar a compreensão de quem a lerá. Entre essas necessidades estão a escrita ortograficamente correta, a paragrafação correta, a pontuação e a escolha das palavras e expressões mais adequadas.
As recentes notícias que têm tomado amplos espaços nos noticiários internacionais a respeito da reivindicação de catalães que desejam que sua região, a Catalunha, se torne independente da Espanha tem trazido à tona palavras que são corretas, são sinônimas, mas cujo uso requer certos cuidados de acordo com o contexto em que se deseja inseri-las ou em que elas terão que ser inseridas. Quando isto acontece em algum lugar do mundo e lhe é dada tanta importância como atualmente no caso da Catalunha, pode se tornar um tema a ser proposto numa prova como o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) ou num dos próximos vestibulares. Afinal, o principal objetivo das redações nessas provas é verificar quão bem informado está o aluno sobre esses temas e quão preparado ele está para debatê-los, além de verificar o nível de suas habilidades para tratar de assuntos polêmicos por meio da escrita.
Tais manifestações geralmente são chamadas "movimentos separatistas" ou "separatismos". O separatismo é, portanto, um movimento através do qual habitantes de uma determinada região de um país desejam que ela se torne uma pátria independente, baseando-se em motivos históricos, culturais, políticos ou econômicos ou em todos esses motivos. Um dos mais famosos movimentos separatistas do mundo foi a Guerra Civil dos Estados Unidos. Tema muito frequente em filmes do gênero "faroeste", essa guerra foi declarada por vários estados do sul dos Estados Unidos, que formaram um grupo chamado "Estados Confederados - Confederação - do Sul da América". Suas economias eram altamente dependentes da produção agrícola, e o descontentamento dos sulistas ocorreu por causa da declaração da abolição da escravatura pelo então presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincolm, apoiado pelos estados do Norte. Lincoln confirmou a abolição em 1863, mas já havia anunciado essa intenção em sua campanha eleitoral em 1860. Sua vitória foi a causadora do início do levante sulista.
"Separação", "separatismo", "secessão" e "secessionismo" são sinônimos? Para responder a esta pergunta, analisemos um pouco o significado mais específico possível de cada uma dessas palavras. "Separação" pode ser o afastamento de uma parte em relação ao todo. "Separatismo" é também uma separação, mas é uma palavra que só deve ser usada quando a separação é a de um território (por exemplo, um estado ou um grupo de estados) em relação ao todo - que neste caso é o país. "Secessão" também é uma forma de separação e, ao mesmo tempo, de separatismo, mas quando os motivos são principalmente políticos. Foi isto que os sulistas dos Estados Unidos tentaram: não queriam a abolição da escravatura, mas o principal fator que levou à guerra foi a eleição de Lincoln. "Secessionismo" é a tendência para a separação sob o ponto de vista político - sendo, portanto, o mesmo que "separatismo".
Resumindo: Todas as quatro palavras significam formas ou tipos de separação ou tendência à separação. Porém, ao usar as palavras "separatismo", "secessionismo" e "secessão", é preciso observar com cuidado seus significados um pouco mais específicos para que sejam cabíveis no contexto.  Também existe a palavra "separacionismo", que é a tendência a separação de objtetos, de crenças, de pensamentos filosóficos, de preferências políticas ou de uma ou mais pessoas em relação a um grupo (família, tribo, clube, igreja, partido político, etc.) ao qual estão integradas.