segunda-feira, 2 de outubro de 2017

"Sequestro" e "Rapto"

As origens destas duas palavras
confirmam as diferenças
entre seus significados.



Hoje um amigo jornalista me contou que, enquanto conversava com outros jornalistas, descobriu que estes acham que "sequestro" e "rapto" são a mesma coisa. Segundo ele, eles chegaram a afirmar que são jornalistas, não advogados, e por isto não precisam conhecer detalhes jurídicos sobre esses temas.
Esses jornalistas cometeram dois erros. Quando se publica uma matéria ou se faz uma reportagem, o repórter não tem que ser advogado, mas tem a obrigação de pesquisar sobre questões jurídicas sempre que o tema for um crime, pois é um tema jurídico. O outro erro: não é preciso ser jornalista nem advogado para descobrir os significados reais destas palavras. Qualquer pessoa pode descobri-los em dicionários.
O que meu amigo me contou me fez lembrar que erros assim são muito comuns no meio jornalístico. Deveriam ser evitados, mas infelizmente não o são. Porém, se numa prova como o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), num concurso público ou num vestibular alguém usar uma destas duas palavras com o significado da outra ou as duas como se fossem sinônimas, estará cometendo um erro crasso. A palavra "rapto" vem do verbo latino "raptare" (em português, "raptar"), que significa "arrastar violentamente", "levar de forma violenta". Se uma pessoa foi levada para algum lugar contra sua vontade e de forma violenta e, em seguida, foi assassinada ou dada como "desaparecida", etc., ela foi raptada. O sequestro acontece quando quem leva a pessoa - também contra sua própria vontade e de forma violenta - exige algo em troca para que ela seja resgatada.
"E quanto ao sequestro de um avião?" - perguntam. Quando um avião é sequestrado, o sequestrador também faz exigências em troca da segurança de seus ocupantes (passageiros e tripulantes). O que fica patente é que o rapto é apenas rapto, não sendo exigido algo em troca da pessoa ou coisa raptada (pode ser também um carro, por exemplo). No caso de um sequestro, o sequestrador exige algo como pagamento em dinheiro, a libertação de presos políticos ou o faz em defesa de uma causa geralmente política ou alegadamente religiosa.
É por isto que, em direito jurídico, existe a expressão "sequestro de bens imóveis ou móveis". É quando uma decisão judicial determina a apreensão de bens de uma pessoa que tem uma dívida e não quer ou não consegue quitá-la, ou porque esses bens podem ter sido adquiridos de forma ilegal. Para que o devedor recupere seus bens ou seus direitos, ele terá que cumprir exigências judiciais e comprovar que os bens sequestrados não foram adquiridos ilicitamente. Isto também comprova que "sequestro" nem sempre é crime, é algo que ocorre em troca do cumprimento de uma exigência para que se proceda o resgate, e que não somente pessoas, mas também carros, casas, etc., podem ser sequestrados. Nada disto ocorre no caso de um rapto.

sábado, 30 de setembro de 2017

Os Apotegmas

"Apotegma"
veio da palavra grega
"apóphthegma",
que significa "preceito".

Consciente ou inconscientemente, geralmente usamos muitos apotegmas numa redação. Um apotegma é o enunciado de uma sentença, geralmente como resposta definitiva, de forma breve, concisa, de natureza moral. Os aforismos e os provérbios são exemplos de apotegmas. Um exemplo de aforismo: "Seria cômico se não fosse trágico.". Um exemplo de provérbio: "O trabalho enobrece o homem." A diferença entre os provérbios e os outros tipos de apotegmas é que os provérbios geralmente são de autoria desconhecida. Na Bíblia, os Provérbios de Salomão são atribuídos a ele, mas isto não significa que o famoso rei tenha sido seu autor. Os demais tipos de apotegmas geralmente têm autoria e/ou origem conhecidas. 
Um tipo de apotegma
muito frequente nas manifestações públicas.
Há também os apotegmas jurídicos, que na verdade são "verdades judiciais" carregadas de autoridade. Geralmente se baseiam em fatos ou motivos diferentes, mas sempre sob as condições das exigências legais. De qualquer forma, a principal característica dos apotegmas é que são sentenças breves com conteúdos importantes que independem de outras sentenças. Os exemplos mais populares de apotegmas são aqueles usados em faixas e cartazes nas manifestações públicas, tais como "Em defesa dos direitos trabalhistas", "Pela preservação da natureza", "Abaixo a ditadura", etc.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Fazer Redações Ajuda a Preservar Capacidade de Memória e Melhorar Aprendizagem

Estudantes
que escrevem
tudo que o professor explica
aprendem as matérias
com mais facilidade.


Este é um fato cientificamente comprovado: os alunos que escrevem ou tentam escrever tudo que os professores ensinam nas aulas, escrevem fazendo anotações enquanto estudam em casa, aprendem as matérias com muito mais facilidade. Isto acontece porque eles anotam tudo que consideram importante? Também, mas o principal motivo é outro: eles escrevem bastante. Escrever nunca é demais, principalmente quando o objetivo é aprender disciplinas. O ato de escrever mantém nossas principais atividades cerebrais em atividade, melhorando sempre o desempenho de memória e aprendizagem.
O hábito de fazer redações é, portanto, importante para nossas vidas por diversas razões. Através delas, escrevendo sempre à mão, desenvolvemos nossa capacidade de raciocínio, mantemos nosso contato com a necessidade do cuidado em escrever as palavras e as frases corretamente, e isto mantém todas as nossas capacidades de cognição em boas ou mesmo ótimas condições. Paulo Henrique Lyma, especialista em memorização, explica que pessoas que preservam o hábito de fazer anotações durante palestras e reuniões e estudantes que procuram anotar tudo que os professores explicam memorizam as informações com mais eficácia porque o ato de escrever causa alguns dos principais estímulos que o cérebro necessita para se manter saudável.
O especialista explicou que quando lemos algo atentamente e resumimos as informações escrevendo-as, isto cria estímulos que aumentam nossa capacidade de assimilar e aprender. No entanto, ele recomenda que isto seja sempre feito através do velho sistema do uso do papel e da caneta ou do lápis. Ele justifica: "Quando digitamos, recebemos
 uma quantidade maior de informações, mas isto não significa que o resgate ou o acesso no longo prazo será eficaz. Escrevendo, ficamos mais focados e trabalhamos melhor nosso sistema cognitivo, o que estimula a assimilação das informações”.
Paulo Henrique Lyma diz que um dos melhores sistemas de aprendizagem é a elaboração de resumos. Este é um exercício que qualquer pessoa pode fazer em casa. Tente resumir um livro, informações publicas em revistas ou jornais. Suas anotações estabelecerão e isto funcionará como um portão de acesso à memória. Ao mesmo tempo, converse com alguém ou "fale" mentalmente sobre o conteúdo do resumo. Ao fazer isto você restabelecerá as conexões das informações. Isto refortalecerá a capacidade de memória. 
Independentemente de fazer resumos do que quer que seja, você pode também simplesmente escrever um texto qualquer. Escolha os temas e faça redações. Pelo menos uma por dia, com quatro ou cinco parágrafos, tendo cada parágrafo sete ou oito períodos. Clique aqui para ler "dicas" sobre como fazer isto. O hábito de fazer redações ajuda a estimular o cérebro, a destacar com mais facilidade as informações mais importantes e a manter a concentração para alcançar determinados objetivos.

Fonte: LFG

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Seminários, Workshops, Simpósios, Congressos e Palestras

Todos eles 
são conhecidos como 
"eventos".


Se você é estudante, já deve ter ouvido falar em congressos nacionais ou estaduais de estudantes. Já deve ter ouvido falar também em "seminários de medicina", "workshop sobre direitos dos trabalhadores", simpósios, palestras e congressos sobre diversos temas. Você sabe dizer que tipos de encontros são esses? Quais são as finalidades de cada um deles?Isto pode ser tema para redação numa prova. Pode também - e com certeza será - ser importante para a profissão que você exerce ou exercerá. Como profissional em qualquer área, haverá muitas ocasiões em que você terá que participar desses eventos. 
"Evento" significa qualquer tipo de acontecimento. Entretanto essa palavra vem sendo usada mais especificamente para se referir a festas, festivais e encontros com objetivos institucionais, governamentais, etc. Esses encontros são organizados por profissionais chamados "organizadores de eventos". Como muito provavelmente algum dia você terá que participar de um deles, é muito importante que você saiba quais são suas finalidades. É importante também que você tenha esses conhecimentos para citá-los em redações. A demonstração desses conhecimentos é muito útil para agregar mais valor à sua redação. 
Uma palestra ou conferência é uma apresentação oral na qual o apresentador - chamado "orador", "palestrante" ou "conferencista" - expõe um determinado tema perante uma plateia, tal como mostra a foto. Numa palestra são transmitidas informações que o palestrante considera importantes para sua audiência, geralmente formada por um público específico (médicos, engenheiros, moradores de um bairro ou uma cidade, moradores de um condomínio, membros de uma igreja, funcionários de uma empresa, etc.). Em alguns cursos, são adotadas palestras como aulas expositivas. Numa palestra, as demais pessoas apenas prestam atenção à exposição do palestrante. Em alguns casos, após essa exposição, um espaço de tempo é destinado aos presentes para fazerem suas perguntas e solicitarem mais explicações. 
"Seminário" é também o nome que se dá a uma instituição de ensino da Igreja Católica destinada a formar padres. No caso ao qual estou me referindo, um seminário é um evento no qual são realizadas várias palestras para que, depois destas, os participantes, organizados em grupos de estudos, participem de trocas de informações, experiências e façam avaliações sobre a produtividade do evento. Nesses encontros há trocas de opiniões, ideias, apresentação de análises e projetos, etc.
O workshop é um tipo de evento semelhante a um seminário. A principal diferença é que no workshop ("oficina" em inglês) os participantes trocam experiências baseados em realidades vividas por eles mesmos, comparando-as com o que foi aprendido e apreendido durante as palestras e os debates. No workshop a plateia não é apenas expectadora. Cada participante tem que exercer algumas atividades para ao mesmo tempo demonstrar experiências já adquiridas e vivenciar as experiências daquele momento. Isto é feito mediante formação de pequenos grupos entre os quais a plateia é dividida. 
O simpósio acontece quando há várias palestras sobre um mesmo tema durante uma manhã e à tarde, com um intervalo para um almoço. O nome vem da palavra grega "sympósion", que na Grécia Antiga era uma festa com um banquete. Além de ser um encontro de negócios ou para discussões sobre temas de interesse comum entre os participantes, o simpósio tem uma  característica de confraternização que ocorre durante todo o evento, mas principalmente no almoço. Vem daí a comparação com uma festa como a que ocorria antigamente na Grécia. 
Um congresso é simplesmente uma reunião de pessoas para discutir temas de interesse comum. Ou seja: um congresso pode ser um workshop, um simpósio ou um seminário. É também o nome que se dá a um local de reunião de parlamentares, tal como o Congresso Nacional do Brasil, em Brasília, composto pelo Senado e pela Câmara Federal. Todas as pessoas que participam de palestras, seminários, workshops, etc., são congressistas

terça-feira, 26 de setembro de 2017

"Conspirar" pode ser "a favor"?

O verbo "conspirar"
significa sempre
"planejar contra".

Você já deve ter visto ou ouvido muitas vezes a frase "O universo conspira a seu favor". Este pode ser um recurso amplamente usado com sentido poético ou pode ser coisa de sonhadores, como muita gente costuma dizer. Entretanto, dizer "conspirar a favor" é um erro semelhante ao que se comete ao dizer "subir para baixo" ou "descer para cima". Resumindo: toda conspiração é sempre contra algo ou alguém.
"Conspiração" é sinônimo de "conluio". "Conluio" é um planejamento e uma ação resultante de uma combinação entre duas ou várias pessoas para enganar outra ou outras pessoas ou para burlar uma lei. Ou seja: é uma manifestação sempre contra alguém ou algo. Entretanto, "conspirar contra" não é um pleonasmo. Um pleonasmo é uma expressão composta por duas ou mais uma palavras em que pelo menos uma delas é desnecessária porque a outra já apresenta um sentido completo. Exemplo: "mulher feminina". A palavra "feminina" é desnecessária porque toda mulher é feminina. Entretanto, "conspirar contra" não é um pleonasmo porque toda conspiração é contra alguma coisa. Isto quer dizer que todas as vezes que você mencionar uma conspiração, terá que dizer contra o quê ou contra quem para completar a informação. Eu não poderia dizer, por exemplo: "Alguns funcionários conspiram a empresa". Eu teria que dizer que eles conspiram contra a empresa. Apesar de parecer um pleonasmo, a presença da palavra "contra", neste caso, se torna necessária. Por outro lado eu posso dizer:

O movimento que causou o fim do mandato do presidente da empresa foi uma conspiração. 

Na frase acima não houve necessidade de dizer "uma conspiração contra o presidente" porque isto já ficou claro em "o movimento que causou o fim do mandato do presidente". 

Os Tipos de Discursos

"Discurso"
é um texto 
feito para ser lido 
perante uma audiência.


Principalmente por estarem acostumadas a ouvir discursos políticos, muitas pessoas perguntam o que um discurso tem a ver com uma redação, já que o discurso é a mensagem falada e a redação é a mensagem lida. Na verdade o discurso é uma mensagem proferida por alguém perante uma audiência presencial (uma plateia ou pequeno grupo de pessoas) ou não presencial (através do rádio, da televisão, etc.). Pode ser improvisado (quando o discursante ou orador o profere sem se basear num texto) ou escrito (quando é lido ou cujo texto serve como base para o que é dito pelo orador). A redação não é um texto, é o processo através do qual se escreve um texto. Isto incluiu relatórios, peças de publicidade, notícias, cartas, requerimentos, ofícios, e todos os tipos de textos, cada qual com finalidades específicas. Entre estes constam os que são escritos para se tornarem discursos. O tipo de redação para estes textos é a redação discursiva.
Nas provas como o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), concursos públicos, vestibulares, são exigidas redações discursivas. Isto não significa que as redações dos participantes serão lidas em público. Significa apenas que o objetivo é verificar a capacidade dos participantes produzirem textos qualitativos para se tornarem discursos ou servirem como base para eles. No Brasil, um grande problema quanto a isto é que os professoras de Língua Portuguesa raramente ensinam isto a seus alunos, e estes também raramente aprendem pelo menos as noções básicas de diferenças entre os tipos de discursos. O resultado disto não pode ser outro senão o alto índice de reprovação em redações em todos os tipos de provas. 

O discurso, falado ou escrito, envolve a comunicação dentro de um determinado contexto. Esse contexto diz respeito à pessoa que fala (orador), às pessoas para quem ele fala (audiência ou público) e sobre o que se fala (o assunto ou tema). Nas redações feitas no Enem, sempre é proposto um determinado tema, o que significa que que elas têm que ser sempre redações discursivas. Ou seja, têm que ser discursos. Esses discursos podem ser diretos, indiretos e indiretos livres. O texto é um discurso direto quando expõe a fala de um personagem (real ou fictício) destacando-o com travessões, aspas ou de alguma outra forma, como se as palavras fossem do personagem, não do autor do texto. Exemplos:

- Eu não sabia disto.
- "Eu não sabia disto" - disse o rapaz.

Então ele disse: "eu não sabia disto."
- Por que você não compareceu à aula ontem? - perguntou-lhe o professor.

Num discurso indireto, registra-se a fala do personagem sob a influência do autor do texto. Os tempos verbais são modificados para facilitar o entendimento do leitor em relação à pessoa que fala. É uma transformação do discurso direto para uma outra forma de transmitir a mensagem. Exemplo:

Discurso direto:
- "Eu não sabia disto" - disse o rapaz.
Discurso indireto:
O rapaz disse que ele não sabia disto.


No discurso indireto livre, a narração é interrompida para que se inclua uma fala do personagem sem precisar do uso de recursos gráficos como as aspas, os travessões, etc. Nele as falas dos personagens surgem de forma abrupta, o que requer muita atenção da pessoa que o lê, principalmente quando esta o apresentar em público, pois a forma como a audiência entenderá o que foi lido dependerá da forma como a leitura foi feita. Exemplo:

Pediram ao rapaz que explicasse detalhadamente sobre o ocorrido, mas ele continuava a dizer que não sabia do que se tratava. 

Em outras palavras: num discurso indireto livre, o autor não usa as palavras do personagem; revela-se interpretação pessoal do que o personagem disse ou de como ele o disse.
Os vários tipos de redação existentes dentro de um mesmo tipo (neste caso, os três tipos de redação discursiva) permitem ao estudante ou ao candidato a um cargo público demonstrar sua capacidade de produzir os textos conforme sua criatividade e, ao mesmo tempo, de maneira adequada a cada tema. Entretanto, os estudantes terão dificuldade para entender isto se os professores não lhes ensinam sobre isto durante as aulas.  Se você é estudante e seu professor não lhe ensina esses detalhes, cobre isto dele. É um direito seu e um dever dele. 
Você também pode treinar em casa. Faça esses tipos de redação usando o computador. Você não poderá fazer isto na prova porque, além de não poder contar com um computador, um dos objetivos da redação será verificar sua capacidade de escrever corretamente, sem corretores automáticos ou outros recursos facilitadores. No entanto, pode fazer isto em casa. Para treinar ainda melhor, escreva sua redação tal como terá que fazer na prova também.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A Importância da Obediência às Regras Gramaticais na Redação

As regras gramaticais
facilitam a comunicabilidade.

Esse assunto já foi exposto por mim em outros artigos no Redafácil, mas quando eu observo certas inconveniências linguísticas cometidas nas redes sociais online, imagino que muita gente, principalmente estudantes, as cometem frequentemente também em redações nas provas. Por isto, para mim, não chega a ser surpreendente o fato de que as piores notas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) são sempre relacionadas às redações - exatamente o quesito mais importante da prova, já que revela a capacidade ou incapacidade de comunicação do aluno. Quem usa palavras inadequadamente na escrita obviamente comete o mesmo erro quando fala formal ou informalmente. 
Não é necessário ser especialista em linguística nem catedrático(a) em língua portuguesa, mas é preciso ter um bom domínio das necessidades mínimas para o uso de uma linguagem minimamente correta e adequada para cada situação. Nestes termos, quanto maior for o domínio sobre conhecimentos gramaticais, melhor será para a pessoa, não só para obter boas notas nas provas, mas para obter sucesso na vida. Num comentário no Facebook, uma pessoa usou a expressão "pessoa muito errante" para se referir a uma pessoa que, segundo ela, comete muitos erros na vida. "Errante" significa "nômade", "ser humano ou outro tipo de animal (humanos também são animais) que muda constantemente de um local para viver em outro". Numa redação, numa entrevista, num discurso, erros como este podem dificultar o entendimento da mensagem para quem a lê ou ouve. Palavras com significados equivocados modificam o sentido da mensagem.
Isto faz com que as palavras sejam necessariamente usadas de acordo com o contextos e escritas conforme as regras gramaticais para evitar, tanto quanto possível, qualquer margem de erro e de possibilidade de interpretação equivocada por parte do leitor. Lembre-se que numa prova o "leitor" será exatamente a pessoa que analisará a redação. A nota que ele dará dependerá muito da interpretação dele. cabe a quem a escreve a obrigação de evitar todas as possibilidades de interpretação equivocada. Com muita propriedade, um(a) estudante que preferiu não revelar seu nome escreveu num comentário: "Eu acho que é muito importante você ter um conhecimento mais do que razoável e superficial da gramática, e não só no estudo do inglês - idioma que eu estudo. Em qualquer idioma, a gramática nos faz entender a composição e o sentido das palavras e facilita nossa produção e interpretação de textos. As regras de escrita e gramaticais em geral variam muito de um idioma para o outro, mas o estudo da gramática nos ajuda muito a melhorar nossos textos."
O que chamamos "gramática" é o conjunto de regras e prescrições que determinam o uso considerado correto do idioma na fala e na escrita. Esse conceito, por si só, já justifica a importância dessas regras para para a eficácia da comunicação. Neste ponto, é importante lembrar que "eficiência" e "eficácia" são coisas diferentes: "eficiência" é a forma de obter bons resultados e "eficácia" é a capacidade de obter resultados bem melhores. Uma pessoa eficiente é alguém que faz algo muito bem feito, mas uma pessoa eficaz é a pessoa capaz de fazer muito melhor. Se você se preocupa em manter sua obediência às regras gramaticais, suas chances de se tornar cada vez mais eficaz e obter mais sucesso do que os apenas eficientes se tornam maiores.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

"Grande Maioria", "Pequena Maioria", "Grande Minoria" e "Pequena Minoria"


Parecem pleonasmos,
mas não o são.


Não somos obrigados a concordar com o que diz a frase de Charles Bukowski (1920-1994) ou com a opinião atribuída ao poeta alemão na ilustração, mas a forma como a expressão "grande maioria" foi inserida é válida como exemplo. A redundância é o excesso de palavras numa mesma expressão. Por exemplo, "subir para cima" é uma redundância porque o verbo subir já indica um movimento para cima. Há, no entanto, redundâncias que são permitidas para dar ênfase à expressão. Por exemplo: "vi com meus próprios olhos". É claro que ninguém pode ver alguma coisa através dos olhos de outra pessoa, mas esse tipo de pleonasmo tem como significado algo como "se eu mesmo não tivesse visto, eu não teria acreditado".
Entretanto, expressões como "grande maioria" e "pequena minoria" não são pleonasmos. Para entendermos isto temos que recorrer à matemática e fazer pequenos cálculos de porcentagem. Suponhamos, por exemplo, um grupo de 300 mil pessoas. Cinquenta por cento (50%) desse total são representados pela metade: 150 mil pessoas. A metade de cada metade representa 25% do total - ou seja, 75 mil pessoas. Portanto, qualquer porcentagem acima de 25% é uma grande maioria. Qualquer porcentagem acima de 50% e abaixo de 75% é uma pequena maioria.
Quanto à minoria (qualquer porcentagem abaixo de 50% do total), ocorre uma grande minoria se a maior da menor parte dos 100% exceder à metade dessa menor parte. Suponhamos um cálculo de 40 por cento (40%) do total. Isto representaria 120 mil pessoas. A metade desta parte representa 20 por cento do total: 60 mil pessoas. Em relação às 300 mil pessoas, qualquer número abaixo de de 60 mil é uma pequena minoria. É claro que um número cada vez menor representa uma minoria cada vez menor. Por tanto, a "menor minoria" e a "maior maioria" também não são redundâncias nem pleonasmos.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

"Câmara" ou "Câmera"

O plenário da Câmara Federal do Brasil.
Há pessoas
que dizem:
"'Câmara' é como a dos deputados

e 'câmera'
é como a de fotografar."



Câmaras para captar imagens.
Este é um pensamento equivocado. A palavra originalmente correta na língua portuguesa é mesmo "câmara" para ambos os casos. No caso dos aparelhos para registrar imagens, a palavra "câmera" é a mais usada no Brasil devido à influência da língua inglesa em nosso país. Se numa redação você usar a palavra "câmara" para se referir a um desses aparelhos, ela terá que ser considerada correta, pois estará correta mesmo. Porém, se você preferir "câmera", não haverá problema algum, já que ela também é considerada correta há décadas.
"Câmara" e "câmera" significam "ambiente fechado". Esse ambiente tanto pode ser uma câmara fotográfica, uma câmara filmadora, aquela que o oftalmologista usa para diagnosticar problemas nos olhos de alguém ou a que é usada por um cinegrafista. As duas palavras também se referem a um dos cômodos de uma residência. A Câmara dos Vereadores de qualquer município e a Câmara dos Deputados Federais têm esses nomes porque são locais onde as decisões parlamentares são tomadas em reuniões em ambientes fechados. É a mesma razão pela qual também são câmaras ou câmeras os aparelhos para registrar e gravar imagens: o processo de de captura e gravação ocorre dentro do aparelho - ou seja, num ambiente fechado.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

"Entender" e "Compreender"

Para fazer
uma boa redação,
é preciso entender
o que é uma 
interpretação de texto.


A avaliação de uma interpretação de texto não revela apenas a condição de uma pessoa entender o que lê. A dificuldade em interpretar um texto está relacionada à dificuldade em produzir - ou redigir - um texto. Quem tem dificuldade em entender o que lê também tem dificuldade em expressar o que escreve. "Interpretação" é o estabelecimento de comunicação entre duas ou mais pessoas. Quando o assunto é "interpretação de texto", trata-se do estabelecimento de comunicação através da escrita. Há situações em que o aluno não consegue obter uma boa nota em interpretação de texto por ter dificuldade em entender o que lê. Por outro lado, qualquer leitor terá dificuldade em interpretar um texto se este for escrito por quem tem dificuldade em se expressar através da redação. Entretanto, na maioria dos casos, a dificuldade de interpretação de texto vem do desconhecimento dos significados de muitas palavras, termos ou expressões ou da incapacidade de entender o contexto em que eles foram empregados.
O intérprete é a pessoa que interpreta algo. Um cantor é o intérprete de uma canção. Num filme, o intérprete de um personagem é um ator. Assim como o ator precisa entender o personagem para melhor interpretá-lo, o mesmo tem que ocorrer com o cantor ou a cantora em relação à música a ser cantada. No caso de um texto, seu intérprete é a pessoa que o lê. O problema é que, numa prova, quando o aluno escreve uma redação, ele se preocupa mais com o que ele quer escrever do que com a forma como as pessoas que a lerão poderão interpretá-la. Vem daí as necessidades da escrita ser a mais correta possível gramaticalmente e ortograficamente, da pontuação correta, da paragrafação correta, etc. Tudo isto é necessário para facilitar a interpretação de quem lerá.
Estou me referindo às condições de compreensão e de entendimento do texto de uma redação. Digo "compreensão e entendimento" porque muitos dicionários apresentam "compreensão" e "entendimento" como duas palavras com o mesmo significado. Isto não é incorreto, mas também não é tão simples assim. "Entender" é captar ou perceber uma ideia ou uma intenção de outra(s) pessoa(s). "Compreender" é processar corretamente o ato de entender. Ou seja: a compreensão não é o entendimento, é o processamento de raciocínio que resulta no entendimento. O contrário disto é a incompreensão, que leva ao desentendimento. 
A compreensão inclui o entendimento e a assimilação. Juntos, o entendimento e a assimilação levam à interpretação. Numa prova como o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), num vestibular ou num concurso público, quem não quiser ser reprovado por causa de uma redação precisará entender e compreender isto muito bem. A pessoa que atribuirá pontos à redação será alguém que terá que interpretá-la. Para a redação ser interpretada corretamente, caberá ao seu autor a obrigação de fornecer no texto todas as condições necessárias a isto. Muitas dessas condições estão expostas em todos os artigos publicados no Redafácil. 

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A Redação no Enem em 2017

O que será exigido
na prova de redação 
no Enem este ano?


O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) deste ano será realizado nos dias 5 e 12 de novembro. Como acontece em todos os anos, a aproximação das datas das provas faz aumentar a preocupação de seus participantes quanto ao que será exigido em relação às redações. O mais importante é estar atento quanto aos temas que são possíveis: os principais assuntos relacionados à política, a problemas sociais, etc., e que estão em evidência na mídia. Portanto, neste caso, meu conselho é o de sempre: assistam aos telenoticiários, leiam jornais impressos e online, revistas atualizadas, etc., tanto quanto puderem. Assistam  pela televisão e ouçam pelo rádio também reportagens, entrevistas e debates sobre todos os assuntos.
Quanto à forma como você deve redigir seu texto na prova, o mais importante é você saber que ele tem que ser dissertativoargumentativo e tão corretamente escrito quanto o autor da redação puder conseguir. Quando dizem que "o mais importante é que se entenda o que o aluno quis dizer", é ainda mais importante lembrar que é exatamente por isto que uma redação muito bem feita é necessária. "Redação muito bem feita" é redação com palavras ortograficamente corretas, bem adequadas ao contexto, paragrafação muito bem elaborada, etc.
O principal objetivo das redações no Enem é fazer com que os estudantes demonstrem sua capacidade de domínio sobre a escrita formal. Isto requer domínio sobre linguagem culta e linguagem coloquial. Eles terão que demonstrar também que compreendem a proposta de redação - isto é, o tema sugerido ou exigido - e por isto eu digo que é preciso que frequentemente leiam jornais, revistas, assistam a reportagens televisivas, etc. Isto é necessário para que eles sejam capazes de organizar, selecionar e interpretar corretamente as informações e os fatos e criar fundamentos para seus argumentos. Para ler mais "dicas" sobre isto, clique aqui