"Câmara" e "Câmera"

"Câmera Municipal"

ou "Câmara Municipal"?

Recentemente, num telejornal, uma repórter disse "A Câmera Municipal...". Certamente alguém que estava assistindo à reportagem deve ter questionado: ela não deveria dizer "Câmara"? Na verdade, embora no Brasil a palavra "Câmara" ou "câmara", neste caso, seja usada preferencialmente, "Câmera" ou "câmera" também pode ser aceita (embora em prefira "câmara"). 

A palavra "câmera" proveio da palavra inglesa "camera", que significa exclusivamente um aparelho para registrar imagens. Ou seja: câmera para fotografar, câmera para filmar, etc. Em Portugal apenas a palavra "câmara" é aceita como correta em qualquer dos casos (pelo menos assim me parece). No Brasil, considera-se "câmara" um recinto fechado como um salão, um auditório, um cinema, uma saleta, enfim qualquer ambiente fechado com piso, paredes e teto. Ocorre que os aparelhos como as câmeras usadas para registrar imagens também são recintos fechados, embora bem menores; portanto, também são câmaras. Talvez por uma questão de hábito adquirido durante décadas, uso a palavra "câmara" para me referir a um local como os salões das assembleias legislativas, câmaras municipais e outras salas, saletas, etc., e a palavra "câmera" para me referir a um aparelho para fotografar, filmar, etc.

 

Qual é a diferença entre "velho" e "antigo"?

"Velho" e "antigo" 

têm o mesmo significado?

 

Numa página no Facebook, sobre coisas antigas (fatos, objetos, etc.) às vezes alguém faz postagens sobre algo ocorrido na década de 1990 e alguém comenta que fatos e objetos daquela década não são antigos. Muitas pessoas acham que "antigo" é algo relativo ao que ocorreu ou ocorria há mais de 50 anos. Outras dizem que "antigo" é algo relacionado à sua própria infância ou adolescência, ainda que isto tenha ocorrido há cerca de 20 anos ou pouco menos.

Sob o ponto de vista da História, "antigo" é tudo que se refere à Antiguidade. A Idade Antiga ou Antiguidade é o período histórico que se extende desde a invenção da escrita (cerca de 4 mil anos antes de Cristo) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C - "depois de Cristo"). Porém, as palavras "antigo" e "antiga" são frequentemente muito usadas com referência a qualquer coisa que já existiu há décadas, há alguns anos ou ainda existe, funciona, mas tem dez anos ou mais. Nestes termos, "antigo" assume o mesmo significado de "velho". Por exemplo, um carro velho como o da foto. 

Por sua vez, as palavras "velho" e "velha" é algo que existe ou existiu há muito tempo. Também pode ser algo que existe há pouco tempo mas já não está mais em condições de uso. Inutilizado. Obsoleto. Que não tem mais razão para continuar existindo. Concluo, portanto, que as definições para "velho", "velha", "antigo" e "antiga" não são exatamente corretas ou erradas. São pessoais, de modo que o que é velho para algumas pessoas nem sempre é antigo. E vice-versa. 

 
 

O que são "influenciadores digitais"?

Muita gente critica 

os influenciadores digitais

sem saber 

o que é ser 

um influenciador digital.

 

Eis um tema que pode ser o próximo para a redação numa prova: o "digital influencer" ("influenciador digital"). Em redes sociais comoo Facebook, existem muitas postagens e comentários sobre isto, mas a maioria demonstra que tem conceitos equivocados. Porém, por esta ser uma atividade que está se tornando uma atividade cada vez mais importante no mundo, é importante que todos saibam o que um influenciador ou uma influenciadora digital faz. Essa atividade está relacionada a uma coisa chamada "marketing". 

O marketing é a arte de empregar valores para satisfazer necessidades e desejos de um público. No caso dos influenciadores digitais, o principal objetivo é manter um público fiel que seja constituído por possíveis potenciais consumidores de determinados produtos ou serviços colocados em oferta no mercado. Isto se chama "marketing de influência". É uma abordagem de marketing focada em pessoas que exerçam influencia ou liderança sobre pessoas que possam se tornar potenciais clientes de uma marca. Para isto, os influenciadores precisam ter a capacidade de interferir nas decisões dos consumidores quanto às compras em favor de uma determinada marca.
Para isto, o influenciador ou a influenciadora precisa saber estabelecer uma relação de confiança entre si mesmo(a) e seu público. Se for um grande público, será melhor para a marca e o influenciador, mas o mais importante é que se mantenha a fidelidade do público. Por isto, o fator mais importante é o conteúdo que os influenciadores produzem nas redes sociais, sites e blogs. Alguns podem conter conteúdos completamente originais. Outros podem optar por formatos parecidos com os de outros influenciadores, mas com abordagens próprias. Os temas mais comuns são jogos, culinária, alimentação, autoestima, vestuário, jornalismo, entretenimento (cinema, televisão, etc.), conhecimentos gerais, esportes, etc. Se o influenciador abordar algo relacionado a seus conhecimentos profissionais (por exemplo, se um arquiteto publica algo sobre arquitetura), a possibilidade de se tornar um influenciador digital bem sucedido é muito maior, pois trata de assuntos que são sua especialidade.
A atuação dos influenciadores digitais nas redes sociais tem causado mudanças significativas na forma como os conteúdos na internet são recebidos pelo público em geral. Isto pode ter bons e maus resultados, já que as informações podem ser provenientes de fontes duvidosas e muita gente as compartilha. Vem daí a importância de que, para ser um influenciador responsável, é melhor que seja um profissional gabaritado para falar sobre o tema que aborda.

O que é "desambiguação"?

 É muito importante 

evitar a ambiguidade.

Evitar palavras e expressões ambíguas é algo muito importante para a clareza e a objetivididade numa redação. Por isto é extremamente importante que os estudantes e as pessoas em geral saibam o que é uma desambiguação. Para facilitar o entendimento, começo explicando o que é uma ambiguidade.
A ambiguidade é a existência de sentido duplo numa mesma palavra, numa mesma expressão ou numa mesma frase. Ao escrever o texto, é preciso estar atento para que isto não ocorra, pois nem sempre a ambiguidade é proposital. Sua existência pode prejudicar a compreensão do conteúdo. Um exemplo muito comum de ambiguidade:
"Ninguém sabe o que acontecerá amanhã."

Em determinadas situações, a palavra "amanhã" é usada como uma metáfora para significar qualquer dia no futuro. Portanto, em determinados textos, torna-se difícil ao leitor saber se o autor quis se referir a qualquer dia no futuro ou ao dia seguinte ao de hoje. Outro tipo de ambiguidade: se eu estou numa praça, posso estar conversando com alguém via celular e dizer que estou perto de um banco. Neste caso a pessoa que me ouve pode ter uma dúvida: perto de um banco no qual pessoas se sentam ou de uma agência bancária (que popularmente é chamada "banco"). 

A desambiguação é uma área de conhecimento muito importante na comunicação. Ela se refere a um processo de explicação sobre uma mensagem que possa gerar mais de uma forma de interpretação. Esse processo precisa ser bem utilizado tanto na fala quanto na escrita. Não é um processo difícil. Basta apenas o autor ler seu próprio texto ao terminar de escrevê-lo e, colocando-se no lugar do leitor, verificar quais partes podem causar dupla interpretação e corrigi-las substituindo as palavras ou expressões possivelmente ambíguas. 

É certo dizer "as trezentas milhões de pessoas"?

 

Erros como estes

são frequentemente cometidos

por repórteres. 

 

Ontem eu ouvi um repórter de uma certa emissora de televisão falar "as trezentas milhões de pessoas". Prefiro não dizer quem foi o repórter nem de qual emissora, pois esse tem sido um erro muito frequente em quase todos os telenoticiários do Brasil. Não seria justo identificar um sem identificar os outros. Entretanto, este é um erro que deve ser observado com cuidado para não ser repetido nem cometido por outras pessoas. Por serem profissionais de comunicação, os jornalistas - entre estes, os repórteres - são vistos como referências sobre como devemos falar e escrever. Portanto, induzem outras pessoas a se expressar cometendo o mesmo erro.
Trata-se de uma questão de concordância. Como a frase contém um substantivo mascunino e um substantivo feminino, vem a dúvida: o artigo deve ser masculino ("os") ou feminino ("as")? Porém, é fácil observar qual é a forma correta.
Se não houvesse a informação númerica ("300 milhões"), seria fácil dizer "as pessoas". No entanto, ele se referiu a 300 milhões de pessoas. Embora "pessoas" seja um substantivo feminino na forma plural, "milhões" é um substantivo taambém na forma plural, porém masculino, já que é o plural de "milhão". Portanto, o repórter não se referiu especificamente às pessoas, mas aos trezentos milhões de poessoas. Portanto, o repórter deveria dizer "os trezentos milhões de pessoas".

O que são as comorbidades?

Foto: Cetic

Quando mencionar comorbidades,

lembre-se que existem vários tipos.

 

Desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus, a palavra "comorbidade" tem sido muito usada. Numa redação, ao mencioná-la, você precisará saber o que é uma comorbidade e quais são os tipos de comorbidades que existem. Mesmo que você não seja um profissional da área de saúde, mais condições você terá para argumentar a respeito sem precisar ser um profissional da área de saúde. 

Primeiramente lembre-se que a partícula "co" (a primeira sílaba da palavra) tem o significado de ação conjunta, tal como em "cooperar" ("operar juntamente com alguém"), "colaborar" ("trabalhar com alguém"), etc. Portanto, "comorbidade" é uma relação entre  doenças que pode resultar numa morbidade (gravidade com risco de morte). Basicamente são conhecidos três tipos de comorbidades: a patogênica, a diagnóstica e a prognóstica. 

A comorbidade patogênica ocorre quando duas ou mais doenças se relacionam através da mesma origem e das mesmas causas. Isto é detectado por meio da etiologia, que é o estudo, a análise e as pesquisas sobre as causas das doenças.
A comorbidade diagnóstica é detectada quando se percebe que as manifestações da doença secundária são similares às da doença primária. É o caso da pneumonia que, como doença primária, é uma comorbidade em relação à Covid-19 (doença secundária), pois ambas têm sintomas iniciais semelhantes: tosse seca ou produtiva, febre, dificuldade para respirar, etc. 

A comorbidade prognóstica envolve doenças que predispõem o paciente a desenvolver outras doenças como consequências. Acontece, por exemplo, quando uma trombose (interrução grave da corrente sanguínea em vasos ou veias) causa outros males - entre eles, algum tipo de câncer.

Nota:
O autor do texto não é um profissional da área de saúde. Profissionais de saúde que queiram acrescentar ou corrigir informações, por favor, façam isto. Agradecerei pela colaboração. O objetivo do texto não é dar orientações sobre saúde, é apenas oferecer noções básicas para leigos que queiram ou precisem fazer uma redação sobre o tema aqui mencionado. Para maiores informações sobre as doenças, por favor, consultem médicos especialistas. 

 

 

"Público e notório" é ou não é um pleonasmo?

Foto: Arquivo Google

 Com muita frequência,

fazem-me esta pergunta.

Não, não é. Um pleonasmo é o uso de duas ou mais palavras sem necessidade, quando basta uma para encerrar o significado que se quer dar à expressão. No caso das "público" e "notório" isto não acontece porque são palavras com signficados diferentes. 

Um pleonasmo é a repetição de um termo da oração ou do significado de uma expressão. Ou seja: é quando uma informação é repetida desnecessariamente. "Público e notório" é uma expressão muito usada para se referir a um fato extremamente conhecido e sem necessidade de provas. "Público" é qualquer informação considerada de conhecimento de grande número de pessoas. "Notório" é algo que possa ser facilmente notado e observado por qualquer pessoa, algo que se evidencia de tal forma que não há como ter dúvidas a seu respeito. Em outras palavras: um fato notório é sempre de conhecimento público, mas um fato de conhecimento público nem sempre é notório.

Há pessoas que argumentam que "notório" é uma palavra relacionada a "notoriedade". É verdade, mas "notoriedade" é a condição de uma pessoa ou de um fato muito conhecido por meio de evidências que o o destacam, não apenas por ser muito conhecido. Por exemplo: um "notório criminoso" é uma pessoa famosa por ser altamente perigosa para a sociedade: ela se destaca das outras pessoas devido ao seu alto nível de periculosidade. Já um "notório ator" é um ator que conquistou sua fama devido ao seu talento artístico. Resumindo: "notoriedade" significa destaque de uma pessoa ou um fato pela sua importância, seja qual for a importância desta.