Isto agrava a situação
dos estudantes
e do país.
Segundo os dados oficiais apresentados pelo Ministério da Educação, apenas 53 alunos obtiveram a nota máxima (nota mil) em redação no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) em 2017. Um índice preocupante, considerando-se que foram avaliadas mais de quatro milhões de redações. A queda quanto a isto nas últimas quatro edições do Enem foi assim: 250 em 2014, 104 em 2015, 77 em 2016 e apenas 53 no ano passado. Dados extremamente lamentáveis. Mais lamentável ainda é o fato de que, em relação ao resultado de 2016 quanto aos alunos cujas redações não tinham relação com o tema proposto, em 2017 o índice aumentou em absurdamente 542%. Ou seja: mais de cinco vezes o total de 2016, que já foi preocupante. Segundo o Ministério da Educação, apenas 6,5% dos participantes do Enem 2017 receberam nota zero nas redações. Em termos percentuais parece pouca coisa, mas 6,5 por cento de quatro milhões de participantes são 260 mil alunos. Como o número de participantes foi mais de quatro milhões, esses 6,5% foram mais de 260 mil. Isto é preocupante. A nota zero em redação ocorre quando o aluno não faz a redação ou quando foge ao tema proposto.
Isto agrava um problema chamado "analfabetismo funcional". Este é o nome dado à situação em que as pessoas com mais de 15 anos de idade conhecem bem as letras, as palavras, sabe formar frases, mas têm dificuldade para interpretar textos. A dificuldade prejudica a capacidade para fazer uma redação, especialmente quando o tema é algo sobre o que ele precisa ler para se manter informado. O aluno não tem condições de expor corretamente em seu próprio texto o que ele não consegue entender nos textos que lê.
Como o problema está tão evidente entre os alunos de ensino médio, é claro que ele também se evidencia no nível superior. O fato do candidato ter sido aprovado no vestibular ou conseguido uma vaga numa universidade por ter obtido as condições estabelecidas para isto através do Enem não descarta a possibilidade dele ser um analfabeto funcional. A maioria deles diz que não gosta de ler textos longos porque são leituras cansativas, mas entre muitos destes a verdade é outra: são considerados "tecnicamente alfabetizados", mas são incapazes de interpretar textos longos corretamente.
Este é um fato diversas vezes revelado através do PISA (Programme for Internatinal Students Assessment - Programa de Avaliação Internacional de Estudantes). O programa é um estudo mundial da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), organização intergovernamental da qual o Brasil faz participa com outros 34 países. Nessas avaliações feitas anualmente, envolvendo estudantes com idade mínima de 15 anos, o nível brasileiro sempre se revela insatisfatório, principalmente quanto à interpretação de textos e à redação.
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