As mulheres costumam
ser mais cuidadosas
quanto ao uso correto da linguagem.
O título do artigo foi a pergunta que deixei em aberto para uma discussão em meu perfil no Linked In há alguns dias. Até as 22h30m de hoje (segunda-feira, 27 de junho de 2011) houve 50 respostas dadas por 16 pessoas (algumas deram duas ou três respostas), sendo nove homens e sete mulheres. A maioria, tanto entre os homens como entre as mulheres, é constituída por profissionais de comunicação social (jornalistas, relações públicas, assessores, etc.).
Todas as mulheres concordaram que são nítidos os erros gramaticais cometidos por jornalistas na televisão e acrescentaram em seus comentários que isto vem ocorrendo com grande frequência nos jornais impressos, online e revistas - mesmo as mais conceituadas. Entre os homens, seis concordaram e três disseram que não há tantos erros assim, o que confirma que as mulheres costumam ser mais exigentes e criteriosas quanto a este problema.
Um dos jornalistas que discordaram disse que muitos erros são cometidos apenas na digitação, não porque o jornalista escreve errado. Além disto, ele afirmou que mutis "erros" denunciados por algumas pessoas não são erros de fato, mas por causa das diferenças entre palavras como "por" e "pôr". Eu lembrei a ele que essas palavras, embora semelhantes, gramaticalmente não são as mesmas. Uma delas ("por") é uma preposição que substitui expressões como "através de", "por meio de", etc., em casos como "feito por mim", "transmitido por satélite", "viagem por rodovias", "enviado por correio", etc. A outra ("pôr") é um verbo com o mesmo significado de "colocar". Entretanto, como ele citou como exemplo as diferenças entre as palavras por uma delas ter um acento circunflexo e a outra não ter acento, pareceu-me que ele não entendeu a pergunta que fiz. A pergunta era sobre erros gramaticais em telejornais - ou seja, falados, e não escritos. Ficou claro que ele confundiu "gramática" com "ortografia".
A gramática é um conjunto de regras definidas para o uso de um idioma, tanto na forma orla como na escrita. A ortografia é simplesmente a forma de se escrever as palavras. Um jornalista, relações públicas, publicitário, etc. tem a obrigação de saber essa diferença, e precisa ter em mente que o uso da linguagem de forma popular, mas ao mesmo tempo correta ("linguagem popular" não significa "linguagem incorreta"), faz parte das suas obrigações profissionais. Ele é visto como um formador de opinião, ou seja, um influenciador de opiniões. Ele é um profissional de comunicação social, o que significa que, além de informar fatos à sociedade em geral, tem a obrigação de dar o máximo de sua contribuição para a preservação e a elevação da cultura. Para isto, ele precisa ter o conhecimento mais aprofundado possível do idioma que ele mesmo fala.
Constantemente, surgem repórteres nos tele noticiários dizendo frases como esta: "O número de habitantes do país mais do que dobrou nos últimos 10 anos." Além de ser desagradável para a maioria dos que a ouvem, a expressão "mais do que dobrou" é, na minha opinião, inadmissível, já que existe uma outra forma muito melhor e até mais fácil de ser dita, além der correta: "O número de habitantes do país superou o dobro nos últimos dez anos."
Um jornalista chegou a dizer que, mesmo sabendo escrever e falar corretamente, ele prefere escrever de forma incorreta para ser melhor entendido por seus leitores. Isto é uma absurda falta de respeito ao leitor. Isto é uma ofensa ao leitor, pois o jornalista está dizendo a ele: "eu escrevo e falo errado porque se eu escrever e falar certo você não me entenderá."
O pior é que os problemas não se restringem apenas ao uso gramaticalmente inadequado. Há casos em que os próprios repórteres não tem informação totalmente correta sobe o que eles mesmos nos informam. Por exemplo:
Em vários tele jornais e jornais impressos, o BRIC tem sido citado como um "bloco econômico". É um grande equívoco. Um bloco econômico é um conjunto de países de uma mesma região (exemplo: o Mercosul, integrado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) que se unem por decisão conjunta de seus próprios governos, tendo como principal objetivo a queda de tarifas alfandegárias para facilitar a introdução de seus bens e serviços no mercado internacional. O BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) é apenas um conjunto de países citados por uma instituição financeira dos Estados Unidos, a Goldman Sachs, como os que mais se destacaram entre os emergentes nos últimos 10 anos.
Há jornalistas, publicitários e outros profissionais de comunicação social de nível excelente? Sim, claro que há. Porém, muitos "jornalistas" que estão ocupando cargos em empresas de informação precisam passar por uma reformulação urgente.
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