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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Noções de linguística são muito importantes no ensino de segundo grau

Se o professor
não ensina noções de linguística
em sala de aula,
o aluno deve exigir que ele faça isto. 


Para o desempenho de uma boa redação, é muito importante que a pessoa que redige tenha o melhor nível de conhecimento de linguística que lhe for possível. O problema é que, no Brasil, muitas pessoas falam sobre linguística mas ao mesmo tempo demonstram que desconhecem o significado da palavra "linguística". Isto comprova a existência de dois problemas: muitos professores não ensinam noções de linguística durante as aulas e muitos alunos também não exigem esse ensinamento ou simplesmente não estudam suficientemente na escola e em casa. É claro que, depois, as consequências disto virão durante a vida. 
Apesar da importância científica que lhe é dada com justa razão, o bom domínio de linguística pode e deve ser alcançado por todos. Isto já é possível durante o segundo grau, bastando apenas que o professor ensine e que os alunos estudem. A linguística é, em síntese, o estudo da fala e da linguagem. Mas "linguagem", neste caso, é uma referencia às formas de se expressar tanto através da fala como pela escrita. É preciso, inclusive, entender que "linguagem" é a nossa capacidade de aquirir e utilizar complexos sistemas de comunicação oral e escrita, e que "língua" é uma palavra que, embora seja frequentemente usada com o mesmo sentido de "linguagem", é o resultado natural da aprendizagem da linguagem.
De maneira mais profunda, a linguística inclui estudos de fonemas (sons das palavras pronunciadas), fonologia (estudos básicos dos sons), morfologia (estudo das estruturas das palavras), sintaxe (uso de palavras adequadas para a melhor combinação entre elas), semântica (sentido correto ou figurado das palavras e das frases), lexicologia (estudo do conjunto das palavras de um idioma - neste caso, da língua portuguesa), lexicografia (estudo do conjunto das palavras escritas), terminologia (estudo dos termos)(*), estilística (escolha do estilo mais adequado para a finalidade da redação ou da informação oral), pragmatismo (escolha adequada das palavras para uso figurativo, formal ou informal) e filologia (estudo de palavras de idiomas antigos, principalmente visando analisar as origens das palavras de idiomas atuais). Evidentemente, o aluno de segundo grau não precisará se aprofundar em todos esses detalhes, bastando-lhe que tudo isto seja resumido basicamente em três sub-disciplinas: fonologia, morfologia e sintaxe. 
O melhor domínio possível de noções de linguística auxilia muito no desenvolvimento de uma redação de bom nível porque a língua portuguesa tem uma variedade de palavras com mesmo significado e de significados para uma mesma palavra que facilita muito a escolha de palavras mais adequadas. Ao mesmo tempo, isto nos ajuda a evitar a repetição excessiva de uma mesma palavra e uma mesma expressão num texto. Por isto, se esses detalhes não forem devidamente ensinados na escola, os alunos devem exigir esses ensinamentos dos professores. As variações coloquiais da língua precisam ser mencionadas e analisadas durante a aula, com a ajuda do professor, que tem a obrigação de explicar claramente suas finalidades. Entretanto, é claro que a obrigação não cabe apenas ao professor: cabe também ao aluno estudar muito em casa.
Isto é necessário porque a maior parte da vida de uma pessoa é inevitavelmente burocrática. Constantemente, temos que obedecer leis e exigir que outras pessoas as cumpram para que saibamos quais são os nossos direitos e os nossos deveres. Precisamos constantemente ler e redigir contratos, preencher formulários, e lidar com muitos outros documentos ao longo de nossas vidas, e estamos sempre sujeitos a entrevistas para empregos e outros objetivos. Por isto, é imprescindível a aprendizagem do uso correto de linguagem falada e escrita, tanto para determinadas finalidades quanto em determinadas ocasiões. Eis por que a base para isto te que vir de dentro da sala de aula. Quanto mais cedo isto acontecer, melhor. 

(*) "Termo" e "palavra" não são a mesma coisa. Leia "A Semântica Linguística" para entender melhor as diferenças entre as duas coisas. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Semântica Linguística

Para produzir uma boa redação,
você não precisa conhecer semântica profundamente,
mas precisa ter noções de semântica linguística.

Para escrever uma redação de bom nível, é preciso em primeiro lugar definir o objetivo da redação, a categoria do leitor ou de leitores à qual ela será dirigida e, obviamente, o tema ou assunto principal. É por isto que a língua portuguesa, como muitas outras, tem várias palavras com mesmo significado e, em vários casos, diversos significados para uma mesma palavra (veja "Linguagem Figurada" ou "Sentido Figurado", neste blogue). O objetivo disto é permitir a diversificação do uso de palavras num mesmo texto, evitando a repetição excessivo da mesma palavra. 
Isto não quer dizer, no entanto, que se pode escolher qualquer palavra para substituir outra de significado idêntico. É necessário escolher as palavras mais adequadas para a finalidade da redação e a categoria de leitores a que ela será destinada. Deve-se ter o cuidado de não usar palavras excessivamente formais nem excessivamente informais. Por isto é preciso que se tenha algumas noções de semântica linguística. 
"Semântica" provém de "sëmantikós", uma derivação de outra apalavra grega, "sema", que significa "sinal". Portanto, a semântica linguística é o estudo dos sinais das linguagens, expressos por escrito ou por meio da fala. Atualmente utiliza-se semântica linguística em linguagens de programação de computadores, lógica formal e semiótica. 
Na programação de computadores, a semântica ajuda a elaborar métodos padronizados para o envio de instruções a um computador. Esses métodos, por sua vez, ajudam a especificar da melhor forma possível os dados sobre os quais o computador deverá atuar. 
A lógica é um ramo da filosofia pelo qual é estudado o raciocínio válido. Portanto a lógica formal é um método de avaliação do sentido do raciocínio através de argumentações. Em linguística, é a análise argumentativa dos significados das palavras, termos e expressões. 
A semiótica é a combinação de estudos dos signos e da semiose. Os signos são símbolos que representam os significados propriamente ditos das palavras ou expressões, ou aqueles que queremos dar a elas, mas que são diferentes dos significados originais (ver "Linguagem Figurada" e "Sentido Figurado"). Em resumo: a semiótica, em linguística, é o processo pelo qual os símbolos são concebidos.
através da linguagem.
Não confunda "semântica" com "sintaxe". A semântica se refere aos significados das palavras, dos termos e das expressões. A sintaxe é o estudo das estruturas das palavras e dos significados que queremos que elas tenham através da forma como as incluímos no contexto da redação. 

Fontes: 
  • Dicionário Aurélio Buarque de Holanda
  • Novo Manual de Língua Portuguesa, de Celso Pedro Luft

domingo, 15 de abril de 2012

Metáforas, Linguagem Figurada e Sentido Figurado

Muitas pessoas 
costumam confundir 
cada uma dessas três coisas 
com as outras duas. 
Porém, 
existem diferenças muito importantes.

No artigo anterior, lembrei que ao dizer que a Bíblia "fala" por metáforas, já está usando uma metáfora. Muita gente interpreta isto como "sentido figurado" ou "linguagem figurada". Porém, para a produção de uma redação de bom nível na qual o autor possa ou pretenda utilizar tais recursos, é necessário considerar a importância das diferenças entre as três coisas.
No caso das metáforas, é preciso, em primeiro lugar, verificar se seu uso é adequado para o tipo de redação que se queira produzir. Em caso de dúvida quanto a isto, é melhor evitá-las. A metáfora precisa estar de acordo com a necessidade da ênfase à ideia que ela representará, e tem que ser empregada com absoluta clareza e objetividade. Não pode ser fora do comum nem ser desenvolvida demais. Além disto, é preciso ter o cuidado de evitar, dentro de um mesmo pensamento, o uso de duas ou mais metáforas que, para o leitor, possam parecer contraditórias. Também deve-se observar que a metáfora não pode coincidir com uma parte do texto, considerando um ou alguns parágrafos; precisa estar de acordo com toda a ideia contida na redação.
Os melhores exemplos de metáforas são aqueles que usamos na nossa própria maneira cotidiana de falar. Geralmente elas representam comparações. Exemplos: 
- Aquela lagoa tem uma água cristalina.  
A metáfora indica que a água é muito limpa, transparente como um cristal.

- Para mim, isto está claro como a luz do dia.
No primeiro exemplo, a metáfora é apenas uma palavra:"cristalina". No segundo caso,  é toda a expressão "claro como a luz do dia", dizendo que isto (um plano, uma intenção, etc.) está bem nítido. 

Já estamos todos muito familiarizados com as metáforas que usamos na linguagem corrente, e por isto é fácil observá-las como exemplos. Numa redação, porém, é preciso lembrar que há casos em que as metáforas já muito utilizadas na literatura banalizam o texto, contribuindo para a perda do valor de seu conteúdo. É o caso, por exemplo, de "manto negro da noite", "na calada da noite", "tinha a força de mil cavalos", "víbora" ou "cobra venenosa" (pessoa má, traiçoeira), etc. 

Sentido Figurado e Linguagem Figurada

"Linguagem figurada" é a utilização de uma palavra ou uma expressão dando à mesma um significado secundário além do significado habitual. Nós a utilizamos muito na nossa linguagem diária, e na maioria das vezes nem percebemos isto. É um recurso que torna a linguagem oral ou escrita mais clara, mais expressiva. 
A linguagem figurada é também conhecida como "tropo". A "figura" - isto é, o sentido que se quer dar - tanto pode ser formada pelo uso de uma palavra como pelo de várias palavras que formam um pensamento completo. A diferença entre "linguagem figurada" e "sentido figurado" é que "linguagem" é o recurso utilizado na fala ou na escrita, e "sentido" é o significado transmitido através desse recurso. Em resumo: "sentido figurado" é a ideia que resulta da "linguagem figurada". Exemplos:
- O céu parece se espreguiçar quando anoitece. 
- O sol domina o céu durante o dia. 
Portanto, embora "linguagem figurada" e "metáfora" não sejam a mesma coisa, há  linguagens figuradas que são também metáforas. Este é o caso dos dois exemplos citados acima. Entretanto, se eu disser, por exemplo, que vi "alguns pássaros se perderem por trás das árvores", estarei tentando dizer que, depois que os pássaros voaram por trás das árvores, não consegui mais vê-los, e não que eles se perderam. Neste caso, o recurso que utilizei foi uma linguagem figurada, mas não uma metáfora.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Saiba escolher as palavras com significados adequados para a redação

Não basta verificar 
o significado da palavra no dicionário.
É preciso escolher a palavra
com o significado adequado 
para a finalidade da redação.

Dizem que a Bíblia fala por metáforas. Sabemos que a Bíblia não fala, mas diz muitas coisas. "Falar" é comunicar-se através de palavras pronunciadas, não escritas. "Dizer" é informar, seja através da fala ou da escrita. Porém, quando dizemos que a Bíblia fala por metáforas, já estamos usando uma metáfora. 
"Metáfora" é o uso de uma palavra com um significado diferente do original. Cito aqui, como exemplo, um ditado popular:
- Neste barco eu não embarco. 
Um barco é um veículo de navegação por água (rio, mar, etc.). No ditado, a palavra "barco" assume como significado a possibilidade de problemas. Também o verbo "embarcar" tem como significado original "entrar num navio, num avião, num ônibus, etc., para viajar". No ditado, "não embarcar" significa "evitar um possível problema". Temos aí, então, duas metáforas numa mesma frase. Quando eu digo que a Bíblia "fala", estou usando o verbo "falar" com o significado de "dizer", o que também é um recurso metafórico. 
É por existirem muitas metáforas e significados diferentes que, mesmo não sendo metafóricos,  podem estar relacionados a uma mesma palavra, que é preciso ter muito cuidado com a escolha das palavras para uma redação. Nem sempre verificar o significado de uma palavra num dicionário é suficiente para decidir utilizá-la adequadamente. "Merenda", por exemplo, pode ser o alimento que as crianças levam para a escola, mas pode ser também o alimento é servido na escola ou, ainda, uma refeição leve depois do almoço e antes do jantar. "Membro" pode ser uma perna, um braço, uma asa ou uma perna de uma ave, ou ainda uma pessoa em relação a sua família, a uma tribo ou a uma associação, etc. O sentido original de "menina" é "criança do sexo feminino" mas, como metáfora, pode significar "mulher jovem", "mulher de aspecto jovem" ou "mulher bonita".
São várias as situações em que procuramos uma determinada palavra num dicionário e a encontramos com vários significados, todos diferentes entre si. Por isto, como a eficácia da comunicação depende muito mais dos significados do que simplesmente das palavras, saber escolhê-las e incluí-las na redação adequadamente é muito importante. É preciso ter certeza de que elas estão de acordo com o que o contexto da redação exige. 
O contexto pode ser verbal, situacional ou experimental. Numa redação, é sempre verbal por estar expresso verbalmente (por escrito), mas pode ser ao mesmo tempo situacional (quando relata algo de acordo com uma determinada situação) ou experimental (quando se relata na redação uma experiência pessoal, um fato ocorrido com o próprio autor do texto). Palavras fora do contexto nada significam, ficam sem sentido, e prejudicam muito o sentido de toda a redação. 
No próximo artigo, serão abordados o "sentido figurado" e a "linguagem figurada". Também voltarei a me referir às metáforas com mais detalhes. Enfatizarei os tipos de metáforas frequentemente mais usados numa redação. 


Referências: 

  • "Novo Manual de Português", de Celso Pedro Luft (Editora Globo)
  • "Mini-Dicionário Aurélio Buarque de Holanda" (Editora Século XXI)