terça-feira, 24 de julho de 2018

Concursos Públicos e Outros Processos Seletivos

A maioria
quer garantia 

de estabilidade
no emprego.


Sabemos que, no Brasil, há cerca de 14 milhões de pessoas desempregadas. Sabemos também que uma pessoa desempregada não é apenas uma pessoa sem emprego; é uma pessoa que perdeu o emprego que tinha e está tentando uma recolocação no mercado de trabalho. Entretanto, a maioria das pessoas nessa situação não quer apenas um reemprego ou um novo emprego, quer obter uma recolocação com garantia de estabilidade - ou seja, garantia de permanência por longo tempo. Com isto, elas depositam suas esperanças em concursos públicos e processos seletivos. Entretanto, muitas delas desconhecem as diferenças entre concursos públicos e outras formas de seleção para ingresso ou reingresso nesse mercado.
O concurso público é um tipo de processo seletivo que visa o preenchimento de vagas em cargos públicos nos âmbitos municipais, estaduais ou federais. O candidato aprovado por esse processo se tornará um funcionário público municipal, estadual ou federal. A diferença principal é que, num concurso público, deve ser assegurada a igualdade de oportunidades a todos os participantes do processo para concorrer às atribuições oferecidas pela administração pública municipal, estadual ou federal, que identifica, seleciona e classifica os candidatos mais adequados às vagas oferecidas mediante critérios específicos relacionados às funções que eles exercerão como funcionários. 
O que se chama "processo seletivo", não sendo um concurso público, é semelhante ao que ocorre num exame vestibular. No vestibular, o objetivo é avaliar os candidatos mais aptos a ocupar vagas oferecidas para um determinado curso de nível superior numa faculdade ou universidade. O processo seletivo é elaborado pelo departamento de recursos humanos de organizações privadas para escolher os candidatos com melhores conhecimentos e capacidades relacionados ao desempenho de tarefas específicas para as funções que terão que exercer como funcionários. É um processo de decisão baseada em fontes confiáveis, no qual os talentos e as competências são fatores mais relevantes do que apenas os conhecimentos, mas este também é considerado muito importante.
Num concurso público, o prazo legal para a contratação do candidato aprovado é de até dois anos a partir da data da confirmação de sua aprovação, podendo ocorrer uma prorrogação por mais dois anos. Essa previsão tem que estar bem definida no edital do concurso, que é um documento que deve ser integralmente lido e bem compreendido pelo candidato antes de decidir sobre sua participação nas provas. Estas podem ser realizadas em uma ou duas etapas (um ou dois dias, geralmente um sábado e um domingo).
Alguns concursos são realizados para o preenchimento de vagas em cargos que não são efetivos nem permanentes. São casos em que o objetivo é atender a necessidades temporárias de interesse público em situações excepcionais. Esse tipo de concurso é chamado "processo seletivo simplificado". Não tem a mesma objetividade dos demais concursos públicos e a contratação do aprovado tem duração de até quatro anos.
Uma das formas mais comuns de processo seletivo realizadas por empresas é a avaliação do currículo ("curriculum vitae"). Esses documentos ajudam o setor de recursos humanos a analisar adequadamente os perfis dos interessados em obter um emprego. É um procedimento chamado "triagem", no qual são examinados principalmente o histórico escolar e o histórico de empregos anteriores do candidato. O currículo é um documento que causa a "primeira impressão". Por isto é muito importante que ele seja elaborado segundo determinadas regras (veja-as aqui).
Caso o currículo tenha despertado o interesse dos analisadores, isto ainda não será suficiente para garantir o emprego. Provavelmente a próxima etapa será uma entrevista. Esta será feita pro um profissional de recursos humanos da empresa ou por um profissional de uma organização especializada em seleção e recrutamento, contratada pela empresa para esta finalidade. Depois disto, poderá ainda ocorrer uma nova entrevista, desta vez feita pelo próprio empregador ou seu representante na empresa. 

terça-feira, 17 de julho de 2018

"Na atual conjuntura..."

Afinal,
o que é
"conjuntura"?


No Brasil, quando o assunto é política ou economia ou algum tipo de problema social, costumamos dizer: "Na atual conjuntura...". Isto faz muita gente pensar que "conjuntura" é um período, um determinado tempo em que ocorre uma situação. tal interpretação é um equívoco.
Percebe-se facilmente que "conjuntura" é algo que tem relação com "conjunto", "conjunção" e "conjuntivo". "Conjunto" é um agrupamento de coisas num mesmo espaço ou de fatos que ocorrem ao mesmo tempo. "Conjunção" é o ato de estabelecer uma relação entre essas coisas ou esses fatos. "Conjuntivo" (feminino: "conjuntiva") é algo que tenha alguma relação com outra coisa. Em termos gramaticais, por exemplo, "conjuntivo" e qualquer elemento que relaciona duas ou mais coisas, duas ou mais pessoas, duas ou mais orações, etc. Em "Pedro e Paulo", "e" é o elemento conjuntivo. Veja o exemplo abaixo:

- Eu disse.
- Eu disse que ele chegaria cedo.

Nos dois exemplos acima, eu informei que eu disse algo. Porém, quem diz, diz alguma coisa. Faltava o complemento, o qual coloquei na frase seguinte, na qual a palavra "que" funciona como elemento conjuntivo, estabelecendo uma relação entre "eu disse" e o que eu disse: "ele chegaria cedo". 
Isto significa que "conjuntura" é a combinação de frases, informações, situações diferentes mas com mesmas causas ou consequências, fatos que ocorrem ao mesmo tempo, num mesmo determinado período, etc. Para simplificar a explicação, podemos dizer que uma conjuntura é uma combinação de coisas que determinam algo. Esse "algo" pode ser, por exemplo, a situação econômica ou política de uma cidade, um estado ou um país em um determinado período ou momento. "Conjuntura atual" ou "atual conjuntura" é o conjunto de fatos que se relacionam entre si enquanto ocorrem numa mesma região no momento atual. 

terça-feira, 10 de julho de 2018

Diferenças e Relações entre "Militante" e "Militar"

Militantes políticos
geralmente falam contra militares
mas exercem atividades militares.

Geralmente os militantes políticos, principalmente os que defendem partidos esquerdistas, se referem à palavra "militar" posicionando-se contra tudo que ela representa se for em relação às forças armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). Porém, o fato das palavras terem o mesmo prefixo ("milit") já comprova que seus significados não são exatamente os mesmos mas são relacionados entre si. Ou seja, os militantes podem ser civis, mas suas atividades são ou podem ser consideradas militares.
Esse ponto de vista tem por base o que os dicionários revelam quanto aos significados dos substantivos "militante" e "militar" (que são comuns de dois gêneros: masculino e feminino) e do verbo "militar". O mais indicado dos dicionários de Língua Portuguesa no Brasil, o de Aurélio Buarque de Holanda, revela que "militante" é alguém que defende veementemente uma causa, um combatente ou alguém que exerce qualquer tipo de atividade militar. O mesmo dicionário também informa que "militares" são também os integrantes das Forças Armadas, guerreiros, combatentes (em conflitos armados ou não).
O verbo "militar" se diferencia em seus significados e condições de acordo com cada situação: é transitivo quando significa "servir às Forças Armadas" e quando significa "prevalecer" ou "preponderar". É transitivo e intrasitivo quando significa "combater", "lutar" ou "participar de uma campanha". É também transitivo quando significa "estar filiado a um partido político ou defendê-lo". 

quinta-feira, 5 de julho de 2018

"Sessão", "Seção" e "Cessão"

A troca 
de "sessão" por "seção"
é um dos erros 
mais frequentes.


Essas palavras fazem parte do grupo das homófonas heterográficas (palavras com mesma pronúncia, mas escritas de formas diferentes). Você já deve ter cometido erros escrevendo, por exemplo, "seção de cinema" ou "sessão de uma loja". Há também pessoas que escrevem "cessão" nos dois casos. Os erros gráficos cometidos por causa de palavas com mesma pronúncia são muito mais frequentes do que muita gente imagina, mas podem e devem ser evitados. 

Observe os empregos corretos dessas palavras nos exemplos abaixo:
- Sessão de cinema;
- Sessão na Assembleia Legislativa;
- Sessão no Senado;
- Seção de uma empresa;
- Seção de uma loja;
- Cessão dada por um juiz;
- Cessão dada pelo presidente da República.

"Sessão" é um período de tempo em que algo acontece. No caso de uma sessão de de cinema, é a duração da exibição de um filme no cinema. Nas assembleias legislativas, câmaras municipais, na Câmara Federal e no Senado, uma sessão é a duração de uma reunião de parlamentares (vereadores, deputados estaduais ou federais e senadores) para tomar decisões políticas. 
"Seção" tem o mesmo significado de "setor" ou "departamento" quando se trata da seção de uma loja, de uma empresa, etc. Nos supermercados, por exemplo, há as seções de biscoitos, de laticínios, de pescados, de produtos de limpeza, etc. Ou seja: uma seção é cada uma das partes de um todo. Pode ser também, portanto, um pedaço de qualquer coisa.
"Cessão" tem, em determinadas situações, o significado de consentimento ou permissão. Exemplo: "O governador cedeu uma entrevista coletiva." Esta frase significa que o governador permitiu que os jornalistas o entrevistassem.  Em outras situações, é o ato de ceder. Exemplo: "Depois dela ter insistido tanto, eu acabei cedendo como ela queria." 

sexta-feira, 22 de junho de 2018

O Significado de "Impugnação"

"Impugnar"
não é apenas
"opor-se" ou "impedir". 


Sempre que se aproximam datas de eleições no Brasil são lembradas algumas palavras que são mais usadas nessas ocasiões. Algumas delas são "impugnação" e "impugnar". Em alguns dicionários, constam como significados de "impugnação" palavras como "oposição", "impedimento", etc. Nos períodos pré-eleitorais, é uma palavra muito usada quando se trata de um plano para tentar impedir a candidatura de alguém. 
No âmbito jurídico, a impugnação é um ato de contestação, de oposição, de refutação baseada em argumentos considerados suficientes para impedir a realização de algo. Esse "algo" pode ser, por exemplo, a candidatura de alguém num processo eleitoral ou sua posse após a eleição. Não somente em termos políticos, exprime todo ato de repulsa com o objetivo de anular ou desfazer alegações ou pretensões de quem queira que o ato impugnado seja concretizado.
Há também impugnações em casos relacionados à vara de família. "Vara" é uma jurisdição que corresponde a um tribunal ou a um desdobramento de um tribunal. "Jurisdição" é a condição que o Poder Judiciário detém para aplicar leis a casos concretos para solucionar conflitos. Numa vara de família são julgados os direitos de membros de uma família. Se um direito dado a um determinado membro estiver em condição irregular ou ilegal, cabe a um juíz responsável pelo caso decidir por sua impugnação.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

A Importância das Palavras Digitadas Corretamente

A grafia correta
elimina dúvidas
quanto ao que
está sendo dito
na mensagem. 


"Dizer" e "falar" são duas coisas diferentes. "Falar" é emitir uma mensagem usando a voz. "Dizer" é transmitir a mensagem claramente através da fala ou da escrita. Nem sempre o que uma pessoa fala ou escreve é claramente entendido por quem ouve ou lê, mas quando alguém enfatiza que o que a pessoa "disse", está informando que foi o que entendeu quanto ao que foi falado ou escrito. É por isto que existe a expressão popular "falou e disse", que significa que o que a pessoa falou foi facilmente entendido. 
É por isto que é um erro dizer que a Bíblia fala por metáforas. A Bíblia é um livro, e livros não falam. Porém, quando se diz que Deus fala por meio da Bíblia, o emprego do verbo falar funciona como uma metáfora baseada na crença de que o que está dito na Bíblia fosse é uma manifestação por escrito do que Deus falou. De qualquer forma, para que não haja problemas de compreensão do texto, será sempre melhor evitar metáforas numa redação. Algumas se tornam excelentes recursos, mas é preciso saber usá-las de acordo com o que o contexto exige. 
Embora seja necessário manter o hábito de escrever (sobre isto, leia aqui), as atividades necessárias no mundo atual exigem que nos adaptemos à necessidade da digitação de textos. Sem sombra de dúvida, atualmente os melhores meios de nos mantermos em comunicação principalmente com pessoas que estão distantes são as chamadas "redes sociais" na Internet. Entretanto, embora a Internet seja algo do mundo moderno, é preciso saber que as redes sociais existem desde antes de Cristo. Para saber o que é uma rede social, recomendo que leia aqui
A utilização cada vez mais popular das redes sociais online - especialmente a do Facebook, que desde 2004 vem sendo a mais usada no mundo - trouxe o que está sendo visto como "uma nova forma de escrita": o "internetês", uma forma de comunicação que precisa ser usada com moderação para não se tornar um hábito prejudicial. Agravando a situação, o que se percebe como um erro que vem sendo cada vez mais cometido por usuários dessas redes sociais no Brasil não é relacionado a essas abreviações irregulares, mas à ortografia. As pessoas que praticam tais erros parecem não perceber o quanto ele é grave.
"Ortografia incorreta" é algo que não existe. "Ortografia correta" é uma redundância. "Ortografia" é uma palavra de origem grega, em que "ortho" significa "correto" e "graphos" significa "grafia"). Portanto, só ocorre uma ortografia quando a grafia é correta.  Porém, quando usamos a expressão "ortograficamente correta", é uma redundância proposital que tem a função de evidenciar a necessidade da grafia correta. O importante é observar que o objetivo da ortografia não é apenas fazer a pessoa mostrar que sabe escrever ou digitar as palavras corretamente. É muito mais do que isto. É fazer com que a mensagem seja clara, não permita dúvidas para quem a lê. Uma coisa que vem ocorrendo muito nas redes sociais online não é apenas o erro nas palavras digitadas, mas a troca de uma palavra ou expressão por outra com significado. É o caso, por exemplo, quando alguém digita "agente" ao invés de "a gente". 
"A gente" significa "nós" - e, neste caso, é importante observar que a palavra mais adequada é "nós", embora "a gente" seja uma forma válida como expressão popular. "agente" é uma palavra que significa uma pessoa com uma missão a ser cumprida, qualquer coisa que seja causadora de outra coisa, um inseto transmissor de um vírus, qualquer coisa que transmita outra coisa, etc. Quando você troca uma palavra digitada ou escrita corretamente por outra que tenha outro significado, podem ocorrer vários motivos que façam com que a mensagem gere vários entendimentos diferentes daquele que você quer que seja. Não foi o leitor quem entendeu errado, foi a pessoa que digitou a mensagem que o induziu a isto.
O mesmo corre quando uma mulher, querendo demonstrar agradecimento, digita "obrigado". Ela deve digitar "obrigada". "Obrigado" é uma palavra que só deve ser usada se a pessoa que agradece for alguém do sexo (ou "gênero") masculino. Para entender a razão disto, leia aqui
Mesmo o internetês é uma forma de "linguagem" digitada para acelerar a comunicação. Porém, quando alguém está fazendo uma postagem ou um comentário numa rede social, não parece estar com motivos para ter tanta pressa assim na digitação. Portanto, digitar as palavras corretamente é a melhor opção para preservar o hábito de escrever corretamente, o que será necessário em muitas ocasiões na vida. 

terça-feira, 19 de junho de 2018

A expressão "hino nacional brasileiro" está correta?

Bandeiras nacionais de vários países.
Sim,
pois nem tudo que é nacional
é brasileiro.

Em tempos de Copa Mundial de Futebol, quando é executado o hino do Brasil na abertura de uma partida entre a seleção brasileira e a de outro país, os narradores informam pela televisão que está sendo executado o "Hino Nacional Brasileiro". Quando isto acontece, há sempre alguém que demonstra uma dúvida: É correto dizer "Hino Nacional Brasileiro?".
Sim, pode-se dizer "hino nacional brasileiro" ou "hino nacional do Brasil". A dúvida quanto a isto revela que a pessoa não conhece o significado da palavra "nacional". "Nacional" é qualquer coisa relacionada a uma nação, seja esta qual for. Portanto, pode-se dizer "hino nacional do Brasil", "hino nacional da França", "bandeira nacional do Brasil", "bandeira nacional do Japão", etc. 
"Brasileiro" é tudo que é relativo ao Brasil. "Nacional" é tudo que se relaciona a uma nação, seja esta qual for. É preciso saber que há diferenças entre "nação" e "país". Um país é uma região geográfica constituída por um Estado soberano. "Estado", neste caso, significa "governo", e "Estado soberano" é simplesmente um Estado politicamente organizado. "Nação" é uma comunidade constituída por um conjunto de pessoas, com base num território, num idioma (no caso da nação brasileira, o português), mantendo mesmos costumes, mesmas tradições, etc. 
Entretanto, o elemento dominante que evidencia o sentido de "nação" é a união entre seus indivíduos na convicção de objetivos coletivos. Isto é o que se chama "consciência de nacionalidade". Por isto, uma grande nação como a brasileira é constituída por outras nações menores, que são as que ocupam as unidades federativas (UF), que são os estados como o Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas, etc. Vêm daí expressões como "nação capixaba", que é pouco usada até mesmo no Espírito Santo, mas existe e é correta.