quinta-feira, 1 de março de 2018

O Ato Falho

Repórteres de telejornais
estão entre os profissionais
que mais cometem atos falhos.
Um erro
que ocorre muito

em redações.

Com muita frequência, percebemos atos falhos cometidos durante reportagens nos telenoticiários. Com frequência ainda maior, eles ocorrem nos jornais impressos e online. São também muito comuns nas redes sociais online.
"Atos falhos" são cometidos também por professores durante as aulas, por palestrantes, etc. Eu, com certeza, já cometi vários, e você também. Também chamado parapráxis ou lapso freudiano, trata-se de um erro numa ação, na fala, na memória ou na escrita supostamente causado pelo inconsciente. Sigmund Frëud, o "Pai da Psicanálise", foi um dos grandes estudiosos do fenômeno. 
Um ato falho muito comum: quando você chama uma pessoa pelo nome de outra. Entretanto, outros tipos de atos falhos podem causar grandes problemas. Numa reportagem ou numa redação, por exemplo, podem causar danos ao processo de comunicação, pois equivocadamente podem ser inseridas palavras que modificam todo o sentido da mensagem numa frase. 
O fenômeno foi descrito pela primeira vez por Frëud em seu livro, "A Psicologia da Vida Cotidiana", publicado em 1901. Ele disse que nossos desejos inconscientes são realizados através de nossos atos falhos. Os psicanalistas atuais dizem que os principais motivos dos atos falhos podem ser falta de atenção, dificuldade de interpretação de textos e problemas auditivos. Entre outras causas apontadas, estão o cansaço e a sensação de surpresa causada por acontecimentos inesperados. 

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O Significado de "Facebook"

O nome
da rede social
aguça a curiosidade
das pessoas.
Isto é muito bom.


Quando as pessoas fazem perguntas tão simples como estas, isto é um ótimo sinal: demonstram que gostam de aprender, e isto é sempre muito importante na vida. Muita gente tem perguntado qual é o significado da palavra "facebook". Evidentemente, a pergunta tem forte influência da rede social online mais usada no mundo, o Facebook. 
A rede social existe desde 2004, mas a palavra é bem mais antiga. Surgiu da junção entre duas outras palavras da língua inglesa: "face" ("rosto") e "book" ("livro"). Literalmente significa "livro de rostos", mas tal expressão não é muito usada por nós. O que mais se aproxima do que seria um "livro de rostos" talvez seja o que costumamos chamar de "álbum de fotografias". Aliás, foi exatamente com esse significado que o nome da rede social foi sugerido. 
Dizem que quando Mark Zuckerberg e seus colegas decidiram iniciar o Facebook, a ideia era apenas para que a rede fosse usada por colegas estudantes da Universidade de Harvard, expondo fotografias como se fosse um "álbum de fotografias virtual". Por outro lado, "facebook" é também o nome que se dá, nos Estados Unidos, ao que literalmente se chama "livro de rostos", mas que na verdade é um diretório oferecido a estudantes universitários para que estes se comuniquem e se confraternizem entre si com mais facilidade. 

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O que é uma Convenção Coletiva de Trabalho?

É mais conhecida
como "Convenção Coletiva"
mas o nome correto

é "Convenção Coletiva de Trabalho".


Em muitas redações sobre sobre relações de trabalho, encontra-se a sigla "CCT". Ela substitui a expressão "Convenção Coletiva", forma popularmente mais usada para se referir à Convenção Coletiva de Trabalho. Trata-se de um ato jurídico para estabelecer regras nas relações de trabalho. A importância do estabelecimento de limites nessas relações está na necessidade de separação entre as competências da Justiça do Trabalho e as da Justiça Comum. 
Um ato jurídico é uma manifestação jurídica através da qual surgem condições legais para criação, modificação ou extinção de relações jurídicas e de direitos das partes envolvidas nas negociações. A convenção coletiva de trabalho determina que tanto as obrigações como os direitos estabelecidos nela sejam respeitados durante um determinado prazo de vigência. Deve-se ressaltar que suas cláusulas não podem ser contraditórias em relação às legislações municipais, estaduais e federais. Entretanto, às vezes essas cláusulas criam para os empregados condições mais favoráveis do que as leis.
A convenção coletiva não deve ser confundida com a negociação coletiva. A convenção coletiva de trabalho resulta da negociação coletiva de trabalho, que se realiza através de comissões escolhidas entre as partes envolvidas. Essa escolha ocorre em assembleias com poder de negociação em nome das categorias que elas representam. O primeiro passo é dado geralmente pelos sindicatos que representam as categorias profissionais dos funcionários, quando essas entidades enviam a lista de reivindicações ao sindicato que representa os empresários. Tudo que se refere à relação de trabalho pode e deve ser inserido na CCT dentro dos limites permitidos pelas leis. 

Termos Técnicos em Inglês nas Redações Brasileiras

Você 
não terá que usá-los
sempre
mas 
terá que entendê-los.



Talvez você não veja com bons olhos a intromissão dos termos técnicos em inglês, que estão sendo cada vez mais utilizados em redações especificamente relacionadas a determinadas profissões no Brasil. Se você atua ou pretende atuar numa dessas profissões, lembre-se: você não terá que usar esses termos em suas redações se preferir usar suas respectivas traduções em português, mas terá que se familiarizar com elas porque as encontrará em muitos textos que você terá que ler.
Antes de entrar diretamente no assunto, eu prefiro lembrar a vocês que "técnico" é uma palavra geralmente interpretada como relativa a tudo que envolve tecnologia. Isto é um erro. "Técnico" é tudo que envolve a técnica, ou seja, que significa qualquer procedimento ou conjunto de procedimentos para conseguir um resultado desejado. As palavras "técnico" e "técnica" se aplicam principalmente às atividades artísticas, profissionais e científicas, mas tem como significado qualquer modo de conseguir algo.
O frequente uso de termos (técnicos ou não) em inglês no Brasil está se popularizando principalmente através das postagens e dos comentários de usuários de redes sociais da Internet. Esse fenômeno é conhecido como "estrangeirismo". Mesmo fora do "mundo virtual", as palavras de origens francesa, italiana e principalmente inglesa são cada vez mais evidentes na comunicação oral, escrita, em conversações informais, formais e profissionais.
No âmbito empresarial, uma das palavras em inglês mais usada atualmente é "coaching", cujo significado você encontra aqui. No entanto, quando digo que é melhor usarmos as palavras correspondentes a elas em português quando soubermos quais são, é importante lembrar que nem todas as palavras e expressões em nosso idioma as traduzem com total fidelidade. Além disto, muitos termos em inglês já são tão ou mais usados do que seus equivalentes em português. Além de "coaching" e "coach", são muito usados "feedback" (resposta, reação, informação dada como resposta a uma informação recebida), "joint venture" (associação de empresas para atuar em regime de parceria ou consórcio), "holding" (empresa que possui ações de outras empresas), etc.
Como se percebe no parágrafo acima, algumas palavras e expressões em inglês têm certa utilidade porque reduzem a necessidade do uso de muitas palavras em português, como nos casos de "holding" e "joint venture". Isto facilita a produção de uma redação menos extensa. Entretanto, é necessário o cuidado de verificar o contexto em que elas são usadas, observando suas melhores correspondentes em português para o mesmo. Para obter garantia de sucesso na vida profissional, siga este conselho: se você ainda não domina a língua inglesa, aprenda a dominá-la, pois seu sucesso profissional dependerá muito disto. Porém, não faça esses cursos oferecidos via Internet. Só se aprende de fato um idioma estrangeiro através de aulas presenciais e em cursos com mais de um ano de duração. 

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Os Usos Corretos de "Para Mim" e "Para Eu"

Basta lembrar
que "mim"
não pode ser
o sujeito da oração.


Mesmo os grandes mestres da Língua Portuguesa às vezes cometem pequenos erros gramaticais, e o excessivo uso da linguagem popular muitas vezes nos faz esquecer certas regras simples mas necessárias no uso da linguagem coloquial. Por isto, em muitas redações cujo texto deveria ser formal, encontramos expressões inadequadas como "para mim fazer", "para mim ter", etc.
Este artigo é bem curto porque a explicação sobre o tema não precisa ser muito detalhada. Basta lembrar que "mim" é um pronome pessoal oblíquo e, por isto, não pode ser usado como o sujeito de uma oração. A explicação por meio de exemplos torna o entendimento mais fácil. Então, eis alguns exemplos.

Errado:
Isto era para mim fazer.
Isto era para eu fazer.

Correto:
Isto era para que eu fizesse.


Errado
Pensei que isto fosse para eu.

Correto:
Pensei que isto fosse para mim.


Errado:
Para eu, tudo estava claro.

Correto:
Para mim, tudo estava claro.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Privatização e Desestatização

Alunos perguntam:
"Qual é a diferença
entre 'privatização'
e 'desestatização'?

As duas palavras são diferentes e estão corretas, mas o significado é o mesmo. "Privatizar" ou "desestatizar" é fazer com que uma empresa ou um serviço prestado pelo Estado passe a ser administrado por organizações do setor privado. "Estado", neste caso, não é uma unidade federativa como o Espírito Santo, Minas Gerais, etc. "Estado" o governo propriamente dito, seja este federal, estadual ou municipal. Quando a palavra "estado" se refere a uma unidade federativa, a grafia correta é com letra inicial ("e") minúscula. "Setor privado" é todo o conjunto de atividades comerciais, prestações de serviços, etc., exercido por organizações particulares e sem a participação de órgãos governamentais. Quando tais atividades são exercidas por governos, são atividades do setor público, podendo este ser federal, estadual ou municipal.
A privatização também se chama desestatização exatamente porque quando uma empresa ou atividade estatal (do governo) é privatizada, deixa de ser administrada pelo Estado. No Brasil as privatizações ocorrem por meio de leilões públicos, que são negociações entre órgãos públicos e empresas particulares ou privadas. Nesse processo, a venda e a compra baseadas pela oferta se dão de maneira simples e geralmente rápida. O leiloeiro (pessoa que promove ou prepara os leilões e realiza a venda) neste caso é um agente público, sendo por isto às vezes chamado "leiloeiro público". É oferecido um lance mínimo e, se houver mais de uma empresa ou organização interessada na compre, a venda é efetuada à que oferecer o maior lance (maior valor como pagamento).
No Brasil, o processo de desestatização costuma tornar o Estado um sócio minoritário porque, na maioria dos casos, a negociação envolve empresas de capital aberto. Essas empresas são sociedades anônimas, cujo capital social é formado por ações, e sem necessidade de escrituração pública de propriedade por parte da pessoa responsável pela compra. "Capital social" é o conjunto de normas que promovem confiança entre as partes envolvidas. "Sociedade anônima" é uma forma jurídica de constituição de empresas cujo capital social se divide em ações que podem ser comercializadas livremente. 


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Os Significados de "Fomento"

É preciso cuidado
ao empregar a palavra
com sentido figurado.

Certamente você já ouviu falar na palavra "fomento" ou já a viu em notícias nos jornais impressos ou online. Certamente também você já deve ter notado que ela é empregada principalmente quando o tema é relacionado a economia e finanças. É importante que você conheça seu significado e os de suas variáveis para que você entenda o que essas notícias revelam e para usá-las corretamente em redações. O fomento é um recurso que a administração pública usa para incentivar as iniciativas privadas a se condicionarem à utilidade pública
"Administração pública" é o poder de administração do Estado (governo municipal, estadual ou federal). "Iniciativa privada" é o conjunto que envolve atividades e organizações (empresas particulares, instituições não governamentais, etc.) constituídas sem a participação do setor público. "Setor público" é a parte governamental que controla a produção, a entrega e a distribuição de serviços do governo, para o governo e para os cidadãos.
"Utilidade pública" é qualquer atividade que vise atender às necessidades da população. Tais atividades são realizadas por associações ou organizações destinadas a prestar serviços à sociedade, denominadas "entidades de utilidade pública" - fundações, institutos, organizações não governamentais (ONGs), etc. No Brasil, no âmbito federal, até 2016 eram consideradas de utilidade pública todas as sociedades civis, associações e fundações que receberam o título "Entidade de Utilidade Pública" solicitado por elas mesmas com base numa lei federal de 1935. 
Ao mencionar as "variáveis" de "fomento", quis me referir ao fomento mercantil e às variações dos significados da própria palavra em sentidos figurados. O fomento mercantil, também conhecido como fomento comercial (em inglês, factoring), é uma atividade financeira através da qual uma empresa vende seus direitos que seriam pagos a prazo. Essa venda é feita através de títulos a uma terceira entidade que compra esses direitos com pagamento à vista e com desconto. 
Em sentido figurado, "fomento" pode simplesmente significar incentivo, promoção, impulso, estímulo, etc. Há também o verbo fomentar, que tem os mesmos significados dos verbos facilitarincrementarpossibilitarfavorecer, etc. Mas lembre-se: cada um desses significados dependerá de como as palavras "fomento" e "fomentar" serão inseridas no contexto e do contexto em que serão inseridas. É por isto que sempre digo que é necessário ter muito cuidado com o uso de sentidos figurados nas redações.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O Significado de "Aldeia Global"

A expressão "Global Village"
foi usada pela primeira vez
em 1962.


Em algumas redações feitas por estudantes, percebe-se que muitos deles pensam que a expressão "Aldeia Global" foi criada pela Rede Globo de Televisão. Na verdade ela é a tradução em português para "Global Village", a expressão em inglês que se popularizou no mundo após ter sido usada pela primeira vez em 1962 pelo filósofo canadense Herbert Marshall McLuhan. Apesar da expressão e de seu conceito terem surgido no início da década de 1960, a Globalização Econômica Mundial - ou simplesmente "Globalização" - e a Internet têm muito a ver com ela. 
A Globalização é um processo de integração econômica mundial originada através da abertura do comércio internacional, buscando a redução de custos e o aumento da produtividade na fabricação de mercadorias. Apesar da expressão "Globalização Econômica Mundial" passar a ser mais utilizada a partir do final do século passado (anos 1990), pode-se dizer que os eventos históricos que deram início a ela ocorreram no século XIV, quando as nações europeias intensificaram as atividades comerciais intercontinentais através das navegações marítimas. Existem dois fatores fundamentais para sua consolidação: A queda de barreiras alfandegárias entre os países e o avanço da tecnologia, particularmente no campo da informação. Com isto, ganham um constante aperfeiçoamento as áreas de computação, televisão, radiodifusão, telefonia e principalmente a Internet. 
Até bem pouco tempo, a Internet era apenas um sistema que formava uma rede mundial de computadores. Atualmente ela permite que as pessoas, estando em praticamente qualquer lugar no mundo, se comuniquem entre si através de uma rede mundial que interliga computadores, telefones celulares, etc. Isto certamente provoca mudanças significativas no processo produtivo e na forma como se fazem investimentos mundiais.
Tais mudanças trazem a necessidade de uma constante reorganização no mercado de trabalho. As empresas cortam custos; conseqüentemente, reduzem vagas. A oferta de empregos diminui muito nos setores industriais e aumenta, mas pouco, nos setores de serviços. Portanto, o mais grave problema no mercado de trabalho é o desemprego. Calcula-se que o número de pessoas desempregadas no mundo seja superior a 300 milhões. Mais de 40 por cento procuram emprego por mais de um ano, e um número bastante significativo ingressa em atividades “informais”.
Tudo isto intensifica o significado de "Aldeia Global", que se refere ao fato de que as novas tecnologias eletrônicas surgidas a partir de 1960 tendem a aproximar mais as pessoas, os povos, as nações, sem a necessidade de encurtar distâncias geográficas. "Aldeia" é uma palavra usada para significar um povoado cujos habitantes se conhecem bem e sem mantêm unidos pelas mesmas necessidades, com os mesmos objetivos, etc. "Global" é tudo que se refere ao mundo (o que chamamos de "mundo" é o planeta Terra, que tem a forma de um globo) e, ao mesmo tempo, é uma palavra que significa o conjunto de tudo que interessa aos habitantes deste mundo. Portanto, "Aldeia Global" é a esperança de um mundo em que, de certa forma, todos os povos se mantenham interligados.
Isto pode parecer coisa de ficção científica, mas aos poucos está se realizando. O mapa de estatísticas e a figura do nosso planeta, que vocês podem ver na seção "Leitores do Redafácil no Mundo", nesta mesma página, comprovam isto. Eles indicam os locais onde estão as pessoas que acessam o Redafácil neste momento no Brasil e em vários outros países. Também a seção "Live Traffic Feed" ("Alimentação de Tráfego ao Vivo") mostra a cidade ou as cidades com os maiores números de leitores que estão acessando o Redafácil enquanto você lê este artigo. Isto é o que se chama um princípio do conceito de Aldeia Global: pessoas que, estando em quaisquer lugares do planeta, se unem de alguma forma - neste caso, pela Internet - e por um interesse e comum, que é o de ler um blog sobre "dicas" para redações. "Alimentação", neste caso, significa o abastecimento de informações estatísticas sobre os acessos ao blog.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Dificuldade em Redação Pode ser Sinal de Dislexia

Um problema
para o qual
o sistema de ensino 
e a sociedade em geral
não estão preparados.

O aluno tem dificuldade em aprender certas disciplinas? Costuma trocar as posições das letras em algumas palavras? Não tem disposição necessária para estudar? Saiba, antes de achar que ele é preguiçoso, não gosta de estudar, que ele pode ser portador de um problema que não é considerado uma doença, mas é muito sério: a dislexia. Não pense que um disléxico é uma pessoa "anormal"; pelo contrário, a maioria dos que têm esse problema é de pessoas muito inteligentes e que costumam ser bem sucedidas na vida - desde que tenham a felicidade de serem atendidas desde cedo por um sistema de aprendizagem adequado para elas. Walt Disney e Albert Einstein, por exemplo, eram disléxicos. 
É difícil detectar a dislexia numa pessoa. Seu grau de inteligência é normal, assim como a maioria de seus hábitos e o comportamento em geral. Por isto, desde seu nascimento até a velhice o problema geralmente não é percebido pela própria família, na escola ou no ambiente de trabalho. Porém, estudos mais recentes e aprofundados revelam alguns sinais que podem estar relacionados ao problema. Os mais evidentes são revelados nas redações: ortografia incorreta, dificuldade em expor argumentos e outros que aparentemente são relacionados também à precariedade no sistema de ensino, o que dificulta ainda mais a detecção do problema.
Entretanto, essa detecção se torna mais fácil se, além dos sinais acima citados, forem percebidos outros: dificuldade em pronunciar palavras corretamente, dificuldade em leitura rápida, em pronunciar corretamente palavras lidas em voz alta e principalmente em compreender o que lê. Na escola, essa dificuldade em entender o que lê se chama "dificuldade em interpretação de texto", um dos problemas que mais causam reprovações no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) todo ano. 
Pelas pesquisas que fiz para produzir reportagens sobre o assunto e pelo que já ouvi muitos especialistas (psicólogos) dizerem, aprendi que as pessoas com esses problemas costumam desejar ansiosamente aprender o que precisam aprender, e essa ansiosidade atrapalha ainda mais. Por serem pessoas aparentemente normais em todos os aspectos, são incompreendidas até pelos próprios familiares, que desde a infância as consideram "preguiçosas". 
Os cientistas acreditam que a dislexia pode ser causada por fatores genéticos (hereditariedade) e ambientais (influência do meio em que a pessoa vive). Na maioria dos casos registrados o problema é familiar. O distúrbio pode ocorrer tanto desde o nascimento quanto a partir de qualquer momento na vida em razão de algum trauma físico ou emocional. Os mecanismos subjacentes envolvem problemas como o do aprendizado de alguns aspectos da linguagem, e por isto as redações são excelentes meios de detecção de sinais do problema. Elas revelam deficiência de atenção quanto ao tema tratado (*), excesso de incorreção na ortografia, excesso de repetição de uma mesma palavra (**), erros ou dúvidas quanto à pontuação correta, entre outros. Ao ler sua própria redação em voz alta, o disléxico às vezes demonstra dificuldades na dicção, "tropeça" em muitas palavras - fato que também ocorre quando ele lê o trecho de um livro, uma reportagem ou qualquer outro texto.
Esses sinais possibilitam a detecção do problema em casa. Se você é pai ou mãe, peça a seu filho ou à sua filha para fazer uma redação em casa. Pode ser sobre o que ele ou ela quiser escrever, um texto com apenas dois ou três parágrafos. Em seguida, leia o texto e verifique se é possível compreender bem o que ele quis dizer. Verifique erros ortográficos e outros detalhes fáceis de serem percebidos. Em caso de dúvida, procure o apoio de um psicólogo. Para saber mais sobre o problema, leia a respeito no site da Associação Brasileira de Dislexia (ABD). Através dele, você saberá inclusive alguns detalhes sobre como pode ser feito o tratamento, se necessário. 

(*) Foi oficialmente informado que um dos principais motivos que causaram reprovação nas redações no Enem em 2017 foi o fato de que a maioria dos seus autores "fugiu ao tema".
(**) O disléxico conhece várias palavras com mesmo significado mas nem sempre se lembra de substituir uma palavra por outra.  

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A Diferença entre a Criatividade e o Potencial Criativo nas Redações

São fatores fundamentais
que precisam ser demonstrados
em qualquer tipo de redação.


Vocês já devem estar bem familiarizados com conselhos como o de serem criativos no redação. Uma coisa é diferente da outra, mas revelar criatividade é também revelar o seu potencial criativo, e a redação feita em qualquer ocasião (numa prova ou em qualquer outro momento da vida) é sempre uma grande oportunidade para isto. Na redação você expõe suas ideias e opiniões e tem que argumentá-las, e a forma como você as argumenta depende de sua criatividade e de seu potencial relativo a ela. Para ajudar vocês a desenvolver isto de uma maneira mais fácil, permitam-me ajudá-los a entender a diferença entre as duas coisas.
Se você está lendo este blog, você usa a Internet. Suponho, portanto, que, como a maioria dos internautas, você esteja familiarizado com algumas expressões comuns na "linguagem" da informática. "Memória RAM", por exemplo. "RAM" é a sigla para a expressão inglesa "Random Access Memory" ("Memória de Acesso Aleatório"). É um tipo de memória em sistemas eletrônicos que permite o armazenamento de informações arquivadas. Em termos mais simples: é um registro de memória computadorizada. Pode-se dizer que a criatividade é a "memória RAM" dos seres humanos. Num contexto social, ela se desenvolve naturalmente, mas é importante observar os efeitos desse desenvolvimento, que fazem com que o indivíduo se torne capaz de inventar, criar, construir, destruir e reconstruir de outra forma. É a isto que se chama "capacidade criativa" ou "potencial criativo". 
Em outros artigos publicados no Redafácil, está dito que uma redação não deve ter um texto muito extenso nem curto demais, que o texto deve ser coeso, conciso, etc. São regras, mas a forma como esses regras são aplicadas no texto provém da criatividade do autor. A melhor forma de aprimorar a capacidade de produzir um texto criativo é esta: tornar a prática da leitura um hábito. Isto não significa que vocês devam ter o mesmo estilo dos autores dos livros, artigos, etc., que vocês lerão. Significa que vocês precisam observar os diferentes estilos de texto que poderão ajudá-los a desenvolver melhor os seus próprios estilos. Lembre-se: se alguém escreve, escreve para quem lerá seu texto. Portanto, o autor do texto tem que focar sua atenção muito mais para a forma como quem o lerá poderá interpretá-lo do que como ele mesmo interpretaria. É fácil verificar isto: em casa, escreva um texto qualquer e peça a alguém para lê-lo e dizer o que entendeu. Também, vocês podem escrever seus textos e, depois, lê-los - isto é, colocar-se no lugar de quem os lerá.
Se vocês são estudantes, não esperem que seus professores peçam para vocês fazerem redações. Façam-nas em casa, pelo menos de vez em quando, vocês mesmos e, depois, peçam para seus professores avaliá-las. Eles não precisam ser professores de Língua Portuguesa. Façam suas redações sobre quaisquer das disciplinas para que os professores das disciplinas escolhidas as leiam e lhes revelem como eles as interpretaram. Evidentemente, em qualquer dos casos, é importante que os professores de Língua Portuguesa avaliem as condições ortográficas e gramaticais. O mais importante é que, nessas redações, vocês exercitarão suas criatividades e seus potenciais criativos - fatores fundamentais para o sucesso em qualquer atividade profissional futuramente. 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O Objetivo e a Objetividade

Nas relações de trabalho,
é claro que uma palavra
em lugar da outra
gera problemas.

Nas redações em relações de trabalho, e até mesmo em palestras, conferências, etc., é comum percebermos o uso da palavra "objetivo" na tentativa de expressar "objetividade" e vice-versa. Isto com certeza causa dificuldades em algumas relações de trabalho porque conduz a equívocos de interpretação. São casos em que a interpretação equivocada não é causada pela dificuldade da pessoa que recebe a mensagem interpretá-la corretamente, mas pela dificuldade do emissor da mesma mensagem redigi-la corretamente. 
"Objetivo" é aquilo que se pretende conseguir. É a concretização de algo planejado. É o resultado a ser obtido ou já conseguido conforme o que era desejado. É importante destacar que há o objetivo geral e o específico. O objetivo geral constitui a ação do plano que destaca menção ao objeto de forma mais direta. "Objeto", neste caso, significa o objetivo propriamente dito, mas o objetivo específico é uma parte do objetivo geral. 
Para que isto seja entendido de modo mais fácil, deve-se dizer que o o objetivo específico resulta de um desdobramento do objetivo geral. Para definir um objetivo específico, é preciso detalhar o objetivo geral tanto quanto for possível, destacando as informações mais importantes para ele ser conseguido. Há situações em que o plano precisa ser elaborado de forma inversa, unindo os objetivos específicos já indicados para se chegar ao objetivo geral.
A objetividade é a forma pela qual se dá ou se pretende realizar uma representação fiel do objetivo. Por isto, a objetividade depende mais do objetivo do que o objetivo depende dela. É por isto que se diz que qualquer tipo de redação precisa ter uma objetividade bem clara: é uma forma de dizer que o texto precisa estar bem claro para obter o objetivo, que é a interpretação correta por parte de quem o lerá. 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Sete Erros Gramaticais Muito Frequentes nas Redes Sociais

São erros
que parecem não ser demais,
mas precisam
ser evitados.

Muita gente pensa que o fato de cometer erros gramaticais ao digitar em comentários ou fazer postagens numa rede social online não causa problemas. Há os que vão ainda mais longe: digitam termos chulos e palavrões. Mesmo abreviados, ainda são termos de baixo calão e devem ser evitados. Isto pode causar mais problemas do que as pessoas possam imaginar. 
Seu perfil numa rede social é como se fosse o seu cartão de visitas online. Mesmo quando você se relaciona com pessoas que você saiba quem são ou as conhece pessoalmente. "Deslizes" como esse se espalham sem você saber. Mesmo entre aquelas pessoas que lhe dizem que não veem mal nisto, há as que comentam contra você em mensagens particulares. De qualquer forma, cumprirmos nossas obrigações como pessoas educadas é algo que temos que fazer em todo momento, via Internet ou em qualquer outra situação.
Quanto aos erros gramaticais, muitos deles se relacionam com o "internetês". Isto está se tornando um hábito tão grave que seus usuários estão usando esse tipo de linguagem também fora da Internet. Mesmo nas redes sociais, o uso de palavras erradas como "mais" ao invés de "mas"; "o óculos" (a forma correta é "os óculos"), etc., causam péssima impressão. Algumas expressões erradas na Internet são postadas como forma de humor, mas esses erros se fixam de tal forma nas mentes das pessoas que elas esquecem as formas corretas e passam a usar as erradas cotidianamente. Alguns professores dizem que "a Internet não tem comprometimento com a gramática". A Internet não tem, mas seus usuários precisam ter. O corretor automático não corrige tudo. Os computadores e os celulares não possuem capacidade de raciocínio linguístico. Logo, é preciso que os usuários conheçam as regras.
Seguem abaixo os erros mais frequentes nas redes sociais:

1 - Nada haver - forma correta: Nada a ver.
A expressão é usada para se dizer que uma coisa não tem relação com outra. O verbo "haver" tem sentido de "existir"; portanto, não há razão para usá-lo nesta expressão, cujo significado é uma relação ou comparação entre duas coisas.

2 - Há alguns anos atrás - forma correta: Há alguns anos. 
Não há necessidade da palavra "atrás", pois "há", forma do verbo "haver", já indica que há um tempo decorrido. 

3 - A cinco anos atrás... - forma correta: Há cinco anos. 

4 - O lugar aonde eu moro - forma correta: o lugar onde eu moro.
"onde" indica um lugar. "Aonde" indica direção.
Exemplos:
"Aonde você irá amanhã?"
"Irei aonde quer que você vá."

5 - Mulheres digitam "obrigado" ao agradecer. A forma correta é "obrigada".
Quando eu digo "obrigado" ou "muito obrigado", estou dizendo com apenas uma palavra que eu me sinto obrigado a agradecer por algo.  Quando uma mulher agradece, ela deve dizer obrigada ou muito obrigada, pois está dizendo resumidamente que se sente obrigada a agradecer.


6 - Irá fazer - forma correta: fará.
Não há necessidade do uso de dois verbos. Basta usar somente o verbo principal indicando a ação futura.

7 - agradeço à vocês (ou à você) - forma correta: agradeço a vocês (ou a você).
A crase sobre o a ("à") representa o encontro entre dois "a". Um deles é uma preposição e o outro é o artigo definido feminino. Exemplos corretos:
"Vou à cidade"
"Viajarei à tarde"
"Irei à igreja"

Não se usa a crase quando o "a" for seguido por um substantivo masculino.




"Bem-Estar" ou "Bem Estar"?

Desde 2012,
algumas dúvidas 
quanto ao uso do hífen
ainda persistem.


Algumas pessoas perguntam se a forma de escrever corretamente é "bem-estar" ou "bem estar". A escrita correta é com o hífen: bem-estar. Trata-se de um substantivo composto (formado por duas palavras) que se refere a um estado de boa disposição, satisfação, prazer, comodidade, boa saúde, conforto, etc. Exemplos:

Qualidade de vida:
- O governo tem que promover o bem-estar da população.

Estado de quem se sente bem:
- Isto me dá uma sensação de bem-estar.

Bem-estar é uma composição formada por justaposição. Essa justaposição é a junção de mais de uma palavra (neste caso, são duas) que causa a formação de uma nova palavra. Nestes casos, quando ocorre um substantivo composto em que as duas (ou mais) palavras, cada palavra que o compõe mantém sua autonomia, sua grafia e seu significado não se modificam. O mesmo caso ocorre em substantivos compostos como guarda-chuva, pinga-fogo, ponta-de-lança, abaixo-assinado, papel-moeda, etc.
Quando as pessoas fazem perguntas como esta, o que se percebe é a dúvida quanto ao uso correto do hífen. No Brasil, a partir de 2012, isto não se tornou apenas uma questão do que é correto ou incorreto, mas uma necessidade de obediência às novas regras convencionadas através de um acordo sobre mudanças na ortografia. O acordo entrou em vigor em janeiro de 2009, mas houve uma tolerância de prazo para as pessoas se adaptarem às novas regras até 2012. No que se refere a "bem-estar", trata-se da junção de duas palavras para formar uma, mas há situações em que o hífen tem que ser evitado quando a palavra "bem" precede a palavra "estar". Exemplos:

- Faz-me bem estar aqui.
- Isto pode muito bem estar acontecendo.

Estes são casos em que as duas palavras permanecem separadas porque as duas não formam uma outra palavra. Trata-se apenas de um advérbio (bem) imediatamente seguido por um verbo (estar).